Capítulo dois

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Chegando ao hotel liguei e falei com o Sr. Noah, o proprietário da cabana e marquei de encontrá-lo depois do almoço. Como expliquei que era estudante e de fora do país, ele prontamente se ofereceu para me buscar às duas horas da tarde.Pontualmente, um Lincoln prata parou na porta do hotel e um senhor de cabelos bem brancos e grandes bochechas rosadas, fez a volta com a mão estendida.

- Muito prazer menina. - Foi logo se apresentado.

- Oh Meu Deus! – Pensei. Papai Noel está alugando sua casa!

Sorri e apertei com simpatia a mão oferecida. Durante o trajeto Sr. Noah foi contando a história da cabana.

- Meu avô a construiu há uns oitenta anos atrás, era basicamente para caçar e pescar. Quando o velho morreu, ela ficou abandonada. Eu a reformei e trazia meus filhos pequenos para pescar e andar de barco no lago. Apesar de ser uma bela propriedade, as pessoas preferem apartamentos no centro de Grand Forks e ela esta vazia há muitos meses.

Quando o carro parou, não consegui acreditar. O lugar era uma verdadeira pintura. A casa era extremamente pequena, feita de grandes toras de madeira. Uma varanda ladeava toda a extensão frontal onde uma porta com tela dava acesso ao interior. A janela enorme apenas com vidro, deixava entrever uma grande lareira de pedra. Do lado esquerdo o terreno era dividido por arbustos de ameixas selvagens e do lado direito um imponente carvalho protegia a casa do vento do inverno. Apesar da vegetação típica da região ser rasteira, a propriedade era cercada de bétulas, álamos e pinheiros. Meu queixo ia caindo na mesma proporção que o senhor Noah sorria orgulhoso.

- Vamos olhar dentro menina, faz muito tempo que não venho aqui e não sei qual a situação.

Por dentro, o imóvel era parecido a uma típica cabana de caça. Uma grande sala retangular, com uma lareira, um sofá marrom, uma mesa de centro e uma mesa de jantar de carvalho com seis cadeiras eram os únicos moveis. Na outra ponta, uma cozinha americana com uma grande geladeira duplex branca, fogão e máquina de lavar louça, muitos armários e uma porta ao lado da geladeira onde descobri uma pequena peça com máquina de lavar e secar e uma despensa minúscula. A sala era bem ampla e espaçosa com muita luminosidade natural vindo da grande janela, uma porta dava acesso a um pequeno quarto cujos únicos móveis eram uma cômoda, uma grande cama de dossel e uma mesa de cabeceira. Abrindo a porta me encantei com o pequeno banheiro todo branco, inclusive a banheira de mármore antiga com pés de garras e ainda havia um closet. Eu já estava apaixonada, já me imaginava cozinhando ali, tomando chocolate quente na frente da lareira no inverno e chá gelado na varanda no verão.

- Eu a quero Sr. Noah e preciso me mudar antes do início das aulas.

- Ela é sua, menina. Eu até trouxe um contrato para você assinar por via das dúvidas.

Mais tarde o Sr. Noah me deixou no hotel, eu já estava com as chaves e o contrato na mão depois de pagar dois meses de aluguel como caução. A próxima providência era comprar um carro para levar minhas bagagens e minha primeira compra no supermercado. Precisava de comida e material de limpeza já que a cabana implorava uma boa faxina.

Recorrendo mais uma vez ao recepcionista do hotel para obter informações de lojas de carros, saí novamente. Depois de visitar duas lojas de usados, optei por um Mercury Villager Náutic 1998 branco, uma minivan da Ford que de mini não tinha nada. O carro era enorme, mas foi o mais barato que encontrei, e por $1.995,00 dólares, se comparada aos preços dos carros brasileiros, era uma bagatela.

Na mesma rua do Darcy's fica o Leevers Super Market, eu me sentia no volante de um caminhão cegonha dirigindo meu carro novo e sorte a minha o estacionamento do supermercado ser enorme, assim eu poderia utilizar metade das vagas para estacionar. Sempre adorei fazer compras, mas nada me preparou para a magnitude de um supermercado americano. É por isso que os Estados Unidos são considerados uma potência mundial. Não é pelo poderio armamentista, é pelo tamanho dos supermercados, o troço é profissional! Sem brincadeira, a loja devia ser maior que o Estado de Sergipe.

Peguei um carrinho na porta e comecei a passear pelos corredores, eu queria comprar tudo o que eu via nos filmes. Comecei pelo material de limpeza, as possibilidades eram infinitas, spray para limpar tudo que se possa imaginar, foi uma dificuldade encontrar o básico no meio de tantos produtos. Comprei tudo o que vi pela frente, massa para panqueca, maple syrup, cereais, ginger ale, brownies, pacotes gigantes de batatas fritas, tinha certeza de que quando passasse pelo caixa ganharia um vale angioplastia. Fui voando para minha cabana. Abri todas as janelas e botei para quebrar. Limpei tudo, cada cantinho. Liguei a geladeira e guardei as compras, no dia seguinte eu me mudaria. Voltando ao hotel tomei um banho, pedi um sanduíche e caí na cama.

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