I am a BOY ⚧ jikook

[11] sem contato, seguimos em frente.

#éelenãoela

Esta história não tem a intenção de generalizar experiências de uma pessoa trans. Cada trans tem suas vivências, cada trans tem seus ideais.

Ser trans é ser plural!

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[JEON JUNGKOOK]

― Pra quê tudo isso? Era pra ser só um hemograma ― eu resmungo, encolhido na cadeira da clínica. O ar gelado saía justamente onde eu e minha mãe estávamos. A mais velha, sempre muito precavida, estava agasalhada.

Infelizmente eu não posso dizer o mesmo de mim, pois mesmo com os avisos de Sunmin, eu vesti uma camisa preta de algodão, calça e chinelo. Sem casacos, nem nada. Me ferrei, obviamente. Está frio que só uma desgraça!

― Filho. Eu sei que você está ansioso, mas a gente precisa desses exames pra checar se está tudo ok. Já pensou na possibilidade de você ter algum problema no rim por conta da dose errada de testosterona? ― minha mãe diz, acariciando minha pele avermelhada e gelada. Eu suspiro, balançando a cabeça em concordância. Ela está certa, afinal. ― Logo, logo, meu menininho vai ficar um meninão!

― Mamãe! ― eu rio, sentindo a mais velha apertar minha bochecha. ― A senhora acha que eu vou... sabe, ter barba?

Sunmin cutuca o próprio queixo com o indicador, parecendo pensar sobre.

― Bom, em nossa família não tem muitos homens barbudos. O máximo era o seu avô, mas o dele era um bigodinho branco ralo ― ela diz e eu assinto, já prevendo a sua resposta. ― Por parte de pai também não tem, então vai ser um pouquinho difícil crescer algum pelo nessa sua cara, ogrinho.

― Imaginei ― dou de ombro, não me importando muito. Não é como se eu quisesse ter barba, de qualquer forma.

Ainda pensativo, balançando a minha perna direita ansiosamente, eu volto a minha mãe outra vez.

― A senhora acha que a minha voz vai engrossar?

― Provavelmente, filho. As cordas vocais tendem a engrossar por conta da testosterona ― mamãe diz, pegando uma revista da mesinha à nossa frente e folheando-a. ― Seu clitóris vai crescer também.

― Fala mais baixo! ― bufo, sentindo minhas bochechas esquentarem enquanto a mais velha solta uma risadinha. ― Como a senhora sabe disso tudo afinal?

― Eu sou da área da saúde, moleque! ― ela revira os olhos. ― E eu dei uma pesquisada também.

― Típico de Jeon Sunmin.

― Uma mãe de verdade tem que estar por dentro das mudanças do seu filho, Jeon Jungkook.

― Mas não precisa comentar no meio de um monte de gente, né... ― eu resmungo enquanto minha mãe finge que eu não existo ao se debruçar na leitura de uma receita de pudim.

― Jeon Jungkook. ― ouço meu nome ser chamado na recepção, indicando que era a minha vez e prontamente me levanto. Entretanto ao ver o espaço vazio ao meu lado quando dou o primeiro passo, viro a cabeça para minha mãe e encaro-a com o cenho franzido por ela continuar sentada, entretida com fofoca de ator famoso.

― A senhora não vem?

Sunmin nega e eu começo a fazer meus famosos olhinhos pidões, quase um Gato de Botas da vida real. Uma tentativa de amolecer o coração da mais velha, mas quem disse que funcionou?