Red

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Epílogo

   Bakugou estava limpando o balcão, preparando-se para o turno da noite na boate. Tinha chegado mais cedo para ajudar a descarregar as bebidas novas e ele estava ansioso para começar a praticar alguns drinks que tinha aprendido com as marcas que entregaram.

   Decidiu começar a praticar um dos drinks assim que terminou a limpeza, já que não teria tempo para testar o que queria depois do seu expediente, quando saísse, de madrugada. O pai tinha combinado de ir buscá-lo daquela vez, já que ele estaria voltando de um congresso durante a noite e estaria acordado quando Katsuki saísse do trabalho.

   Seu pai.

   Depois daquela tarde, quase quatro meses antes, quando ele tinha ido até a casa de sua família e reencontrado seu pai, muitas coisas tinham mudado. Durante horas, os dois apenas conversaram. Bakugou escutou as desculpas mais sinceras que já ouviu em toda a sua vida. O pai tinha imediatamente se arrependido por não ter feito nada sobre a expulsão de Katsuki de casa, e confessava que ele nem via motivos para a maneira como a esposa reagiu ao descobrir que o filho era gay.

   Masaru Bakugou não se importava que Katsuki fosse gay, se aceitar isso significasse tê-lo de volta em sua presença. E ele aceitou.

   Ainda disse que, durante os últimos dias da doença que levou a mãe de Bakugou embora, ela tinha murmurado o nome do filho durante a noite algumas vezes.

   —Ela te amava — o pai garantiu durante a conversa — Só acho que Mitsuki não sabia como amar quem você é de verdade, quando parou de ser apenas quem ela queria que fosse.

   Fazia sentido e, depois de tudo, aquilo era o suficiente para Bakugou. Algumas coisas não têm conserto, ele passou a repetir para si mesmo. No meio de seus palavrões e mau temperamento, aquele era quase como seu novo mantra.

   Tinha voltado a morar com o pai, e as coisas estavam evoluindo bem. Talvez, Masaru não pudesse mais fazer o papel paterno como antes, mas ainda podia ser uma boa companhia para o filho. Eles não se falavam o tempo todo em casa, ainda aprendendo como conviver um com o outro novamente, mas as interações que tinham diariamente ajudavam a dar ideias de um futuro melhor. A relação entre eles era saudável e Masaru até mesmo se esforçava para compreender as coisas novas que descobria sobre Bakugou. Isso incluía ir buscá-lo na boate algumas vezes por mês, ou opinar nos testes de bebida que o filho fazia. Algumas vezes, os dois riam juntos. Era mais do que Katsuki esperava receber ao voltar para sua casa.

   Seu amigo, Izuku, tinha vibrado com a notícia de que Bakugou voltaria a morar com o pai, mas também ligava todos os dias — mesmo que se vissem no trabalho — para conferir se estava tudo bem. Katsuki sempre o xingava e mandava-o procurar algo para fazer. Izuku sempre ligava de volta no dia seguinte. Aquela era a natureza de seu amigo, imaginava. Não demonstrava, mas sentia-se grato pela amizade que tinham.

   A única coisa que faltava ser colocada em ordem era sua própria cabeça. Bakugou tinha parado de responder aos flertes dos clientes, parado de sair com todos os malditos pretendentes que Izuku e o dono da boate, Shoto, arrumavam para ele. Não aguentava mais inventar xingamentos sempre que os dois apareciam com um rapaz diferente para ir em um encontro surpresa com Katsuki. Nenhum dos amigos sabia sobre Eijirou.

   Achava que seria sobre isso que os dois vieram falar quando se apressaram para o balcão de bebidas no fim do dia. Por isso, Bakugou os ignorou por um tempo, sem paciência para mais um dos encontros surpresas. Já estava planejando como espantaria o novo pretendente no momento em que Shoto o chamou mais uma vez.

AdrenalinaWhere stories live. Discover now