"O Sol Também é Uma Estrela"

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— Esse é seu plano? Me seguir para sempre? — Shivani andava, um pouco mais a frente, eu não conseguia parar de encará-la.

Seus cabelos, aparentemente longos, estavam presos, e ela vestia roupas de corrida, ainda assim, meus olhos não paravam em uma única parte de seu corpo. Eu estava tão despreocupado e desconcentrado, que quase caí quando a mesma se virou ficando de frente a mim.

— Você é insistente.

— Não é do meu feitio desistir fácil. — Ela abriu um sorriso debochado.

Ao mesmo tempo em que Shivani era simplesmente perfeita, ela não era nada do que eu imaginei, não que alguém que  curte rock e assassinatos fossem se encaixar no que eu imaginei.

— Quais fatores levam alguém a se apaixonar? — Questionou enquanto andava.

— Não sei... — Ela riu.

— Achei que fosse o especialista em amor. — Coloquei os braços para trás do corpo. 

— Eu nunca disse isso.

Se eu fosse levar em consideração minha especialidade em ler ficções românticas, eu diria: Conhecer, se aprofundar, e identificação  (algo em comum).

Os romances sempre possuem várias facetas, mas sempre nos levam aos mesmo rumo : Um casal, uma dificuldade, algum dos dois sendo um estúpido.

Sempre me pareceu mais fácil quando eu não estava incluso nas histórias.

— Conexão. — Acredito que essa seria a palavra para ser mais exato e resumir todo um relacionamento amoroso. 

— Conexão? — Seu sarcasmo era certeiro. — Não acho que paixão ou amor se dê apenas nisso.

— Não se dá apenas a isto, é um conjunto, que parte dessa conexão. — Segurei seu braço, sentindo seu o mesmo protegido pela manga cumprida da jaqueta. Seus olhos me olharam surpresos, seu rosto acabou se aproximando bastante do meu, enquanto a garota umedecia os lábios com diversão.

— Acha que vamos encontrar essa conexão? — Deu outro passo para perto. Eu sabia bem o que ela estava fazendo.

Shivani era a típica garota ambiciosa de New York City, acostumada estar no controle, a provocar, e usar todos os artifícios para não ceder.  Por isso, eu tinha uma vantagem, eu sabia como não cair.

— Talvez. — Me afastei passando ao seu lado. — Mas não desse jeito. 

— Aprendeu com seus livros?

— Não exatamente. 

Ela virou a esquina, que quase segui direto, corri para alcançá-la.

— Eu sei de onde já tinha te visto, não era apenas de uma revista. — Ela indagou alto, quase como se tivesse recebido uma revelação divina. — Você é o cara do vídeo, usando vestido. — Bati com a mão em minha testa, é claro que um escanda-lo como aquele não poderia passar batido.

— Isso me dá um ponto a mais com você? — Brinquei, ela deu de ombros.

— Não exatamente. — Respondeu no mesmo tom que minha fala supracitada.

— Onde estamos indo? — Perguntei, ao perceber o quão longe estávamos. — Agora eu acho que você é a assassina.

— Pode respirar em paz, não é você que quero matar. — Ela deu um sorriso sagaz. Quando finalmente parou em frente a um prédio luxuoso.

Sua expressão inicial ao me encontrar algumas ruas atrás, retornou ao seu rosto, deixando o lado descontraído de lado.

Ela andou de encontro a portaria, sem muitas opções eu lhe segui.

Amor e Outros ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora