No regrets

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   Foi Kirishima quem acordou cedo naquela manhã. Por mais incrível que parecesse, ele tinha dormido bem. Isso provavelmente era culpa da energia de Bakugou, que fez questão de encerrar a última noite dos dois no hotel da forma mais prazerosa possível. E se Bakugou estava disposto a olhar para frente e aproveitar o resto da viagem, Eijirou faria exatamente isso. Nada de arrependimentos.

   Ele saiu do hotel e comprou algumas coisas no mercado em que tinha ido com Katsuki nos primeiros dias da viagem. Então, foi para a loja alugar a moto que os levaria até a praia. De noite, eles pegariam o avião até o Japão. Mas, por enquanto, tinham horas para aproveitar.

   Quando voltou, Bakugou já estava desperto e com as malas fechadas.

   —Achei que tinha fugido para a puta que pariu — o comentário fez Kirishima sorrir. Era bom ver Katsuki de volta ao humor típico —Vejo que não tive essa sorte. Tsc.

   —Bom dia, Bakugou! — Kirishima quase gritou, empolgado — Venha, fica quietinho e me segue — pegou a mão alheia e o guiou para fora do quarto, sem dar abertura para protestos. Foi xingado por todo o caminho do quarto até a moto, mas o sorriso ainda estava em seu rosto.

   Entregou o capacete para Bakugou.

   —Que porra é essa? — Katsuki perguntou, vendo Kirishima o levando para algum lugar.

   —É um capacete, Bakugou. Venha, sobe aí — pediu, enquanto dava partida na moto.

   Apesar dos resmungos, Katsuki se segurou firme, abraçando Kirishima pela cintura, e os dois fizeram o caminho para a parte mais isolada da praia.

   Kirishima sugeriu que Bakugou dirigisse um pouco quando estavam em uma parte afastada do caminho. Foi um longo processo até que Katsuki pegasse o jeito novamente e conseguisse os guiar na direção da praia, quase os derrubando mais vezes do que gostaria de admitir. Eijirou não ousou apontar esses detalhes, temendo ser enterrado de ponta cabeça na areia.

   Estacionaram na encosta de uma das colinas e Kirishima imediatamente correu para o mar, jogando a camisa no chão, em algum lugar perto da moto.

   —Eu vou precisar fazer um convite formal para o senhor trazer essa bunda para cá? — Eijirou gritou, fazendo Bakugou revirar os olhos e lhe mostrar o dedo do meio. Mas conseguiu o que queria.

   Dentro de um minuto, Katsuki estava se aproximando da água. A primeira coisa que fez quando os pés alcançaram o mar foi chutar água no corpo de Kirishima.

   —Eu não sei se quero te beijar ou te afogar neste momento — Bakugou disse, diminuindo mais a distância entre eles.

   —Posso escolher? — Kirishima arriscou, dando alguns passos para trás enquanto ria.

   —Vá se foder, Kirishima — Bakugou soltou uma baixa gargalhada e o puxou com força o suficiente para derrubar os dois na areia, onde uma onda logo quebrou, encharcando-os.

   Os xingamentos de Katsuki, que tentava se levantar, eram abafados pela risada escandalosa de Eijirou, o que quase o fez engasgar com a água do mar quando mais uma onda aterrissou sobre ambos. Demorou algum tempo para que conseguissem se recuperar da queda e dos caldos de água que tomaram em sequência. Também demorou para perceberem como o clima tinha instantaneamente ficado melhor entre eles. Talvez fosse um indicativo de que tudo tinha um jeito. Bastava dar tempo ao tempo, e eles sairiam vivos da tempestade de coisas ruins que atingia a vida de qualquer pessoa normal.

   Não saíram tão cedo do mar, onde ficaram perdidos entre beijos e engolir água salgada por acidente. Quando pararam na areia, Kirishima foi pegar a comida que comprou no mercado e os dois sentaram-se, observando a praia. Era linda. O mar da Tanzânia era calmo e de um intenso ciano, com algas apenas nas encostas das colinas. A areia era mais grossa que a que estavam acostumados, mas não deixava de ser uma bela visão.

AdrenalinaWhere stories live. Discover now