"Tartarugas até lá Embaixo"

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— Quem era aquele cara? — Questionou Bailey, ainda enraivecido.

Estávamos em frente a minha casa, finalmente, eram quase seis da manhã, depois da confusão na festa, e uma passagem rápida na farmácia para passar um remédio em seu punho, ele pilotou pela cidade até chegarmos a minha casa.

— Um idiota que não sai da minha vida. — Reclamei.

Olhando para Bailey, vi seu olhar sobre mim, ele ainda não havia aceitado que eu estava bem.

—Não precisa se preocupar. Estou ótima, você deveria ir pra casa, foi uma noite longa. — Tentei ser mais plausível, levando em consideração que ele havia cuidado de mim.

Bailey se mostrava cada vez mais uma pessoa incrível, porém, esse se tornava mais um motivo para  lhe querer longe. As pessoas são como manhãs ensolaradas, quando a noite chega, não importa o quanto o dia foi claro e alegre, sempre volta a ser escuridão.

— Tenho que trabalhar, e hoje é aniversário do meu pai, eu e uns amigos vamos pro bar dele.

— Seu pai tem um bar? — Bailey trazia surpresas a todo momento.

— Deveria aparecer. — Ele estava encostado na moto, olhando atentamente  pra mim.

Suspirei, negando.

— Hoje foi legal, mas acho que essa brincadeira já deu não é? — Esperei que ele confirmasse, depois do que aconteceu.

— Eu nunca disse que estava brincando, você deveria ir. O ano novo é apenas amanhã, temos um trato lembra? — Sorri de canto. — Mas não vou te pressionar, se não quer ir tudo bem.

Fiquei encarando seus olhos por tortuosos minutos, Bailey pareceu aceitar minha falta de resposta como um não, ele apertou os lábios chateado, antes de subir na moto.

— Onde fica o tal bar? — Ele abriu um sorriso de canto a canto.

— Se rendeu ao meu charme?

— Você nem é tudo isso...— Dei de ombros.

*

— Joseph a matou de forma cruel, apenas para prazer, ela era uma criança, e isso é de completo repúdio. — Eu gravava no estúdio, eram quase nove da noite, e Nour já batia desesperadamente no vidro para não nos atrasarmos para nossa saída.

Noah não veio trabalhar, o que me trouxe uma felicidade  compreensível.

Fechei a cara quando a mesma disse que iria sem mim. Eu geralmente gravava adiantado para ter mais tempo livre, mas após acumular durante alguns dias, estava complicado.

Abri a porta irritada.

— Você é muito apressada.

— Você quem é muito lenta, é minha primeira saída com o pessoal do trabalho. — Ela mexia constantemente em sua roupa. — Não ouse estragar isso pra mim, okay? Não é porque está saindo com meu chefe, que e vou...

— Não estávamos "saindo". — Indaguei, ainda cansada da noite anterior.

— Claro que não. — Rolou os olhos antes de entrar no carro, quando já estávamos em frente ao prédio. — Então, se pegaram ontem?

— Quem vê você tímida e fofinha desse jeito, nem imagina o quão safada você é. — Lhe dei um peteleco.

— É um tanto complicado, você sempre fica com os caras com quem sai, então eu pensei... — Olhei pela janela, enquanto ela dava partida.— Desculpe eu não...

— Tudo bem, quer dirigir agora? — Fui um pouco mais grossa do que eu deveria com ela.

Nour respirou fundo, deixando, em seguida, o caminho silencioso. 

Quando a mesma estacionou, senti um frio de ansiedade na barriga. Pensar em ver Bailey de novo, não deveria me trazer essa sensação, mesmo que tenhamos nos conectado bastante na noite anterior.

Nour caminhou na frente, e logo foi recebida pelos presentes ali, se divertindo como nunca, alguns já estavam um pouco fora de si.

Automaticamente me peguei procurando por Bailey.

Meu coração quase pulou do peito quando uma voz, atrás da minha orelha soou, me causando um arrepio. Recompus minha postura, e lhe olhei.

— Já está chapado Bailey? Ontem não foi suficiente? 

Ele riu, negando. 

— Eu estou mais sóbrio do que gostaria de estar agora.

— Bom... eu não estou disposta a ficar sóbria. — Peguei o copo de sua mão, virando-o.

— Acho que vou ter que pegar outra, e te apresentar aos meus amigos.

Confirmei com a cabeça.

Quando o mesmo sumiu, observei minha irmã conversando com uma garota de cabelos cacheados, quase crespos, e uma de cabelos loiros na altura dos ombros, ela parecia enturmada.

Mordi os lábios tentando lembrar quando foi a última vez que me senti incluída com meus amigos dessa forma.

Peguei meu celular, para verificar as mensagens. Eu soube que foi uma péssima ideia, quando vi a imagem de Noah, com a frase "Quero te ver".

Rolei os olhos, guardando o celular, Bailey chegou perto de mim curioso.

— Você está bem? Parece séria.

— Estou ótima! está todo mundo ótimo! — Gritei irritada, passando pelo mesmo, mas não sem antes pegar novamente sua bebida.

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