[05] as aulas começaram.

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Esta história não tem a intenção de generalizar experiências de uma pessoa trans. Cada trans tem sua vivência, cada trans tem seus ideais.

Ser trans é ser plural!

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[PARK JIMIN]

Quando meu irmão me contou que a adaptação numa nova cidade, sobretudo, num novo país, seria difícil; fiz a minha melhor cara de "panaca confiante", rindo debochado após dizer que seria fichinha.

Um verdadeiro tonto por achar que seria fichinha.

Primeiro que, logo ao entrar no avião, meu estômago embrulhou e eu senti que cagaria nas calças. Nunca havia andado de avião, tipo, nunca mesmo!

O máximo que eu andei de transporte-que-voa foi um brinquedo que eu e Jungyon nos prestamos a ir no parque de diversões de Busan. Era um carrossel com vários balanços que giram muito, muito rápido.

Obviamente a Yon adorou, já eu, por outro lado, quase vomitei assim que saí daquele demônio giratório (extra: me ajoelhei e beijei o chão, bem dramático mesmo para combinar com a minha futura profissão!)

Eu nunca fui um exemplo de coragem quando a situação envolvia altura.

Então não foi novidade eu estar suando frio, me tremendo feito Pinscher em meu assento, só tendo pensamentos extremamente "otimistas" enquanto o avião decola.

É agora que eu morro, né?

Se isso cair, quais as chances de eu sobreviver?!

Meu deus do céu esse avião tá lotado, será que aguenta? Minha mala tá pesada pra porra e se passou do peso aceitável... Tem peso aceitável? Óbvio que tem! O avião não vai aguentar, nós vamos morrer?!

― Senhor... ― me espanto com o toque de uma mão em meu ombro e encaro a aeromoça em pé ao meu lado ― Está bem? Deseja um copo d'água?

― E-eu...

Engulo a seco, passando a mão pela minha testa que, até então não tinha percebido estar tão suada, e respondo a moça não tendo certeza se de fato eu queria ter dito isso: ― T-tô' bem sim. Não preciso de água...

A aeromoça franziu o cenho e assentiu; talvez não tão convencida assim sobre o meu estado, mas não questionou e tratou de atender o assento paralelo ao meu. Nesse intervalo, olho de relance para as duas "companhias" de poltrona: uma velhinha entretida com uma das revistas do avião e um cara ruivo barbudo dormindo contra a parede.

Uma tentativa de, sei lá... não ser o único a quase ter uma síncope no avião.

Respiro fundo outra vez, apertando mais o cinto e segurando firme no braço da poltrona. E foi no instante que eu seria rondado por mais uma pilha de pensamentos sobre como essa viagem poderia acabar em uma tragédia, que eu ouço o pigarro da senhorinha ao meu lado.

― Com licença, ― ela começa, tendo a atenção da aeromoça para si ― Por favor, traga um copo d'água para essa criança, ele está com vergonha.

A aeromoça assentiu, servindo um copo com uma quantidade bem considerável de água com alguns blocos de gelo e me entregou. Agradeci, envergonhado, tomando uns bons dois goles antes de me virar para a mais velha.

― Obrigado.

― Não precisa agradecer, também é a minha primeira vez viajando. ― falou, ajeitando os óculos de leitura sobre o nariz miúdo, com atenção focada na explicação de como pôr os coletes salva-vidas ― Ler essas revistas ajuda a distrair o frio na barriga. Por que você não tenta?

I am a BOY ⚧ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora