"Cidades de Papel"

213 43 51
                                    

Coloquei uma mecha teimosa atrás da orelha, eu não estava muito produzida, de verdade? Eu nem sabia se ele viria, porém, por algum motivo resolvi acreditar que sim.

Bailey havia se tornado uma curiosidade, em meio as curtas horas que passamos juntos ontem, no momento era imprevisível saber se ele apareceria, não que eu quisesse que o louco stalker voltasse a me seguir, mas caso um carro caro que compraria a mansão das Kardashians estacionasse em frente ao jardim, lotado com algumas velhas decorações do natal, eu estaria preparada.

Nour, minha irmã, comia alguma comida estranha que ela comprara pela internet ontem.

Nour, era como uma estrelinha tímida, brilhava de maneira quase imperceptível. A garota era esforçada, apaixonada por tudo o que fazia, mas nunca foi muito boa com as pessoas, o que de certa forma atrapalhava a mesma — Tanto no emprego, quanto nos relacionamentos — Mark já tentava um encontro com a mesma a anos, e como o mesmo diria "Desistir é para idiotas."

Não há como criticá-la, ela não está errada.

— Então meu chefe te chamou pra sair, e você está agindo como se fosse sair com o Carlos da segunda série? — Fiz careta ao lembrar do Carlos, sem os dentes da frente, cheio de sardas e óculos fundo de garrafa. Típico namorico infantil.

— Não é como se fosse um encontro de verdade, eu não sei se ele vai aparecer, além disso, se ele vier vai se arrepender de me levar pra sair.

Era simples, Bailey precisava ver que a garota que ele esperava ansiosamente que se apaixonasse pelo mesmo, não era eu. De verdade, eu estava me questionando se ele atualmente tinha algum problema psicológico, não considero muito normal homens de tão alto patamar não estar interessado em uma "foda" de uma noite e sim em um relacionamento.

Ele não era velho, além de muito bonito e cheio da grana. Não deveria ser difícil para o mesmo se divertir, assim como eu geralmente faço. 

Se o asiático não brotasse na minha porta nos próximos dez minutos, eu não iria desperdiçar minha noite.

— Como ele vai saber que mora aqui, se você não deu o endereço? — Sua expressão indiferente de sempre me questionavam. —  Ele não aparecer, será culpa dele.

Ergui meus ombros sem interesse, eu estava prestes a retrucar, quando uma buzina soou, alta. Puxei a cortina, enquanto tinha a visão do homem, em pé, do outro lado do carro, apertando a buzina pela janela abaixada do carro.

Pisquei algumas vezes, ele havia descoberto a casa, e estava aqui. Rolei meus olhos, sabendo que a noite seria longa.

— Seu plano não deu certo. — Nour falou o obvio, se divertindo com minha frustração. 

Lhe mostrei o dedo do meio, antes de descer os degraus da entrada. Assim como na tarde anterior, ele vestia um terno bem alinhado, dessa vez azul, e novamente com um lenço de bolso amarelo. Me perguntei se ele não estava congelando, mesmo com meus casacos, eu sentia um frio que quase chegava aos meus ossos.

— Você me achou de novo, devo me preocupar? — Questionei, em meio ao olhar enjoado que automaticamente me encontrei formulando.

Como se fosse involuntário, Bailey sorriu. Diferente de mim, ele não parecia precisar de esforço para ser paciente, além de estar com o controle de tudo.

— Acredito que eu deva me preocupar mais com você.

— tem medo que eu corte algumas coisas suas fora não é? Mas relaxa, vou ser boazinha. — Provoquei, ele me encarou com certa ironia.

Durante os consecutivos minutos que vieram, sentada no banco do passageiro, eu encarava as luzes e pessoas, hoje ainda mais belo. Minha concentração, entretanto, não era na bela paisagem de prédios, luzes e pessoas.

Amor e Outros ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora