Capítulo 5

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Depois de nos despedirmos de Bertha, Tom me mostrou o orfanato. Alguns poucos lugares eu já conhecia, por ter passado neles quando o procurava. Ele me falou que, por não ter tido nenhum amigo antes de mim, era sua primeira vez como guia, pois não queria ter de fazer interações desnecessárias com as outras crianças. Sorri, porque se eu sou o primeiro amigo dele, isso me torna especial para si. Peguei na mão do moreno, entrelaçando nossos dedos.

- Então somos melhores amigos? - Perguntei, olhando nos olhos castanhos, vendo um brilho sagaz tomar conta das íris.

- Eu sempre sou o melhor em tudo, Harry. - Comentou, me fazendo revirar os olhos com o tamanho do ego dele, mas ri em seguida. - Então é óbvio que sou seu melhor amigo. Ou tem algum melhor do que eu? - Essa foi a vez dele perguntar, sua sombrancelha foi erguida e tremeu um pouco, parecendo vacilar, e sua testa franziu, tornando sua expressão séria e invasiva.

Pisquei, atônito, tentando entender a evolução da conversa. Eu não tinha nenhum amigo além de Tom, Bertha e sua família, mas meu melhor amigo seria ele, mesmo com nossa amizade tendo sido criada a pouco tempo, e disso eu não tinha dúvidas, mas algo martelou na minha mente nesse momento e tive que perguntar, mesmo temendo me arrepender de brincar com a sorte.

- E se eu tiver? - Rebati, vendo a indignação tomar forma no rosto do rapaz. Ele abriu e fechou a boca, como se procurasse o que dizer, porém isso foi o suficiente para me fazer rir de sua perplexidade.

- Não tem graça! - Ele me olhou como se fosse me bater ali mesmo, mas apenas saiu pisando duro na frente, me deixando rindo atrás de si. Corri para alcançá-lo, tocando na mão pálida com todo o cuidado possível. - Você é o pior melhor amigo do mundo.. - Sorri, deixando um beijo na face carrancuda, estalando meus lábios em sua bochecha.

- Mas eu sou o melhor nisso. - Pisquei para ele, recebendo um sorriso amplo como resposta e uma face tão corada quanto a minha devia estar, seguido de uma risada contida entre nós.

Seguimos de mãos dadas pelo restante do lugar e, depois de conhecer o primeiro, segundo e o terceiro andar por completo, fomos para fora do orfanato e corri ao ver que havia um jardim com balanços e bastante espaço. Subi no balanço em um pulo, com agilidade, sendo seguido por Tom que me empurrou para frente, fazendo o balanço se mexer e o agradeci.

- Eu que agradeço.. - Ouvi o mais velho dizer, me deixando acanhado. É ele quem está me empurrando, me mostrando o lugar e todo o resto, oras, não há motivos para me agradecer.

Fui empurrado para bem alto, sentindo o vento gelado bater no meu rosto e, assim que retornei para baixo, senti as correntes do balanço serem seguradas por cima das minhas mãos, fazendo com que eu parasse em um solavanco forte e por pouco não caí do banco. Tom contornou o brinquedo e ficou na minha frente, se pondo entre minhas pernas. Ele puxou novamente as correntes, nos deixando cara a cara e com os corpos quase colados. Meu coração estava batendo rápido e forte no peito.

Mirei os olhos castanho-escuros vidrados em mim, eu estava nervoso, apesar de não entender o porquê, então fechei os olhos e tentei regular minha respiração, abrindo a boca para expirar. A mão morna de Tom pousou sobre a minha e fez com que me acalmasse instantaneamente, porém quando nossas testas se tocaram meu estado de pânico voltou e eu quase morri ali mesmo.

- Por você ter me protegido. - Sua voz soou inacreditavelmente doce e estável, o que me fez pensar se meu cérebro estava funcionando nos conformes. Céus, por que eu estou quase infartando?! Simplesmente não faz sentido, mas sinto minha morte se aproximando. - Meu herói..

O toque suave dos lábios de Tom sobre minha cicatriz fez meu corpo vibrar, sentindo o calor ali se deslocar para todo o meu rosto, deixando-o quente como brasa. Assim que ele se afastou, abri um dos meus olhos devagar, espiando pela fresta o rapaz com um sorriso satisfeito nos lábios. Ele se aproximou de novo e beijou minha bochecha, rindo baixinho em seguida, provavelmente por eu ter fechado meus olhos novamente.

Harry Potter and the Salazar Slytherin SocietyOnde histórias criam vida. Descubra agora