"Alguém especial"

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Bailey estava no celular, falando com a secretária, que mais parecia uma amiga de longa data. Me peguei observando seu sorriso ao dizer algo para ela, me perguntei se realmente era apenas  uma amiga.

Lembrei de como Nour descrevia Bailey, como alguém intimidador, complicado e assustador. Entretanto, ele não passava de um cara gentil, ingênuo e mesmo assumindo uma postura séria, me parecia incapaz de ser realmente o homem assustador que tentava ser. 

— Heyoon, eu prometo, você vai estar liberada no dia de ano novo. — Falou rindo. Ele esperou certos segundos antes de desligar.

— Secretária?

— E Amiga. — Respondeu.

— Então, para onde vamos? — Não sei dizer em que momento da noite eu havia me pego pedindo mais da presença de Bailey. O que era estúpido, afinal, se tratava de Bailey o fanático romântico, levando em consideração que ele estava na companhia de uma garota desencanada, que não acredita em nada além de atração física.

Um baita desafio para o mesmo.

— Se isto fosse um livro, o que aconteceria agora? — Me encostei na parede, escondendo minhas mãos por conta do frio.

— Já banquei o maluco, já fomos sinceros um com o outro...— Ele se interrompeu, erguendo um dedo. — Se eu sumir por alguns segundos, você vai continuar aqui?

— Vai ter que tentar para descobrir.

Bailey sorriu, antes de se distanciar, senti que poderia relaxar, sua presença estava me deixando estranhamente nervosa, apesar de conseguir lidar bem, ainda parecia involuntário. Não estava nos meus plano.

Me senti uma insensível quanto a sua mãe. Eu não esperava uma resposta como aquela do mesmo. Eu sabia como era difícil ouvir sobre alguém que nunca mais reencontraria. Diferente de mim, ele foi receoso sobre falar do meu pai, com quem até hoje nunca compreendi se vivia uma relação de amor ou de ódio.

Escutei uma melodia de uma música antiga dos anos noventa, abri minha bolsa, retirando o celular onde a foto de Noah brilhava.

Controlei a vontade de tacar o aparelho no chão.

— O que você quer? — Perguntei na força do ódio.

— Esteve o meu prédio? — Ele já sabia, apenas esperava que eu mentisse.

— Sim, e aquele roteiro está horrível. — Fui sincera, ao mesmo tempo que enojada.

— Não pode mais vir ao meu apartamento, e sabe disso. — Seu tom era irritado. — E você vai seguir a porcaria do roteiro, e fazer um podcast diferente, quer queira, quer não.

— Não sou mais bem-vinda depois que parei de estar a sua disposição? Que escroto Noah, eu aposto que está com uma garota nesse exato momento. — Era perceptível o som de música abafada atrás do mesmo, me fazendo constatar que ele estava em algum quarto de alguma festa. — E o programa é me, eu vou falar até sobre o onze de setembro e não pode fazer nada quanto a isto.

Sua voz se tornou rude e sarcástica de repente: 

— Você é sempre tão confiante, esqueceu que só está onde está por minha causa? — Ele riu, apertei minha mão com força, controlando a raiva. — Conseguiu o primeiro podcast porque consegui isso pra você, e o sucesso? Apenas sorte de precipitante.

— Eu odeio você, Noah!

— Não era o que parecia quando você estava...— Desliguei imediatamente, me sentindo ainda mais idiota que antes, ele sempre arranjava uma forma de transformar as nossas saídas em argumentos, eu sabia também que ter vazado as fotos, era vingança por não ter aceitado dormir com ele outra vez.

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