Sétimo

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- Sakura, posso conversar com você? Em particular, por favor. - O rosto de Sasuke estava tenso e o observou com atenção, impressionada com a amargura tão evidente em sua expressão. Olhou além, para a porta do estúdio, e ele adivinhou seus pensamentos.

- Ela está jogando xadrez com Naruto - a voz era pesada enquanto colocava as mãos nos bolsos e se movia em direção às portas que se abriam para o pátio.

Sakura hesitou por apenas um momento, então o seguiu. Não queria que houvesse comentários sobre estar em companhia dele mas, por outro lado, sabia que jamais tentaria nada com ela e se ressentia da sensação de culpa por ser amigável. Karin havia continuado a se esforçar para ser sua amiga e Sakura descobriu que realmente gostava dela. Era parecida demais com Naruto, com seu modo direto de agir e com a disposição para aceitar desafios. Algumas vezes tinha a sensação inquietante de que Karin pretendia fiscalizá-la melhor sob o disfarce da amizade, mas cada vez mais lhe parecia que a sensação decorria mais de sua confiança e não de uma ação premeditada.

- As coisas não vão bem? - Perguntou calmamente a Sasuke.

Deu uma risada amarga e passou a mão na nuca.

- Sabe que não. E não sei o motivo - a voz era cansada. - Tentei, mas está sempre no fundo da minha mente que ela nunca me amará tanto quanto ama Naruto, que nunca serei tão importante para ela como ele é e isso me deixa quase doente.

Sakura escolheu as palavras com cuidado, como se estivesse colhendo flores silvestres.

- Um pouco de ressentimento é natural. Vejo isso constantemente, Sasuke. Um acidente como o dele realmente abala todas as pessoas ligadas. Se a pessoa ferida é uma criança, pode haver ressentimento entre pais ou filhos. Em circunstâncias assim, uma pessoa recebe mais atenção e os outros não gostam.

- Você me faz parecer tão pequeno e mesquinho - disse, um canto da boca severa se erguendo.

- Não, é apenas humano. - Sua voz era cheia de calor e compaixão e olhou-a, os olhos se movendo pelo rosto suave. - Vai melhorar - garantiu.

- A tempo de salvar meu casamento? - A voz era pesada de dor. - Algumas vezes, quase a odeio e isso é terrivelmente peculiar, porque o que odeio nela é não me amar do modo como a amo.

- Por que considerá-la culpada de tudo? Por que não dirigir um pouco desse ressentimento para Naruto? Por que não o odeia por receber toda a atenção dela?

Ele riu.

- Porque não estou apaixonado por ele - riu de novo. - Não me importo com o que faz com a sua atenção... a menos que machuque você.

O choque percorreu o corpo de Sakura e fez seus grandes olhos se abrirem. Na luz fraca do crepúsculo, brilhavam como esmeraldas, já tão profundas e insondáveis como as de um gato.

- Como pode me machucar? - A voz era baixa e rouca.

- Fazendo você se apaixonar. - Era astuto demais, capaz de avaliar uma situação com um olhar. - Andei observando as mudanças em você nas últimas duas semanas. Era linda antes, Deus sabe, mas agora está de tirar o fôlego. Você... brilha. Aquelas roupas novas, a expressão do seu rosto, até mesmo a maneira como anda... tudo isso mudou. Ele precisa de você tão intensamente que tudo o mais deixou de existir em sua mente. E depois? Quando puder andar de novo, ainda a observará como se os seus olhos estivessem grudados em você?

- Pacientes já se apaixonaram por mim antes -enfatizou.

- Não duvido, mas já se apaixonou por um deles? - O interrogatório era implacável.

- Não estou apaixonada - tinha de rejeitar a noção, tinha de afastá-la. Não podia estar apaixonada por Naruto.

- Reconheço os sintomas - explicou Sasuke.

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