Capítulo três

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O feriado do dia do trabalho chegara, pulei da cama, tomei café da manhã, fiz as malas e paguei minha conta. Fiz o caminho até meu novo lar e assim que cheguei descarreguei o carro e comecei a ajeitar tudo. Coloquei lençóis novos na cama, toalhas enormes e felpudas nobanheiro e vasos de violetas na janela na cozinha. Estava cantando, enquanto esfregava a bancada da cozinha quando bateram à porta. Parei sobressaltada e fiquei em silêncio. Em minha cabeça rolaram as cenas de todos os programas de serial killer que eu já havia assistido no canal Investigação Discovery e eu já via meu cadáver sendo enterrado sob o carvalho. Sem ter outra opção, abri a porta de supetão e me deparei com o cara mais lindo que eu já havia visto em minha vida, e ele estava na porta da minha casa, e estava com uma cesta na mão. Caraca! Ele estava sorrindo para mim!

- Boa tarde! Meu nome é Matthew Bencke e somos vizinhos. Eu moro ali – disse enquanto apontava em direção aos arbustos de ameixas.

- Você mora no meio das ameixeiras? - Perguntei confusa. Meu novo e lindo vizinho sorriu e respondeu.

- Não, os arbustos dividem as propriedades.

Isso era óbvio e não era difícil de imaginar, mas eu não ia facilitar nada para ele, não é porque ele era um gato que iria passar imune ao meu sarcasmo.

- Isso é para você – disse estendendo uma cesta sabonetes e espuma para banho que exalava um perfume maravilhoso e envoltos em tule lilás com fita roxa.

- Puxa, obrigada! É muita gentileza. Você gostaria de entrar e tomar um café? Eu ia começa a preparar um lanche.

- Claro! Obrigado!

Minha sorte é que estava tudo praticamente pronto, enquanto Matthew sentava em um dos bancos altos do balcão da cozinha, peguei os ingredientes para fazer pães de queijo.

- Você ainda não me disse seu nome. – falou me observando com atenção.

- Desculpe. Catarina Fidélis – respondi estendendo a mão.

- Notei seu sotaque, de onde você é?

- Brasil. Nasci e morei na cidade de São Paulo.

Enquanto conversávamos misturei os ingredientes, liguei o forno, fiz as bolinhas com grandes nacos de queijo e as acomodei numa forma retangular. Depois de colocá-las no forno, coloquei o pó de café na cafeteira e liguei.

- Há quanto tempo está aqui? – perguntou Matthew enquanto observava atentamente todos os meus movimentos.

- Cheguei há dois dias e me mudei hoje e amanhã começam minhas aulas na ELS.

Arrumei uma linda mesa para o lanche com a louça nova que eu havia comprado naquela manhã. Sentamos-nos e enquanto Matthew se servia pude observá-lo disfarçadamente. O que mais chamava à atenção era sua altura, no mínimo tinha 1,88 cm e cabelos pretos, mas o mais lindo eram os olhos, ele possuía os olhos mais doces que eu já havia visto e num irresistível tom de azul.

Percebi que ele estava me olhando como quem aguarda uma resposta. Meu Deus que vergonha! Eu estava divagando.

- Desculpe o que você disse? – falei tentando não gaguejar.

- Perguntei o que você fazia no Brasil – disse enquanto devorava os pães de queijo. - isso está uma delícia – falou de boca cheia – eu nunca comi nada parecido!

- Sou formada em Arquivologia, e trabalhava em um arquivo público e você?

-Eu sou formado em Administração de Empresas e trabalho como gerente de investimentos em uma grande empresa em Fargo.

A conversa fluía fácil entre nós. Ele parecia realmente interessado em saber de onde vim, o que eu estava fazendo em Dakota do Norte e milhares de outros detalhes. Por outro lado era muito reservado em falar de si mesmo. A sala foi escurecendo e tive que me levantar para acender as luzes, quando voltei à mesa foi a vez dele levantar.

- Você com tanta coisa para fazer e eu aqui a monopolizando, está na hora de ir para casa. Se precisar de alguma coisa, por favor, não se acanhe.

- Obrigada, e obrigada pela visita e pela cesta, foi muito atencioso de sua parte.

Acompanhei-o até a varanda e fiquei olhando-o até vê-lo sumir por entre os arbustos.

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