11. Assentos & Ameaças

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Kate
Domingo chegou mais rápido do que esperava. E, não, os meus nervos não se acalmaram por nenhum momento desde o convite.

Estava coberta somente por uma toalha, encarando o meu guarda roupa inútil, quando percebo que não faço ideia da formalidade da ocasião.

Era um almoço de família, sim. Mas a família de Griffin deveria ser muito diferente da minha.

Um maldito sortudo, era isso que o meu vizinho era...

Respiro fundo, dando batidinhas em minhas bochechas. Precisava me acalmar. Precisava raciocinar, usar a razão.

Minha razão só me informava que eu não tinha nada, absolutamente nada, para vestir.

Tudo era muito curto, ou muito longo, ou muito formal, ou muito simples, ou muito...muito velho.

Planto minhas mãos no quadril, mentalmente explodindo cada peça de roupa que eu possuía. Inúteis, penso, todas vocês!

Frustrada e sem tempo, troco a toalha por uma simples e azul camisa de lã, gola alta, que desaparece em virtude da saia alta e escura — a qual demarcava levemente a curva de minha cintura.

Decido classificar como irrelevante o frio que sentiria em minhas pernas desnudas. Nada que eu não pudesse aguentar.

A minha campainha me interrompe na metade da maquiagem, mas Griffin me conhecia melhor do que isso para ficar esperando pela minha boa vontade de abrir a porta. Raramente a possuía, sinceramente.

Estava destrancada. E ele sabia aonde eu escondia as chaves.

Seus passos espalham um calor bem-vindo pelo meu peito. Meramente, a adrenalina de meu organismo em ação.

—Kate? — Ele aparece atrás da minha reflexão no espelho, meu rosto preso em uma daquelas caretas durante a aplicação do rímel. — Por que parece que um furacão passou por aqui?

Ele estava se referindo ao meu quarto. Mais especificamente, às dezenas de roupas —inúteis — descartadas em minha cama.

—Porque eu não tenho nada para vestir.

Ele ergue uma única sobrancelha, como se pedisse uma elaboração da afirmação. Luto contra um sorrisinho.

—Eu sei que parece que eu tenho muitas roupas, mas eu não tenho nada para vestir. Há uma diferença crucial — explico, fechando o tubo de rímel.

—Não acho que há, não — ele provoca.

—Mas é claro que há. Aquelas roupas só não são vestíveis. Me deixam gorda ou fora dessa década. E, para cada peça, há um número limitado de combinações; isso só estraga tudo. — Espalho blush por minhas bochechas, meu nariz. — Até isso que eu escolhi não me deixa exatamente como quero estar.

Griffin estava encostado na moldura da porta do meu banheiro, um sorriso masculino embelezando seu rosto, aquela única covinha me incitando.

Aqueles olhos castanhos percorriam a (pequena) extensão do meu corpo sem o menor pingo de vergonha, avaliando-me.

—Você aparenta perfeita para mim — Griff murmura. Meu coração incha.

Aquilo foi o suficiente para eu tampar a embalagem de maquiagem em minhas mãos em um alto baque.

Que Deus me ajudasse, eu pularia nesse homem.

—Bem, eu estou pronta — informo, minha voz aguda, de repente.

Passo por ele, agarrando a bolsa e crescendo alguns centímetros com minhas botinhas altas. Eu não prestei atenção em seu perfume — um aroma intoxicante, quase como a chuva ou o mar — e, certamente, não desejei tê-lo impregnado em meus travesseiros.

Experimento AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora