[12] quanto tempo, ajumma!

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#éelenãoela

Esta história não tem a intenção de generalizar experiências de uma pessoa trans. Cada trans tem suas vivências, cada trans tem seus ideais.

Ser trans é ser plural!

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[JEON JUNGKOOK]

Não. Não assim. Use o polegar também ― instruo, segurando os dedos curtos da pequena Yeri e os posicionando da forma correta. ― Se usar apenas o indicador pra tocar, o som vai sair um pouco abafado e sem forma. Com o polegar cria firmeza e os acordes saem bonitos.

A mais nova assente e toca outra vez. É impossível não sorrir ao ver aquela criança acertar o acorde e virar-se para mim toda contente. Seu sorrisinho é banguela, uma graça!

― Olha, oppa. Eu consegui!

― Conseguiu mesmo ― respondo, bagunçando seus cabelos castanhos. ― Agora tente novamente aquela batida que aprendemos logo cedo.

― Certo, oppa!

Yeri tenta outra vez, tocando com dificuldade e fora do tempo, mas sem dúvidas com o som mais limpo e agradável. A pequena repete, sob minhas instruções, o processo várias e várias vezes, até o momento que Taehyung aparece na sala, encostando-se no batente da porta.

― Yeri-ah, sua mãe chegou ― Taehyung anuncia e Yeri faz bico. ― Eu sei que você ama esse seu oppa aí, mas todo banquete, há de ter um fim.

― Eu nunca entendo nada do que o Taetae oppa fala, oppa! ― Yeri sussurra ao meu lado.

― Ei, eu ouvi!

Reviro os olhos, trocando risadas cúmplices com a menina enquanto ajudo-na a guardar o violão na capa. Logo sinto seus bracinhos enlaçando minha cintura num abraço rápido de despedida.

― As crianças te adoram ― Taehyung diz ao voltar. ― Me sinto traído.

― Nem é pra tanto.

― Não é? É só "Kookie oppa" pra cá, "tio Kookie" pra lá! ― Taehyung dramatiza e eu rio, guardando papéis e ajeitando as cadeiras. ― Eu que sou o professor!

― E você ainda tem a pachorra de me chamar de dramático, né? ― eu rebato, pegando meu violão e o guardando na capa.

― Você é dramático, aqui são apenas exceções momentâneas ― ele diz, cruzando os braços e empinando o nariz.

― Em outras palavras, invejoso ― eu alfineto, ganhando do mais velho um olhar possesso, seguido de um dedo do meio. Não foi preciso nem 10 segundos para ambos caírem em risadas.

― Brincadeiras à parte. Valeu mesmo por ter se oferecido essa semana.

― Hyung, você sabe que pode me chamar sempre que for preciso ― ponho alça em meu ombro, aproximando-me do mais velho. ― Sua mãe 'tá melhor?

Taehyung suspira.

― É... Se com melhor você quer dizer sedada pra controlar os picos maníacos? Então sim, ela 'tá melhor...

Não faz muito tempo que Taehyung nos contou sobre a situação de sua mãe (esta que nunca nem chegamos a conhecer). A Sra. Kim há anos atrás, quando o hyung ainda tinha 13 anos, era uma mulher bastante sociável; era psicóloga e passou mais da metade da vida ajudando outras pessoas, mas nunca preocupando-se consigo mesma. Taehyung diz que aos poucos foi percebendo sua mãe com picos de humores cada vez mais estranhos, se isolando ao chegar do trabalho e delirando enquanto dormia. Ao que parece, quando uma sessão era muito pesada, a Sra. Kim acabava por absorver tudo e passou a ter alucinações que para um pré-adolescente como o hyung, foi completamente traumatizante.

I am a BOY ⚧ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora