Eijirou descobriu que o humor matinal de Bakugou era pior do que o normal. E, estranhamente, ele parecia não ter dormido nada em semanas, com olheiras fundas sob os olhos vermelhos.
Katsuki nem se deu o trabalho de pentear os fios loiros ao sair do quarto do hotel, tendo apenas escovado os dentes e colocado a roupa do dia anterior novamente. Ele saiu bem antes de Kirishima terminar de se arrumar para ir comprar algo limpo para vestir com o dinheiro dado pela equipe do aeroporto. Quando retornou ao quarto, não olhou no rosto de Eijirou antes de começar a tirar a roupa —sem entrar no banheiro, apenas fingindo que existia uma parede entre a cama dele e a de Eijirou — e colocar as novas peças que comprou.
Kirishima não se incomodava de verdade com os vislumbres de pele nua que o inimigo de quarto proporcionava, mas gostava de acreditar que nunca reparou no corpo alheio. Bakugou já parecia ser um exibicionista nato, se notasse que era observado com frequência, talvez piorasse.
Ambos saíram para encontrar o grupo completo de pessoas. Kirishima sempre dando e retribuindo os cumprimentos que recebia dos mais velhos presentes, Katsuki sempre fingindo que não ouvia. Eles caminharam para a pequena van que os levaria até o primeiro destino programado da viagem e permaneceram nela pelos vinte minutos seguintes, até que chegassem em uma área afastada da cidade, onde começaram a avistar a aproximação de uma espécie de autódromo.
—Você só pode estar brincando —murmurou Kirishima, notando os carros de alto valor e potência estacionados, lado a lado, ao entrar no ambiente profissional. Olhando pela janela dava para avistar enormes pistas de corrida e dois veículos acelerando tanto que era possível escutar o som do motor de dentro do estabelecimento fechado.
Enquanto Kirishima estava chocado com o ambiente, não percebeu que atrás de si o loiro dava um sorriso malicioso e empolgado. Katsuki parecia apaixonado por carros só pelo olhar que portava. Era como se dirigir um carro daquele nível nunca houvesse lhe passado pela cabeça; agradeceu mentalmente à sua mãe por ter lhe dado a ideia de fazer aquela viagem.
—Valei aí, mãe. Estava certa sobre a porra da África — Bakugou disse, baixo, enquanto parecia se energizar com o lugar.
O objetivo da visita era exatamente o que parecia: os carros de corrida de maior potência da atualidade estariam disponíveis para que os participantes do Adrenalina Tour testassem como quisessem, além de terem conseguido uma permissão especial para entrarem e darem uma volta com os veículos mais caros da exposição.
Receberam as roupas apropriadas e os capacetes, passando os próximos minutos nas cabines para trocarem as vestes. Eijirou demorou mais do que o necessário, um pouco decepcionado com a programação do dia. Escutou três baques tão fortes na porta que pensou que ela seria derrubada.
—Se você passar mais um segundo sequer aí dentro, eu te mato —esbravejou Katsuki. Desde que chegaram, ele notou que Bakugou não aquietava-se mais.
—Eu achei que faríamos algo mais... interessante —disse Kirishima, baixo, enquanto abria a porta. Katsuki virou com o semblante irritado para ele.
—O que pode ser mais interessante do que isso? Está brincando? Tem alguma noção da velocidade que esses carros atingem? —Disparou as perguntas irritadas para cima de Eijirou.
—Tanto faz —devolveu o ruivo —Eu sou um motorista de moto, não consigo ver a graça em carros; não existe emoção nenhuma nisso.
—São carros, não palhaços, Cabelo de Merda. Vou fazer você se arrepender de dizer isso.
—Nada do que você faça vai me provar o contrário, Bakugou —rebateu Eijirou, incomodado —Eu sempre serei um cara de motos. Eu já sofri um acidente com uma e continuo amando, o que só prova que meu amor por veículos de duas rodas é insuperável e inabalável.
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Adrenalina
FanfictionUm erro atrás do outro. Era assim que Kirishima levava sua vida. Havia se humilhado na frente de seu interesse amoroso, perdido a data limite de inscrição para sua faculdade, sofrido um acidente de moto e perdido o veículo no processo. Decidido a n...