Manhãs em dias úteis são bastante agradáveis, embora muitos discordem, principalmente se você está em uma boa companhia.
O que hoje não é o caso.
Ninguém quer estar no jardim apenas de cueca, virando atração principal da vizinhança, ouvindo xingamentos de uma garota a qual nem lembra o nome.
— Espero que queime no inferno durante toda a eternidade. — Sua frase me fizera recordar de sua fala na noite anterior, sobre ser filha de católicos fervorosos.
Ignorei este fato, enquanto fingia não ver o vizinho saindo com o cachorro.
— Por Deus Claire, pode devolver ao menos minha calça? — Lhe escutei grunhir irritada, colocando suas mãos, as quais eu lembrava serem macias, sobre as janelas.
— É Chloe! — Gritou antes de bater a partes de madeira antiga, vulgo, a janela. Se seus gritos não acordaram os vizinhos do fim da rua, sua agressividade contra os pequenos itens de madeira haviam o feito.
— Okay, Chloe, mas e minha calça? — Gritei de volta, não recebendo resposta.
Me virei lentamente, com as mãos em frente ao corpo — encobrindo as partes mais visíveis do mesmo — não que eu tivesse algo para me envergonhar, mas Josh não ficaria nada feliz em me ver nas manchetes da maior revista de fofocas, pela segunda vez na mesma semana.
Ao que conseguia ver, haviam poucas pessoas: Um homem, com seu cachorro, que fingiu ter parado para respirar apenas para acompanhar a situação embaraçosa.
Uma mulher alta que observava tudo da janela, e fechou as cortinas quando teve oportunidade.
Alguns jovens boquiabertos, enquanto esperavam o ônibus.
Agradeci mentalmente por pelo menos ter vestido o item mais importante das minhas roupas, seria muito pior se eu ainda estivesse totalmente nu. Não que já não tenha acontecido isso comigo.
Um garoto gordinho de cerca de dez anos tinha, em sua mão direita, um celular onde me filmava, e na mão esquerda um sorvete. Me perguntei o que uma criança fazia ali, naquele horário especifico.
— Pode parar! — Reclamei, seus olhos me olharam com irritação, porém, guardou o celular e se dirigiu a sua casa, ainda decorada pelo natal recente, fez menção de entrar mas não sem antes mostrar a língua e o dedo do meio. — Menino mal! Já está na lista negra do Papai Noel.
— O Natal já passou seu idiota! e Papai Noel não existe. — Rolou os olhos antes de entrar.
Que tipo de criança não acredita em Papai Noel?
Respirei fundo buscando todo o ar para lidar com essa situação, me virei encontrando um par de olhos azuis por trás dos óculos de lente, de uma senhora com bochechas avermelhadas. Ela sorriu docemente, me esticando um tecido.
*
Forcei meus olhos a não se desviarem das portas giratórias, ignorando os olhares de todos até minha entrada no prédio. Não sem antes de ser parado no caminho para pegar um jornal, o que eu fazia diariamente, Hina, a garota das rosas e jornais, demorou a me reconhecer sem o terno e gravata.
Aquela não era a manhã que eu havia planejado, parecia um complô do universo contra mim, para acabar com minha animação diária.
Infelizmente para ele, nada é capaz de acabar com meu humor.
— Bom dia, Nour. — Pisquei para a mais nova estagiária, que deu um sorriso nervoso, respondendo algo que parecia um "Bom dia".
Caminhei até o elevador com um sorriso de canto, cliquei impacientemente no botão para chamar o elevador. Quando ele chegou, uma visão de homens engravatados e morenas altas, encorpadas, tomaram minha frente.
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Amor e Outros Clichês
Fiksi PenggemarBailey, o maior empresário de Nova York, está cansado dos relacionamentos conturbados e das garotas malucas que invadem sua vida. Decidido a consquistar a garota de seus sonhos até o ano novo, ele traça metas e planos. Só há alguns problemas: Ele te...