Little Love

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   Era difícil se concentrar em outra coisa que não a imagem da tatuagem de Bakugou em sua mente. Kirishima tinha esse impulso em falar sobre a tatuagem, descobrir sobre ela, acostumar-se com ela. Queria vê-la de novo. Por que, de repente, isso tinha se tornado uma questão tão grande para si? Não tinha ideia.

   Naquela manhã, depois de tomarem café e refazerem o safári até a entrada da cidade, os dois ficaram muito mais confortáveis na presença um do outro. Talvez fosse culpa do sexo, ou da quantidade de dias que passaram junto, mas as coisas estavam fluindo como água corrente entre Katsuki e Eijirou. Kirishima veio na viagem de volta com a cabeça deitada no ombro alheio e Bakugou dividiu o fone com ele. Embalados pelas músicas da playlist dos anos 80, era fácil acreditar que a viagem duraria para sempre.

   Já na cidade, os dois não descansaram muito tempo. Queriam caminhar juntos, aproveitar o tempo livre, enquanto os celulares carregavam no hotel — tinham acampado, então não lhes restava nada de bateria para o passeio da tarde. Portanto, eles deixaram as malas no hotel e começaram a ziguezaguear nas calçadas, até não enxergarem mais a hospedagem.

   —Não ligou mais para o amigo que mora com você desde que chegou? — Kirishima perguntou, lembrando-se dos poucos detalhes que sabia sobre a vida de Bakugou.

   —Sou eu quem moro com ele e a mãe dele, não o contrário. E não, não liguei. Acho que vou ter que passar mais 10 dias repetindo cada segundo da minha viagem para ele, então é melhor poupar a conversa para quando eu voltar, já que ele vai perguntar até a cor da cueca que eu estava usando diariamente — respondeu — Izuku queria que eu viesse, de certa forma. Ele queria que eu me sentisse melhor e ficou preocupado comigo quando eu disse que sumiria um tempo. Mas, no dia seguinte, quando expliquei que faria a viagem, ele achou que seria bom.

   —Você... sumiu por um tempo? — o questionamento de Kirishima era genuíno. O pouco que ele sabia da vida de Katsuki antes da viagem lhe intrigava. Ele morava com um amigo, trabalhava em uma boate com o dito cujo e mais um colega; agora também sabia que Bakugou tinha sumido um tempo da vista alheia.

   —Sim. Eu não... não estava bem na semana anterior à viagem. Na verdade, comprei a última vaga do Adrenalina Tour. Foi de última hora. Tive somente uma semana para me preparar. Acho que foi melhor assim, eu não queria pensar muito sobre isso — concluiu a explicação, mantendo uma voz calma, o que não era do seu feitio — Pedi licença do trabalho por alguns dias e aqui estou.

   —E seu chefe te deu licença para vir até a África por alguns dias? Cara incrível, muito másculo da parte dele — comentou Eijirou.

   —Não foi a viagem o meu motivo para tirar a licença.

   —E o que foi?

   Bakugou não respondeu, mas Kirishima viu a maneira desconfortável como ele engoliu a saliva. Katsuki virou o rosto e apontou para uma loja qualquer, dizendo que iria até ela.

   Eijirou tentou notar se tinha feito ou dito algo errado. Imaginava que não. Mas sabia que os fantasmas de Bakugou o acompanhavam sempre e que, às vezes, conversar com Kirishima despertava eles. E era isso que Eijirou queria entender; o que falava ou fazia que deixava Bakugou tão desconfortável? Era culpa das menções à mãe dele, com quem Katsuki não tinha uma boa relação? Se fosse isso, Kirishima sabia que, ao revelar seu plano de reconciliação naquela tarde, conseguiria melhorar as coisas.

   Sabia que daria certo. Era um bom plano. Qualquer mãe gostaria da oportunidade de fazer uma viagem com o filho de novo e as fotos de Kirishima instigariam isso. E ela veria que Katsuki a usou de inspiração para os lugares que visitou. Era a ideia perfeita.

AdrenalinaWhere stories live. Discover now