Meu primeiro amanhecer em minha casa nova, no país que eu escolhi, na vida que eu sempre quis ter. Eram sete horas e tinha que estar na escola apenas às nove. Pulei da cama e fui direto tomar uma ducha. A temperatura era de seis graus, mas graças a Deus a casa tinha calefação. Depois de um lauto café da manhã, peguei meu carro e segui até a escola para a minha primeira aula.
O campus já fervilhava quando cheguei, estudantes de todas as idades e nacionalidades andavam apressados para fugir do frio. Eu já sabia onde era minha sala, passei na cafeteria, comprei um café para viagem e segui direto para o meu prédio. Sentei em uma cadeira no canto e fiquei saboreando meu café enquanto olhava as pessoas entrarem. Um cara de uns vinte e cinco anos sentou na cadeira ao lado, sorriu para mim enquanto me estendia a mão.
- Olá! Meu nome é Thomas Lewis.
- Catarina Fidélis – respondi pegando sua mão.
Thomas era magro, da minha altura, cabelos castanhos e olhos azuis, sua voz era suave e cantada, possuía trejeitos afeminados sem ser afetado, gostei dele logo de cara.
A manhã passou voando. Tive que prestar atenção redobrada na aula, porque meu inglês não era tão bom assim, mas adorei, fiz muitas anotações que iria passar a limpo depois para fixar melhor o conteúdo. O sinal soou anunciando o fim das aulas da manhã. Alguns alunos se dirigiram aos dormitórios, outros ao restaurante. Eu iria para casa almoçar e descansar um pouco antes do meu primeiro dia de trabalho no The Toasted Frog.
Já estava perto do carro quando ouvi meu nome, virei e vi Thomas correndo em minha direção.
- Eu detesto a comida do restaurante daqui, não gostaria de comer alguma coisa comigo no centro? – disse.
Apesar de já ter feito meus próprios planos, meu único compromisso mesmo era ás cinco horas, então respondi:
- Claro! Entra aí. - convidei enquanto acionava a interface do carro.
Thomas era um amor, impossível não se apaixonar por ele. Desde que nos sentamos e pedimos hambúrgueres com coca-cola num restaurante que eu não conhecia, eu gostava cada vez mais de sua companhia. Ele me contou que era o filho mais novo de uma família de quatro irmãos, e desde os dezesseis anos sabia que era homossexual, mas agora aos vinte e cinco ele resolvera estudar longe de sua cidade para não mais ofender a parte de sua família que não aceitara sua situação. Thomas vinha de uma família rica. Seu pai possuía uma cadeia de supermercados e ficaram mais do que felizes em bancar o filho longe de casa.
Acho que inconscientemente Thomas percebeu que éramos duas pessoas sozinhas em um lugar estranho. Duas horas depois, deixei-o nos dormitórios da escola e fui para casa decidida a estudar um pouco antes de sair novamente para o trabalho. As quatro e trinta sai para meu primeiro dia de trabalho. O trajeto até o restaurante era de aproximadamente quinze minutos, eu estava um pouco nervosa, nunca havia servido mesas antes e porque às vezes as pessoas falavam muito rápido e ficava um pouco difícil entender, mas a grana era boa e eu teria que aprender.
O The Toasted Frog tinha um conceito eclético e divertido como frisou Jack o gerente. Era restaurante e lounge cuja missão era oferecer um serviço simpático, em um ambiente descontraído e acolhedor. Eu tinha ido à página da internet para impressionar o gerente. Após um rápido curso, Jack me ofereceu um uniforme com avental e me empurrou em direção ao vestiário dos funcionários. Meu trabalho era bem simples, eu começaria apenas arrumando as mesas e servindo as bebidas. O inconveniente era ficar em pé o tempo todo, mas no final do dia Jack me presenteou com $100 dólares de gorjeta. Quando o questionei, ele simplesmente disse que eu era rápida ao levar os pedidos e que os clientes gostavam disso.
