A falta do sol naquele horário já proporcionava um suave brilho das estrelas no céu. Eijirou gostou de notar isso, olhando pela janela do hotel. Ele raramente conseguia enxergar algo no céu que não fosse luzes de aviões e helicópteros, já que morava em uma cidade grande. Felizmente, o hotel que haviam escolhido não ficava na área mais movimentada do país e momentos como aquele podiam ser desfrutados por si.
Esperava Bakugou sair do banho para tentar começar uma conversa, mas assim que a porta do banheiro se abriu, Katsuki já estava vestido, pegou sua mochila e foi direto para a saída do quarto, pronto para deixar o ambiente.
—Para onde vai? —questionou, genuinamente curioso, o outro.
—Estamos numa viagem, cabelo de merda, eu não vou ficar dentro de um quarto de hotel o tempo todo —justificou-se, batendo a porta ao sair.
Depois de alguns segundos questionando se devia ou não ir atrás, Kirishima constatou que também queria conhecer a cidade sem uma excursão de pessoas junto, então pegou sua carteira e abriu a porta, correndo atrás de Bakugou. Encontrou-o novamente já no elevador.
Katsuki não ergueu os olhos, nem mesmo quando sentiu a aproximação apressada, e começou a apertar repetidamente o botão do elevador, como se pudesse chamá-lo mais rápido para sair logo dali, mas não pôde evitar entrar com Eijirou na caixa metálica. Pronto para dar um olhar enviesado para o outro, Bakugou o encarou. Mas não disse nada, apenas parando para observar os cabelos dele, agora limpos e sem gel. Na noite anterior, Eijirou havia saído do banho, mas Katsuki não se permitiu analisar Kirishima devido ao estresse com a crise de choro alheia. E agora que se autorizou a observar, preferia nunca ter olhado para ele. Bufou de forma audível enquanto se recostava no elevador e esperava que chegassem ao térreo.
Saiu rápido para o saguão quando as portas abriram, sem esperar pelo outro. Infelizmente, notou que, querendo ou não, Kirishima ainda estava o seguindo de perto.
—Vamos deixar uma coisa bem clara aqui —Bakugou parou e virou-se, trombando com Eijirou, que estava mais perto do que o esperado. Ambos protestaram em desconforto com o gesto. Deu um passo para trás, permitindo-se encarar os olhos vermelhos daquele que o seguia e falou, um pouco mais sério do que o necessário —Estou dividindo um quarto com você, não a minha vida. Dê meia volta e se enfurne naquele inferno de fumaça que você faz no banheiro toda vez que toma banho. Fica bem lá no meio que isso me poupa de ter que olhar para essa sua cara.
O olhar no rosto de Kirishima expressava um claro "eu vou fingir que não entendo a sua língua e te ignorar". Foi exatamente isso o que ele fez.
—Mas eu não quero ficar sozinho —comentou, tentando sorrir —Estou viajando também, quero conhecer a cidade, mas não sei andar sozinho por aqui.
Bakugou ergueu o celular, irritado, mostrando o Google Maps aberto na localização da rua pela qual eles seguiam.
—Bem-vindo à era contemporânea, Cabelo de Merda —apontou para o celular, dando ênfase no que dizia —Agora me deixe em paz e volte para o lugar de onde você veio.
Deu as costas para Kirishima, seguindo enfezado para o mercado mais próximo, que encontrou com suas pesquisas na internet. Percebendo que era na rua paralela, decidiu cortar caminho pelo gramado bem cuidado que separava as quadras.
—Ei —ouviu a voz de Kirishima e imediatamente revirou os olhos. Bakugou se virou para o outro, que ainda o seguia, um pouco mais distante dessa vez —Você não pode pisar aí.
Katsuki ergueu uma das sobrancelhas, contrariado.
—Pensei ter dito para me deixar em paz —retrucou, irritado.

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Adrenalina
Fiksi PenggemarUm erro atrás do outro. Era assim que Kirishima levava sua vida. Havia se humilhado na frente de seu interesse amoroso, perdido a data limite de inscrição para sua faculdade, sofrido um acidente de moto e perdido o veículo no processo. Decidido a n...