Higher

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   A noite no hotel foi menos estranha do que Kirishima pensou que seria. Depois que Katsuki o beijou no meio do campo de pouso, eles se despiram das roupas alugadas para o salto de paraquedas e foram embora com o grupo. No ônibus cheio, nenhum deles teve muita coragem de comentar o assunto, mas o clima não era pesado e ambos mantinham um sorriso disfarçado na boca.

   Eijirou tinha tentado bocejar para disfarçar algumas vezes em que arriscava demonstrar um sorriso mais largo, sabendo que isso não ajudava muito e que ele não era discreto quanto pensava.

   Depois de tomarem banho e de Katsuki ir preparar algo para beber, enquanto ouvia sua seleção de músicas dos anos 80 — no momento, tocava "Take On Me" — Kirishima sentou-se na cama e pegou sua câmera. Começou a analisar as fotos que tinha tirado desde o primeiro dia, surpreendendo-se com a quantidade de fotos de Bakugou que possuía. Não viu Katsuki bater uma única selfie que fosse desde que chegaram, o que era estranho, mas talvez fosse porque ele próprio estava tirando as fotos da viagem e Bakugou tinha suas outras preocupações.

   —Quer um gole? — perguntou Katsuki, na bancada, com um drink em mãos.

   Kirishima hesitou, mas estendeu a mão e pegou o copo que lhe foi oferecido. A bebida era mais forte que a outra, causando uma natural contração no rosto de Eijirou. Katsuki riu da careta e pegou o copo de volta.

   —Você é ridículo — sentou-se na cama com a bebida e olhou para Kirishima e para a câmera —Ainda não conseguiu entrar na faculdade, não é? — Ele lembrou-se de um comentário antigo de Eijirou sobre isso.

   —Não — confessou Kirishima — Não me dediquei o suficiente para entrar.

   —Você me parece esforçado, então eu acho difícil acreditar nisso. Falou de fotografia como se fosse a porra de um cachorrinho amado antes, então por que não está estudando o que ama?

   —Vacilei na prova de entrada. Quero tentar a bolsa quando eu voltar da viagem, terei cerca de dois meses para me preparar para ela, mas eu não sei se consigo passar. Não quero decepcionar minha mãe.

   —Não tem que se preocupar em decepcionar a sua mãe. Tem que se preocupar com decepcionar a si mesmo. Conseguiria viver sem a fotografia?

   Kirishima negou com a cabeça.

   —Então dê o seu melhor e seja o melhor. Se você encontrou algo sem o qual não consegue viver sem, lute por isso. Sua mãe vai superar um dia se você não passar na faculdade nunca, mas talvez você não supere.

   Kirishima soltou um resmungo de reclamação e se jogou de costas na cama, com a câmera no colo.

   —Porque você virou meu terapeuta, cara? Acho mais fácil quando está me xingando — resmungou Eijirou, olhando as fotos.

   —Você sabe que eu estou certo, então cale essa boca e faça o que eu disse — Katsuki retrucou com um sorriso malicioso, bebericando o drink.

   Depois de quase uma hora analisando as fotos, Eijirou sabia que Bakugou estava certo. E ele tinha prometido para a mãe que voltaria mudado daquela viagem. Para que isso acontecesse, precisava começar a mudar ali.

   —Ei, cara — chamou — Podemos parar um pouco na cidade amanhã, antes de irmos para o lugar onde sua mãe tirou a outra foto? Eu quero tentar tirar algumas fotos por ali, acho que tive uma ideia.

   Bakugou o encarou de esguelha e anuiu com a cabeça.

   —Desde que você não me envolva nisso, tudo bem. Vou dar uma olhada nas lojas enquanto você faz o que quiser.

AdrenalinaWhere stories live. Discover now