Capítulo 7

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Harry olhava para o teto do quarto que dividia com Riddle, estava deitado na cama enquanto se perdia em pensamentos. Questionava se realmente conseguiria morar com Bertha, mesmo faltando poucas horas para isso acontecer. O rapaz não podia estar menos nervoso, achando que a qualquer minuto seus tios apareceriam para lhe tomar da sua nova família e, por ter sumido sem dar explicações, o trancariam no quarto debaixo da escada, sem comida ou água, lhe dizendo que tudo o que viveu nesse último mês não passou de um sonho tolo.

O moreno também temia que Cole não permitisse que Albertha adotasse ele e as outras duas crianças, apesar da Waterhouse já ter conversado com ele que conseguiria, nem que por meio de magia, adotar Tom, Harry e a pequena Olympe, que chorou ao ser questionada pela ruiva se queria tê-la como mãe e, desde então, a francesa começou a chamar Albertha de mamãe, ato que Harry considerava adorável em todos os sentidos. O moreno via o quão importante era para as duas essa conexão adquirida de mãe e filha, pois, depois desse dia, Olympe pareceu assimilar suas aulas de inglês com mais facilidade e maior velocidade, tentando sempre impressionar Bertha ao aprender novas palavras e iniciar diálogos, fazendo com que a bruxa mais velha se apaixonasse cada vez mais pela garotinha fofa e inteligente.

A mente de Potter, pensando em coisas adoráveis para si, era incapaz de não ser rapidamente preenchida por Tom, que parecia muito feliz nesses últimos dias e o mais novo se via cada vez mais encantado com o melhor amigo. Nunca tinha recebido tamanha atenção e carinho em toda sua vida como recebia do mais velho, se é que já recebeu qualquer tipo de afeto antes, e era irracional o quanto se sentia bem perto de Riddle, porém isso lhe preocupava ainda mais. Harry já não conseguia se imaginar longe de Albertha, de Olympe e, principalmente, de Tom, porém, algo dentro de si dizia que aquilo era temporário e esse algo nunca falhou consigo. O moreno temia pela possibilidade de ter que ir embora, de abandonar pessoas tão importantes para si ou de ser abandonado, sendo o último pensamento uma dor enorme para a criança.

Aquele era o inferno pessoal de Harry Potter.

- Já está acordado? - Tom adentrou no cômodo de repente, fazendo com que Harry se sobressaltasse, dando um pulinho na cama. O rapaz de olhos castanhos riu baixo, se aproximando furtivamente da cama e sentou no colchão, surpreendendo-se quando o rapaz virou para o lado contrário. - O que houve, Harry? - Tom perguntou e viu o menor virar para si com um bico nos lábios e a face chorosa.

- Eu acordei sozinho.. - Os olhos verdes cintilavam para o moreno mais velho e, o que para o Potter era um pouco de drama, para o outro rapaz foi uma facada no coração. - Você já deve ter até esquecido que dia é hoje. - Harry usou sua melhor expressão de chateado e quase riu ao ver o desespero do outro.

- Nunca que eu esqueceria seu aniversário, meu príncipe. - Riddle disse ao se jogar sobre o menor, o apertando nos braços e se sentindo um monstro por ter deixado o seu precioso Harry sozinho no primeiro aniversário que passavam juntos.

Por alguns segundos o mais novo estagnou, seu corpo formigou e ele sentiu-se estranho, mas tão logo recobrou a consciência, notou ter esquecido completamente do seu aniversário com tantas coisas passando por sua cabeça. Tom e ele conversaram sobre seus aniversários não tinha muito tempo, uma semana talvez, mas isso não impediu o rapaz de esquecer tal evento, afinal, seus parentes nunca tiveram o costume de lhe desejar sequer um feliz aniversário em sua antiga casa. Tom cortou seus pensamentos ao encher de beijos o rosto do menor, esse se arrepiou com o contato e aceitou o carinho, abraçando o moreno em resposta.

Percebeu que algo estava errado consigo, havia acordado sem Tom e realmente ficou chateado por um tempo, se sentiu abandonado, começando sua reflexão sobre algo que poderia dar errado no dia que, para si, já tinha começado péssimo. Sentia-se um idiota por isso. Agora, seu corpo parecia estar.. fora dos eixos. Harry era um garoto tímido e, sempre que Tom lhe dava carinho, ele se sentia ficar manhoso e envergonhado, mais do que quando Albertha e Olympe o faziam, mas nunca teve sensações tão estranhas como essas. Era como receber cargas elétricas quentes e frias pelo corpo após ser tocado pelo outro, causando uma onda congelante em seu interior e uma onda fervente na sua pele, depois se afogando nas ondas e morrendo sem oxigênio. O menino de olhos verdes se assustou de imediato, ofegando em busca de ar tão profundamente que Tom lançou um olhar para seu rosto com tamanha preocupação que Potter teve de fingir ter apenas engasgado, cobrindo sua boca com a mão e tossindo algumas vezes.

Harry Potter and the Salazar Slytherin SocietyOnde histórias criam vida. Descubra agora