Quem fere com ferro, com ferro será ferido

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Menos de cinco minutos depois que eu joguei a bombinha em Luke, meu irmão apareceu. Isso foi tão rápido que me fez perguntar se ele estava nos seguindo.
"O que em Hades você está fazendo?" Perguntei mentalmente.
Notei então que Travis estava distraindo nosso meio-irmão do mal, como se estivesse ganhando tempo para alguém chegar. Ou esse alguém que me notou.
Lee Fletcher apareceu do meu lado, com um arco muito bonito em suas mãos, um presente de seu pai, talvez. Me perguntei onde ele esconde esse arco, porque se ele guardasse junto com os outros, eu certamente já o teria roubado.
No momento em que Luke ergueu sua lâmina o meu coração gelou, Travis parecia estar muito cansado para lutar,  mas ele de alguma forma, conseguiu desviar. E então Luke atacou de novo, e eu quase tirei o arco das mãos do filho de Apolo para poder ajudar o meu irmão.
E então, em menos de um piscar de olhos, Lee atirou uma flecha, acertou em cheio na guarda da espada, não para cortar, mas para desarmar. Esse era o Lee, evitava violência o máximo possível.
- Você conhece a minha mira, Luke - o arqueiro disse, sua voz ocupando toda a clareira, tornando impossível saber de onde veio, - A próxima vai fazer o que aquele dragão falhou naquela missão idiota.
Sem esperar por uma resposta, ele pegou mais uma flecha, não teve nenhuma dificuldade em encaixar a flecha nem puxar a corda, seus movimentos eram tão naturais que fazia a arquearia parecer fácil.
Luke xingou e jogou uma granada de luz no chão, ele sempre foi cheio das coisas mais impressionantes do acampamento.

As pernas do meu irmão falharam logo depois disso. Se eles estavam no chalé 11 quando ouviram a bombinha, então ele correu muito rápido mesmo, com certeza um apoio divino do nosso pai. Ele se apoiou no meu ombro, e Marisa nos olhou furiosa.
- Vocês estavam me seguindo por acaso?
- Se serve como consolo - falei, numa tentativa de levantar seu humor - eu pensei que você estava preparando uma armadilha para a outra equipe na captura da bandeira.
- Ei - Fletcher reclamou - isso é contra as regras!
- Mas é uma boa ideia - Travis respondeu com um sorriso em seu rosto.
Olhei para Marisa, porém sua carranca ainda estava ali.
- Eu vou ficar no acampamento - ela falou - vocês podem confiar ou não em mim, tanto faz, tenho os meus motivos para não me juntar à ele - Lee abriu a boca para falar algo - mas eu não preciso me justificar a nenhum de vocês.
A garota deu passos duros em direção à floresta, mas Fletcher a segurou pelo o braço, ela franziu o cenho para ele, mas o garoto levou o indicador aos lábios
- Tem alguma coisa à espreita… - e então apontou para uma moita, poucos metros além da clareira

Ouvi o barulho de um casco batendo no chão, e depois um clique metálico, de trás do arbusto saiu uma empusa.
- Quatro semideuses sem supervisão? - ela lambeu os lábios - É contra as regras entrarem na floresta de noite por algum motivo.
Travis levantou a espada de Luke com a mão livre
- A sua próxima refeição vai ser no Tártaro se não tirar a sua fuça da nossa frente
A criatura ergueu uma sobrancelha.
- Você fala bastante para um semideus que não consegue andar.
Lee Fletcher posicionou uma flecha em seu arco.
- Por favor, nos deixe em paz então não teremos que matá-la. Todos saem ganhando.
- E mesmo se me desconsiderar - Travis falou - São três contra um, você não teria chance.
A empusa gargalhou.
- Não seja por isso, semideus…
E então mais três esmpousai saíram de seus esconderijos.
- Você tinha que falar…- murmurei.
Marisa sacou uma adaga que tinha escondido em sua bota, e Travis me entregou a espada de bronze que ele havia trazido enquanto empunhava a do nosso meio-irmão, mas não se soltou do meu ombro, ele estava fraco demais para ficar de pé sozinho.
Fletcher atirou na primeira, mas ela desviou facilmente, o arqueiro não demonstrou frustração ao posicionar outra flecha no arco.
Marisa tentou atacar uma outra  que estava mais perto dela, a qual desviou a agarrou pelo braço, jogando a nossa meia-irmã no chão.
Eu e Travis avançamos para defendê-la e Lee atirou em uma outra, acertando dessa vez, a criatura se desfez em pó.
Travis tentou cortar uma empusa, mas ela simplesmente deu um passo para trás, saindo do alcance de sua lâmina. Ela gargalhou.
Marisa se levantou e atacou, em vão, a criatura novamente.
Fletcher mirou na empusa da nossa frente, a qual estava distraida demais debochando do meu irmão frustado tentando acertá-la. O arqueiro se preparou para atirar, mas a terceira empusa o atacou, machucando a mão que ele usava para puxar a corda.
Sangue escorria por entre seus dedos, e ele não conseguia fechar seu punho, deveria doer para caramba.
Travis se desvencilhou de mim, quase caindo, mas conseguiu ficar de pé
- Eu distraio elas - ele disse - vocês fogem.
- Tá maluco?? - respondi tentando cortar uma empousa, ela desviou
- Tem alguma ideia melhor? - Ele perguntou.
Eu revirei os meus bolsos, encontrando mais daquelas bombinhas barulhentas.
- Eu tenho sim.

Co-conselheiros Do Acampamento Meio SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora