"Amor a segunda vista"

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Era inexplicável a sensação e o nó em minha garganta, enquanto Bailey se afastava, sua chateação e clima pesado era quase palpável.

A noite anterior havia resultado em um reencontro com Noah, eu me sentia tão furiosa por isso, ele nunca deveria ter aparecido, assim, no meio da noite. Passei a língua sobre os lábios e suspirei.

Lembrei que Noah estava bêbado, e não hesitou em forçar um beijo, que depois de tudo, nãome permiti aprofundar. Lhe dar o tapa que ele merecia a meses foi um alívio, mas o fato do mesmo não ter ido embora me deixou inquieta. Ter o beijado pouco mais de uma hora depois do meu beijo com Bailey me fez sentir culpada — Algo que não costuma acontecer.— Me senti traindo a confiança de seu pai, e me vi caindo na real de que eu não era aquela garota da outra noite.

A garota que Bailey fantasiou, não existia. Por mais odioso que tenha sido o beijo com Noah, ele me trouxe de volta.

Foi por isso que em determinado momento, eu controlei minhas emoções e não lhe contei nada.

— Eu sabia que não dariam certo, você não se apega a ninguém. — A voz de Noah me causou uma raiva interna.

— Eu não me apego a você, porque é um escroto idiota. — Uni minhas forças para lhe empurrar para fora, o que eu deveria ter feito desde ontem, e não tive forças.

— Como é que é?

— Eu odeio você Noah, sinto pena do fato de que precisa tanto que alguém esteja nas suas mãos para ser feliz.

— Eu não preciso de você, pra ser feliz.

— Mas precisa do dinheiro que eu consigo, da fama que eu faço com a minha voz, e do meu corpo que você nunca mais terá na sua cama. — Me forcei a fechar a porta, mas ele me impediu confuso.

— Se é assim, por que não o impediu de ir embora?

— Porque eu sou uma bagunça, e isso não vai mudar mesmo que ele seja a melhor pessoa que eu já conheci, muito diferente de você. — Ele se afastou, não esperava aquela resposta. — Pode relaxar, mesmo depois de hoje, eu vou trabalhar naquela merda de podcast ao vivo, se é isso que te assusta...

Bati a porta, eu sabia o quanto era horrível se apegar alguém, por isso é mais fácil ir embora no outro dia, ignorar as falácias do meu pai sobre amor e os conselhos invasivos da minha mãe.

Balancei a cabeça para os lados, encarando o papel dourado da festa dessa noite, a qual eu iria com Diarra.

Ao lado, um caderno com os números de telefone me chamava a atenção. Digitei alguns números, não eram os de Bailey, mas eram alguma coisa.

O quinto toque a fez atender, escutei a voz da minha mãe, um tanto baixo como se chorasse.

Alô? — Pisquei algumas vezes. — Alô?

Mãe? — Percebi sua voz falhar, sempre brigávamos desde a morte do meu pai, mas conversar sobre família com Bailey me abriu os olhos para o que ele perdeu eu ainda tinha. — Podemos conversar?

*

— Foi um ano difícil e de bastante aprendizado, agradeço a todos que nos acompanharam. — Melanie, que aparecia como convidada as vezes, falava, enquanto eu encarava o nada.

A culpa sobre o que aconteceu hoje mexeu comigo, e mesmo faltando duas horas para o tão esperado "feliz ano novo" eu não tinha qualquer resquício de empolgação.

Senti meu braço ser tocado pelos dedos da garota que me olhou por longos segundos.

"É sua vez" indagou com o microfone desligado.

Encarei Noah, o mesmo bebericava algo, enquanto esperava que eu falasse aquele texto ridículo, que agora não parecia mais tão horrível.

Bailey havia me dito coisas que realmente me fez pensar sobre tudo.

— Bom... — Eu deveria falar sobre o que desejo para este novo ano, ou sobre os amores que preenchem suas vidas como nunca. Senti o suor sobre minha testa.— Na verdade...

Melanie me olhou confusa, assim, como Noah. Eles queriam que eu seguisse o roteiro, coisa que eu não faria.

— Sempre fui muito crédula em relação a romance e positividade. Até uns dias atrás. Não que eu acredite em amor a primeira vista, ou em que o ano novo vai trazer tudo de bom em um estalar de dedos.

Lembrei da conversa com a minha mãe.

"Como pode acreditar nisso?"

"Nada surge do nada, é um conjunto, que nos leva a um resultado, seja bom ou ruim."

— O ano só será novo se você for diferente, e você não precisa do amor, mas você cultivá-lo. Eu achava tão idiota pensar que duas pessoas poderiam alimentar um sentimento tão idiota e que talvez nem existisse...— De repente me interrompi, achei melhor, olhei para os lados e lembrei que com certeza, essa pessoa me ouvia. — Não dá pra fazer alguém se apaixonar por você em três dias. — Pensei um pouco antes de continuar. — Mas pode a cativar tano a ponto dela se importar com você o suficiente para voltar... Bailey May, eu gosto de você. E isso é uma merda, mas eu gosto.

Encarei o relógio, eu precisava chegar ao centro o mais rápido possível.

Eu precisava falar com Bailey, após a conversa com minha mãe.

"Ou você deixa passar e segue em frente, na mesma melancolia, ou você cresce e se permite amar, como seu pai fazia..."

***

Voltei! Feliz ano novo, e eu tenho algumas coisas pra falar com vocês em breve.

Amor e Outros ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora