Capítulo 10

34 4 0
                                    

A tempestade durou cinco dias, impedindo que saíssemos, deixando a casa apenas para ir até minha cabana pegar roupas, afundando até os joelhos ao caminhar e jogando bolas de neve um no outro.

Estávamos em lua-de-mel, Matt tomou para si tarefa de cozinhar, e como bom conhecedor do território e do inverno inóspito de Dakota do Norte, sua dispensa estava recheada. Não nos faltou nada, nem comida, nem divertimento. Na segunda-feira ele fez uma deliciosa pizza que comemos esparramados no sofá assistindo filmes antigos que baixamos na internet. Terça ele fez rosbife no almoço e no jantar sanduíches com as sobras que comemos enquanto ele me ensinava a jogar pôquer. Quarta ele insistiu em fazer um típico churrasco americano e ficamos tiritando de frio na varanda, enquanto a carne tostava. Matt fez molho barbecue para acompanhar e eu uma salada de maionese e farofa com bacon que ele comeu lambendo os lábios. Quinta feira ele trouxe café na cama com uma pilha de panquecas quentes e fofas com xarope de bordo. Depois que comi a última garfada, cobri-o de beijos como agradecimento. Como aquele dia estava particularmente frio, ele colocou o termostato no máximo e passamos o dia na cama lendo os livros que compramos no shopping. Matt encostado em uma pilha de travesseiros eu com a cabeça em seu peito, cada vez que virava uma pagina ele me dava um beijo na testa. Sexta foi minha vez de levantar mais cedo e acordá-lo com beijos, cócegas e um prato gigante de rabanadas que fiz com capricho como minha mãe ensinou. Esvaziamos o prato e a jarra de café, depois colocamos roupas quentes e fomos dar uma volta pela floresta que circundava as propriedades

Matt era tudo o que eu poderia querer. Era sensível, apaixonado, inteligente, era meu melhor amigo, meu parceiro e meu amante.

No sábado ele recebeu um telefonema que foi um choque de realidade para ambos e nos demos conta de que havia vida fora do nosso universo. Fui para a cozinha tirar os cookies de aveia do forno, tirei uma forma e coloquei outra. Assim que fechei a porta, ele entrou na cozinha, me abraçou por trás e disse:

- Minha mãe telefonou para confirmar se vou passar o dia de Ação de Graças com a família.

Meu coração ficou apertado e minha garganta fechou, eu não estava preparada para ficar sem ele, mesmo que fosse só durante um feriado.

Matt prosseguiu – Espero que não fique brava baby, mas eu disse a ela que só iria se minha exótica e linda namorada brasileira fosse comigo.

- Matt! - Exclamei num misto de satisfação e horror – Como você impõe minha presença para sua família assim?

- Não estou impondo. Você não sabe como eles ficaram felizes por irmos. Você vai comigo, não vai Cath?

Virei-me para olhá-lo de frente e ele fez um beicinho e colocou as mãos juntas como se estivesse implorando, peguei o pano de prato molhado e com um movimento rápido atingi sua barriga fazendo um barulho de chicote, ele fez uma cara cômica de surpresa, me agarrou pelos pulsos e deu uma mordida no meu nariz. Quando coloquei as duas mãos no rosto, Matt parou de rir e se abaixou para tentar ver se eu estava chorando. Nesse momento eu o acertei com uma direita no estômago e saí correndo em direção a porta da varanda. Ele me alcançou quando minha mão ia tocar a maçaneta, me agarrou e me jogou por cima do ombro como se eu fosse um saco de batata. Sentou no sofá e me colocou em seu colo. Matt olhou sério para mim e por um momento achei que tinha ido longe demais com a brincadeira, mas ele pegou minhas mãos e beijou uma, depois outra e disse:

- Baby eu quero que você vá comigo, você vem Cath?

- Só se você repetir a parte da linda e exótica namorada brasileira – respondi sorrindo.

Matt enfiou o nariz no meu pescoço do jeito que eu adorava e sussurrou no meu ouvido:

- Não vou a lugar nenhum sem você, minha linda e exótica namorada brasileira.

- Brasileiros são pessoas de palavra? - Matt emendou.

- Acredito que sim, por quê? - perguntei curiosa.

- Porque agora que você já concordou em ir comigo é a hora de eu dizer que você será sabatinada por minha mãe e provavelmente por minhas três irmãs mais novas.

- Ahhhh Matt! - Exclamei desanimada.

- Desculpe Cath, mas sou o caçula da família e você é a primeira mulher que levo para casa dos meus pais desde os meus vinte anos.

Deixe-me Voltar...Onde histórias criam vida. Descubra agora