Não melhorou nem um pouco. Pensara que se tornaria mais fácil, mesmo se o ferimento jamais sarasse, mas desde o momento em que Naruto a levou ao avião no Sky Harbor Airport, a dor jamais crescera e depois diminuíra. Ficara com ela, corroendo-lhe o coração. Só conseguia esquecer um pouco durante o dia, enquanto trabalhava com Hikari, seu novo paciente, voltava com força total à noite quando ia para a cama e ficava lá, sozinha.
Milwaukee, em relação a Phoenix, ficava do outro lado do mundo, ou assim lhe parecia. Numa questão de poucas horas, trocara o deserto seco por diversos metros de neve e parecia que jamais conseguira se aquecer. Os Inuzuka eram pessoas agradáveis, amigáveis, ansiosos para fazer tudo o que pudessem para ajudar na terapia de Hikari, e Hikari era adorável, mas não era Naruto. Os braços infantis que a abraçavam tão espontaneamente não satisfaziam a necessidade que sentia dos braços fortes e masculinos, nem os beijos molhados e amorosos que Hikari e sua irmã caçula, Aiko, lhe davam todas as noites faziam-na esquecer dos beijos que a tinha afogado num mar de prazer sexual.
Jamais imaginaria que sentiria falta das brigas que ela e Naruto tiveram, as discussões gritadas e insultuosas, mas sentia. Tinha saudade de tudo nele, do mau humor matinal ao sorriso malicioso que iluminava seu rosto quando a provocava.
Como um tolo desespero, esperava que aquela última noite que tiveram resultasse num bebê, Naruto não tomara nenhuma precaução e por quase três semanas ela pode sonhar, fingir. Então descobriu que não havia nada e seu mundo ficou muito mais escuro.
Quando recebeu um cheque com uma grande quantia, enviada pela dra. Senju, teve de se esforçar para não gritar alto de dor quando viu a assinatura dele. Queria rasgá-lo, mas não podia. O cheque tinha o valor exato que fora combinado pelo tratamento. Traçou com a ponta do dedo a assinatura forte, ousada. Era exatamente como sabia que seria, quando estivesse longe dele, se tornaria apenas uma parte de seu passado. Fizera o que era melhor, mas não soubera que teria de viver o resto de sua vida em agonia.
Com grande determinação, dedicou-se a reconstruir as defesas que deixara cair. Precisava delas, para deixar para trás as lembranças e a dor, para manter a escuridão à distância. Um dia, pensou, olhando o cinzento céu de inverno, encontraria a alegria de viver de novo. Um dia o sol brilharia de novo.
Havia exatamente um mês que estava com os Inuzuka quando foi chamada ao telefone. Franzindo a testa, perplexa, deu a Hikari seu livro de colorir e os lápis de cor para ocupá-lo até voltar, então foi ao corredor atender o telefonema.
- É um homem - sussurrou Hinata Inuzuka, sorrindo, delicada, então saiu para ver o que havia acontecido com Aiko que gritava de repente como se estivesse sendo escalpelada.
Sakura levou o aparelho ao ouvido.
- Alô - disse, cautelosa.
- Não vou mordê-la - disse, divertido, uma voz profunda e rica, e se recostou na parede quando seus joelhos pareceram se dobrar debaixo dela.
- Naruto! - Sussurrou.
- Você está aí há um mês. Seu paciente já se apaixonou?
Fechou os olhos, combatendo a mistura de dor e prazer que fazia sua garganta ameaçar se fechar. Ouvir sua voz a deixou toda fraca e não sabia se queria rir ou chorar.
- Sim, está loucamente apaixonado por mim.
- Como é ? - Rosnou Naruto.
- É um moreno lindo, com grandes olhos castanhos, fica irritado por horas se não vence quando jogamos xadrez.
Naruto riu.
- Parece que é um rival e tanto. Qual é a altura dele?
- Oh, não sei, a altura média de um menino de cinco anos de idade, suponho.
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In Your Arms
RomanceO amor deles sobreviverá à realidade? Naruto Uzumaki nunca teve medo de nada, acostumado a viver a vida ao extremo à cada oportunidade, só não esperava que o acidente, numa de suas aventuras, tirasse temporariamente sua capacidade de andar e assim c...