04

366 69 0
                                    

× ARTHIT HOORNE ×
(31 de Agosto)

| SONHO ON
Respirando fundo, sinto ao forte cheiro de enxofre e fumaça que entram em meus pulmões, meu corpo estremece com o medo do que está por vir imediatamente, pois aquilo sempre era capaz de sufocar tão apertado que podiam gerar minhas costumeiras crises de ansiedade ou pânico. Mas me esforço para abrir os olhos o mais devagar possível, clamando para qualquer divindade que é capaz de ouvir uma alma quebrada para que seja apenas um momento de coincidência ruim, mas não é.
Eu estava de volta aquele lugar, o assombro de tudo, onde via meu próprio corpo lutando a mais um minuto de vida, sobrevivendo ao vazio opressor que machuca com milhares de cortes abertos sobre meu corpo. O lugar em que o fogo queima alto e esconde ao pedido de socorro que faço com minhas últimas forças, onde a sua grama é queimada e coberta por fuligem dos mortos que foram queimados aqui, e nenhum som além do eco da sua própria voz é ouvido.

Era tão vazio e silencioso quanto o quarto do hospital que acordei após o acidente de carro, com as paredes infinitamente brancas e os aparelhos conectados a mim, e com aquela sensação vazia. Onde algo me dizia que não importasse o quanto fosse gritar ou implorar, nada séria capaz de acontecer ou parar que o vazio me dominasse aos poucos.
E eu sabia, sabia que nada do que fizesse a partir dali seria capaz de o preencher, não importasse com quem compartilhasse a cama em busca de um pouco de calor ou o quanto eu olhasse para os lados em busca de algo que nunca era encontrado, ou dos remédios que tomava para diminuir as crises ou consegui dormir, nada fazia que o vazio sumisse. E todos os dias se tornavam repetitivos.

E aquele lugar não era diferente, pois eu sabia o que viria depois disso, que os momentos adiante depois de ter abertos os olhos se tornariam um pesadelo repetitivo que me fariam desejar morrer, já que meu psicológico e emocional estão malditamente fodidos com tudo. E eu odiava isso, a sensação que me queria fazer desistir pela busca de algo inalcançável, era o que me levava a ficar acordado e ingerir cafeína, acumulando sono e virando um zumbi, mas era bem melhor do dormir e sonhar com isso ou com dois estranhos.

Começo a caminhar, embora meu peito doa a cada passo na grama cinza, me direcionando para mais perto do fogo, onde uma pilha de corpos está. E mesmo que eu não queira ver as pessoas que foram assassinadas de modo tão brutal e jogadas nesse fim de mundo de merda, os desconhecidos com os seus rostos embaçados pareciam ser pessoas importantes a mim, em um dimensão que ainda não consigo alcançar, pois machucava minha alma olhar para eles.
O curto engasgo com o sangue é ouvido, um eco no silêncio desse lugar, mas sinto que o meu corpo tremem e minhas soam, e o meu coração aperta tão firme que eu poderia morrer de tristeza com isso. Prendo a respiração, e dou o último passo ao começo disso, e fecho os olhos.

Não era preciso abri meus olhos para saber o que encontraria, era a mim mesmo na beira da morte, se engasgando no próprio sangue e com milhares de ferimentos tão profundos que era difícil de dizer como não fui capaz de morrer tão rápido. Minha vida pendia em um fio entre a vida e a morte, tão fino e estreito que a dor se estendia a cada corte em meu corpo a todas tentativas falhas para respirar, ter um segundo a mais.
E doía, eu sabia disso, estive aqui tantas e tantas vezes que podia me lembrar de cada um dos mil cortes pulsando, de cada vez que o sangue fechava minha garganta e meu corpo convulsionava para se manter. E eu sentia isso outra vez, assim que abrisse os olhos, estaria deitada no chão coberto de fuligem e torceria para ser o fim, de que fosse a última vez.

E tomando coragem, a última da que me resta, abro meus olhos e sinto ao gosto amargo do cobre encher minha boca e todo o meu corpo doer, a visão do céu limpo de estrelas é tudo que vejo agora. E meu corpo sofre com espasmos que impulsionam o meu peito já dolorido, as lágrimas escorrem pelo canto dos meus olhos e meu soluço sufoca junto ao sangue na garganta, fazendo que tudo seja oprimido dentro de mim.

— Socorro... - Sussurro ao vento, tão baixo que o eco não acontece de volta.

A dor se expande em cada fibra e lágrimas descem como cachoeira turbulenta, e tudo que desejo em meio a isso é um mísero sussurro de volta, qualquer ajuda para me tirar daqui e me estender a mão. Mas no fundo eu sei que ninguém virá me salvar, pois nem a minha sombra está, apenas o eco que a morte aos poucos faziam, vindo em minha direção até que a dor pare e o meu corpo fique leve.
E é exatamente assim que vejo a mim, sozinho com o próprio eco na minha cabeça, fingindo estar tudo bem, embora falte algo.

— Por favor...
SONHO OFF |

Abro os olhos, sentindo que meu corpo está sendo mantido preso por alguém, braços firmes estão entorno de mim enquanto tem a pedaços de vidros, que não faço de onde veio, espalhados pelo chão. E não sou capaz de os alcançar, toda a pressão sobre mim é dominante demais, não me deixando sequer se mover para fora do lugar, mas ao mesmo tempo que era firme, o aperto é também gentil.
Meu coração está acelerado e não lembro de como cheguei aqui, ao banheiro do apartamento que eu consegui próximo a universidade e ao lado do de Drake e Frank, em que tem alguém me impedindo de chegar aos vidros do espelho quebrado que estão em todo lugar. O meu corpo treme, e as minhas mãos doem, e posso ver o meu sangue pelo azulejo branco.

Meu sangue. Minhas mãos estão cheias de cortes, minhas roupas estão manchadas e tudo ainda é uma bagunça com um ruído alto em meus ouvidos, enquanto me debato para conseguir sair.
Dói, tudo sufoca tão apertado ao ponto de esgotar minha vontade de continuar tentando. E eu não quero mais tentar, apenas quero dormir sem toda essa merda, ter uma vida normal sem os apagões repentinos.

— Está tudo bem, Arthit... - Ouço a voz familiar e distante de Drake.

Movo minha cabeça, embora as lágrimas ardam em meus olhos, embaçando minha visão. Mas os braços que me envolvem o meu corpo se afrouxam um pouco, o suficiente para que consiga ver a Drake ao me mover.
Seus cabelos estão despenteados e ele tem olheiras pelas diversas vezes em que vem a meu socorro durante as noites, posso ver que ele também está manchado por sangue, mas sorri calmamente a mim.

— Dray... - Sussurro, sentindo que a tristeza se apossa de mim e os seus braços voltam a me apertam contra ele. — Sinto muito. Sinto muito. Sinto muito...

Repito com a voz embargada, as crises vinham ficado difíceis e as vezes eu acordava sem lembrar de nada do que fiz. As vezes era como um apagão repetindo, em que o pesadelo se fundia com a minha realidade, e me levava ao meu limite, e quando via estou a metros do chão e pronto para dar um encerramento em minha vida miserável.
Aquilo estava tão insuportável de manter, que começava a desejar uma camisa se força para pode me conter e não machucar mais ninguém, parecia que eu perdia minha sanidade aos poucos. Aos poucos tudo seguia um rumo em que eu machucaria a todos com quem me importo.

— Esta tudo bem, Arthit. Eu estou aqui, bem aqui, você não está sozinho...

| Twitter - Arthit (Privado)

| Twitter - Arthit (Privado)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.







BROKEN PARTS × STALEC2Onde histórias criam vida. Descubra agora