Capítulo 16

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Seguimos em silêncio até o dormitório, depois de pedir mais um milhão de desculpas, retornei rapidamente indo direto para a casa de Matt. Respirei fundo e desci do carro, entrei na casa pela primeira vez sem bater, ele estava sentado na poltrona de frente para a lareira e de costas para porta.

- Matt? - Perguntei receosa - Ele nem se virou para me olhar e resolvi ficar onde estava, apesar de saber que ele não teve intenção de me machucar, o fato é que com o empurrão eu havia batido o quadril na quina da mesa do computador e a reação dele havia me deixado um pouco assustada.

- Thomas é meu único amigo na escola e é também homossexual assumido, todo mundo sabe. Se você tivesse nos dado a chance de explicar, você mesmo teria visto. Mas eu entendo. Você chegou e me viu no colo dele e ainda por cima beijando-o, mas a única desculpa que tenho para dar é que ele é uma pessoa muito carente, sua família não o aceita e ele não tem muitos amigos por aqui.

O silêncio era total, Matt continuava de costas. Antes de ir embora eu queria olhá-lo nos olhos. Fiz a volta e me postei à sua frente e o que vi me deixou surpresa. Matt chorava silenciosamente, as lágrimas escorrendo abundantemente, ajoelhei-me entre as suas pernas.

- Me perdoa Matt, eu não fiz por mal, foi tudo tão inocente, eu sinto muito carinho por Thomas. Ele é como um irmão mais novo para mim.

Matt se curvou e me colocou em seu colo com a cabeça recostada em seu ombro e me ninou como se eu fosse criança. Ficamos assim pelo que pareceu ser um logo tempo, até que por fim ele perguntou suavemente.

- Eu te machuquei baby?

- Não Matt, você não me machucou.

- Você acredita se eu te disser que eu nunca vou te machucar depois de como me comportei hoje

- Eu sei baby, eu sei.

No dia seguinte, levantei cedo e mandei uma mensagem de texto para Thomas pedindo que me encontrasse no café perto da escola. Quando cheguei, ele já estava lá fumando um cigarro ao lado de fora, seu olho estava com pequenas marcas azuladas.

E aí? - Perguntou com seu jeito bem humorado – Conseguiu domar seu gato selvagem?

- Sim, ele está se sentindo péssimo pelo que fez.

- Deixa pra lá, eu disse que entendi o lado do cara.

Peguei dois cafés grandes para viagem para nós e fomos para a aula. Na saída eu e Thomas estávamos indo em direção ao estacionamento quando avistei Matt parado na porta da escola encostado no carro. Apesar do sorriso torto, sua expressão era tensa e assim que nos viu, aproximou-se estendendo a mão para Thomas.

- Oi, eu sou Matthew, vim aqui pedir desculpas pelo meu comportamento.

- Desculpas aceitas – respondeu Tomas – minha mãe ficaria orgulhosa em saber que levei uma bordoada de um namorado ciumento.

Todos rimos, era impossível ficar sério perto de dele, Matt me abraçou e continuou.

- Eu e Cath queremos convidá-lo a passar o Natal conosco na casa dos meus pais em Bismarck.

Thomas me olhou tão surpreso quanto eu e para disfarçar completei – A menos que você tenha outro plano.

- Plano nenhum queridinha.

Despedimos-nos de Thomas e quando estávamos sozinhos perguntei sorrindo.

- Matthew Bencke, o que significa isso?

- Era o mínimo que eu podia fazer. Fiquei me sentindo culpado e hoje telefonei para os meus pais e perguntei se teria problema levar mais uma pessoa.

- Obrigada baby, foi muito legal da sua parte.

- Já que estou completamente perdoado, vamos almoçar? Gosta de comida italiana?

- Adoro!

- Ótimo! Vou te levar no Garbonzo's. Depois te deixo aqui e você pega o carro.

A fachada do prédio era bem comum, parecida com milhares da cidade, o logotipo era a caricatura de um homem com um vasto bigode. Por dentro, era um típico restaurante italiano, com ar mediterrâneo, e direito às toalhas xadrez de vermelho nas mesas e a um canto, antigas máquinas de fliperama atraíam as crianças. Pedimos um prato de fettuccine al forrestier que estava divino e de sobremesa, tiramisu. Matt me deixou na porta da escola e resolvi aproveitar e comprar o presente de Thomas.

Achei em uma loja de eletrônicos um pequeno Ipod, o preço era convidativo e achei que ele iria adorar. Antes de ir para casa, resolvi fazer um jantar especial para Matt e passei no meu supermercado preferido. Comprei um vinho Lambrusco importado, e encontrei os ingredientes para fazer camarão na moranga.




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