Meus tênis brancos estavam confortavelmente encaixados em meus pés enquanto eu corria pelo parque extremamente frio.
Eu estava pensando na conversa com a minha mãe.
Esse é o problema do mundo, as pessoas acham que possuem o mínimo direito de opinar na vida dos demais: Quem namorar, quem não namorar, no que trabalhar, como se vestir.
Era para ser uma quarta-feira comum, o que significa trabalhar, receber uma ligação da minha mãe, e depois questionar minha existência, nada anormal.
O que tornava as coisas interessantes, hoje, era o auge de audiência dos podcasts, embora minha euforia quanto a isto tenha se dissipado no momento em que minha mãe me chamou de uma irresponsável egoísta que não se importa com a família.
As vezes tenho a impressão de que minha vida é como um roteiro a ser seguido diariamente, com um plot twist semanal, como na semana passada, quando Noah vazou um nude meu, mas para minha felicidade, todos reconhecem meu nome, não o meu corpo.
Não foi difícil sumir com as fotos, embora de certa forma, isso tenha ferido meu ego.
Quase passei direto pela cafeteria, estando presa em minha própria cabeça. Voltei alguns passos, observando a placa desenhada com giz, indicando os preços da doces, suspirei, negando a mim mesma. Eu não me entupiria de disso hoje, mas eu tinha direito a um café.
Entrei pelas portas automáticas, que se abriram pra mim, encarei a loja, ela estava fantástica após a reforma, as paredes coloridas ganharam tons neutros e as mesas estavam bem alinhadas, além da divisória do balcão e um quadro do Van Gogh na parede, tirando o padrão sério do lugar.
— Bom dia, Diarra. — Sorri para a garota séria atrás do balcão, ela me encarou controlando os nervos, batendo suas unhas contra o balcão. — Dia ruim?
— Péssimo! A sociedade é uma merda, sabe o último comentário que recebi na minha foto? "Volte pro seu país", eu odeio esse lugar. — Me encostei na parede branca, juntando minhas mãos ao corpo, é difícil saber o que dizer nesse tipo de situação.— Mas isso não vai me abater. — recobrou a postura. — Eu sou maravilhosa e não me escondo atrás de uma foto do Bob Esponja.
Gargalhei, de certa forma eu invejava sua auto confiança instável. Ela tinha uma pele retinta perfeita, e tranças brancas ao longo de seu cabelo, naquele momento eu estava de cabelo presos e top de corrida, com uma jaqueta para me proteger do frio, com certeza nada atraente.
— Um café, por favor. — Ela confirmou com a cabeça, se virando.
— Então, qual seus planos pro ano novo? — Indagava de costas, suspirei.
Sinceramente, eu não estava exatamente pensando nisso. O ano novo pra mim se tornara algo repetitivo, ir a uma festa com minhas amigas, conhecer um cara bonito. Beijá-lo e antes de me dar conta estar na sua cama, depois de algumas horas ir embora e nunca reencontrá-lo outra vez.
Não que isso me importasse, de qualquer forma, mas dessa vez, eu queria ao menos não sair com um idiota qualquer. A maior dádiva da minha vida, foi não me importar com sentimentos, me considero abençoada por seguir minha vida sem me prender a ninguém, embora as vezes pareça solitário.
Esse ano foi a minha chance de crescer, esta festa, deveria ser para comemorar.
— Algumas bebidas fortes e música eletrônica? — Ela se virou, com o copo na mão e um sorriso de canto a canto.
— Times Square e depois casa da Sofya, está afim? — Assenti em concordância. — Maravilha!
Obriguei meus pés a andarem em direção a saída.
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Amor e Outros Clichês
FanfictionBailey, o maior empresário de Nova York, está cansado dos relacionamentos conturbados e das garotas malucas que invadem sua vida. Decidido a consquistar a garota de seus sonhos até o ano novo, ele traça metas e planos. Só há alguns problemas: Ele te...