Capítulo 11

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Eu tinha apenas três semanas para me preparar para o feriado em família na casa dos pais de Matt, em Bismarck. O feriado de Ação de Graças é celebrado na última quinta-feira de Novembro, e esse ano cairia dia vinte sete. Nós iríamos um dia antes e voltaríamos no domingo.

Depois dos dias de nevasca eu e Matt ainda tínhamos todo o final de semana antes de voltarmos à rotina de trabalho e estudo. Trocamos-nos e fomos de mãos dadas até minha cabana. Ele levava uma pá para desenterrar meu carro e eu iria fazer uma faxina e lavar roupa. A casa estava como eu a deixei, joguei a comida da geladeira que estava estragada, passei aspirador e tirei o pó, Matt entrou e foi recebido como uma xícara de café quente.

- Precisamos ir à cidade comprar anticongelante para o carro e levar sua bateria para dar uma carga – anunciou depois que se esquentou com a bebida quente.

- Você pode me deixar no supermercado enquanto faz isso e depois passar para me pegar, assim poupamos tempo e podemos aproveitar melhor o sábado.

- Ótimo, estava pensando em levá-la para jogar boliche, o que acha?

- Vai ser bom sair um pouco depois de tanto tempo – respondi.

O fim de semana passou voando, como tudo o que é bom. Matt cuidou do carro pra mim tirando a bateria para carregar e trazendo de volta enquanto eu fazia as compras da semana. Mais tarde saímos para o boliche e comemos um balde gigante de frango frito, enquanto Matt debochava perguntando se eu tinha certeza que não queria uma salada.

Domingo passamos o dia na cama lendo, saindo apenas para almoçar sanduíches de salada de ovo que ele preparou rapidamente e a noite saímos para comer comida chinesa. Depois do jantar, quando eu disse que precisava dormir na minha casa, pois no outro dia tinha aula cedo, Matt fez o gesto de levar uma facada no coração com direito morrer de língua de fora. Então convidei um dramático e agora feliz Matt para dormir na cabana comigo.

Na segunda-feira levantamos cedo para trabalhar como qualquer casal. Fiz café e sanduíches de manteiga de amendoim e geleia, depois nos despedimos na porta e cada um seguiu seu caminho.

Assim que cheguei ao campus da escola pude notar o alvoroço. Os alunos estavam cheios de novidades depois das férias forçadas. Na entrada do prédio avistei Thomas fumando um cigarro, quando me viu abriu um sorriso, jogou a guimba no chão e pisou. Eu o abracei e ele me girou no ar.

- Que saudade Tom! Quais as novidades?

- A novidade é que quase morri de saudades suas, mandei e-mail e mensagens no seu celular e você nem me retornou – respondeu com um muxoxo emburrado.

- Oh, Thomas me desculpe!

Não pude evitar me sentir culpada e meu novo e perspicaz amigo deve ter sentido no ar.

- Você conheceu alguém não foi? - Thomas arregalou os olhos enquanto esperava minha resposta.

- Onde? Como? Quando? Quem é? Por Deus Catarina, eu não estou ficando mais jovem aqui!

- Ok, respondi, mas não aqui e não agora. Você tem compromisso para o almoço?

- Querida, para ouvir o que você tem a dizer eu cancelaria um encontro com o Ian Somerhaldernum piscar de olhos.

- Está bem! – falei rindo – Nos encontramos na frente do meu carro ao meio dia.

As aulas naquela manhã estavam em ritmo lento, não sei se foi por causa dos dias sem aula ou pela proximidade dos feriados de final de ano. Assim que o sinal tocou anunciando o último período da manhã, peguei minha mochila e segui em direção ao estacionamento. Thomas já estava me esperando, encostado no carro fumando. Assim que me viu começou a agitar os longos braços como um filhote de albatroz treinando o primeiro voo. Acionei a interface e entramos ao mesmo tempo, mal fechei a porta e ele deu início ao interrogatório.

- Quem é o felizardo que teve sucesso onde muitos outros falharam.

- Ele é meu vizinho. - falei revirando os olhos com exagero.

- Você tem vizinho? Achei que morasse numa cabana no meio da floresta e que seus únicos vizinhos fossem os ursos.

- Engraçadinho – respondi dando-lhe um beliscão.

- Ei, garota brasileira! Onde está me levando?

- Preciso fazer umas compras no Columbia Mall, pensei em almoçarmos antes, você me ajuda e depois te deixo no dormitório.

- Nem precisa dizer mais nada. Você já disse minhas duas palavras mágicas, comida e compras.

Fomos ao mesmo restaurante que Matt me levou, só que dessa vez pedi apenas uma salada completa e chá gelado e Thomas pediu enchiladas de frango e uma cerveja.

Contei tudo. Como conheci Matt, como ele era e o que eu sentia por ele. Contei sobre a viagem que era o motivo de estarmos ali e sobre os dias de tempestade de neve, omitindo as partes mais picantes. Thomas ficou com os olhos pregados em mim o tempo todo, fazendo apenas uns ohhhs e ahhhs, quando eu contava alguma gentileza de Matt.

Quando finalmente terminei a narração reclamou.

- Mas você não contou o mais importante.

- O que? Perguntei curiosa.

- Ele é gostoso? Tem pau grande? E a bunda?

- Thomas! - Exclamei enquanto jogava o resto de batata frita nele. Só por causa disso não vai ganhar sobremesa. Vamos! – ordenei me levantando enquanto deixava o dinheiro e a gorjeta em cima da mesa.

Thomas deu pulinhos quando entramos na Victoria's Secret. Tive que dar alguns beliscões e ameaçar deixá-lo no carro, pois ele estava me fazendo passar vergonha. Comprei um lindo conjunto cereja decorado com pequenos cristais Swarovski, um conjunto verde água cheio de cup cakes e um tradicional conjunto de renda e sutiã meia taça com direito à cinta liga e tudo. Tomas me obrigou a levar uma camisola de alças e bojo preta com um laço pink na cintura.

Para o jantar de Ação de Graças, comprei uma calça estilo montaria preta, botas de equitação na mesma cor, uma camisa creme com babado no punho e um blazer preto acinturado. Também comprei uma calça jeans cinza com pequenos corações pretos, um sapatinho baixo e uma malha rosa bebê. Terminada as compras tomamos uma banana split gigante. Em seguida, deixei Thomas no dormitório e segui direto para o trabalho.

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