Chegando a casa, para adiantar cortei a tampa da moranga, retirei as sementes, enrolei em papel alumínio e regulei o timer para 45 minutos, isso era o mais demorado. Resolvi chegar uma hora mais cedo ao restaurante e pedir a Jack que me deixasse sair uma hora antes. Após um turno tranquilo no restaurante, cheguei a casa e fui terminar o jantar antes de tomar banho, já que Matt só chegaria dentro de uma hora. Na linda wok que comprei, aqueci o azeite de oliva e joguei alho e cebola picados, depois os dois tipos de camarão, meio quilo do médio e seis gigantes para enfeitar, temperei com sal e pimenta do reino e deixei por cinco minutos. Depois de desligar, retirei os camarões maiores e misturei na panela requeijão e tempero verde. Retirei a moranga da geladeira, coloquei o creme dentro, reguei com bastante azeite de oliva, os camarões gigantes ficaram por cima para enfeitar, coloquei tudo dentro do forno quente, porém desligado só para esquentar. Liguei para o Matt e corri para o banho. Quando saí do banheiro ele já havia chegado e estava farejando a cozinha como um perdigueiro.
- O que é isso no forno baby?
- Resolvi fazer um prato típico da culinária brasileira para você, é originário de Ubatuba que fica no litoral norte paulista. Coloque a mesa pra mim, por favor, enquanto eu tiro a moranga do forno – pedi.
Servi o arroz feito na panela elétrica em pequenas cumbucas, coloquei a enorme moranga com os camarões gigantes nas laterais no centro da mesa e pedi que Matt abrisse o vinho frisante.
- Mas minha brasileirinha me fez um banquete? - exclamou Matt encantado.
- Espero que goste. Eu não cozinho tão bem quanto você, o que me deixa constrangida na maioria das vezes.
- Baby, isso está lindo e aposto que está delicioso também, espere que vou ter que tirar uma foto e mandar para o meu pai.
Matt tirou a foto e enviou na hora para Paul, depois encheu as taças de vinho gelado, enquanto servi nossos pratos. Ele repetiu três vezes e não poupou elogios.
Enfim chegou o último dia de aula antes do recesso. Os alunos estavam animados, andando de um lado para o outro, o frio era intenso. Encontrei Thomas no seu lugar habitual, na porta ao lado de fora do prédio principal fumando. Assim que me viu veio sorrindo na minha direção.
- Acredita que vamos ter uns dias livres antes de ter que voltar para esse pequeno pedaço de purgatório?
- Sim, é maravilho, ainda mais porque terei dez dias inteirinhos para ficar com Matt, sem escola e sem trabalho.
- Tudo em cima ainda para o Natal? – Thomas estava visivelmente ansioso.
- Sim, nós te pegaremos por volta das dez horas depois de amanhã.
Saí da escola e fui dar uma volta, eu já estava livre do trabalho e tinha deixado para a última hora comprar roupas novas para as festas de fim de ano. Para o Natal comprei um vestido na altura do joelho, mangas soltas boca de sino, estampado de marrom e azul turquesa, estilo bata anos setenta, lindo e sapatos Ankle Boot preto aberto na frente. Já para usar no Ano Novo optei por um corselete de cetim branco e jeans. Comi um lanche e fui para casa, ainda tinha alguns presentes para embalar e acomodar em sacolas além de fazer as malas. Matt chegou cedo, por volta das sete da noite e pedimos pizza que comemos no sofá assistindo reprises de Friends e conversando.
No dia da viagem Matt acordou tenso e irritadiço e apesar da minha preocupação, resolvi relevar. Desdobrei-me para agradá-lo, mas não consegui fazer com que relaxasse. Assim que apanhamos Tomas nos dormitórios da escola, pegamos a estrada para Bismarck. Depois de duas horas paramos para almoçar. Enquanto Thomas ia ao banheiro, resolvi confrontar de uma vez por todas meu namorado bipolar.
