4. Manhãs & Galanteios

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Kate
Tocava a campainha pela décima vez quando a porta do meu vizinho foi aberta, revelando-o com cabelos castanhos bagunçados e os olhos apertados de sono.

Griffin parecia ter acabado de cair da cama.

—Bom dia — digo, erguendo a cabeça para encontrar seu olhar confuso, cansado e desorientado em mim.

Ele pisca algumas vezes, processando a cena. Decido quebrar o silêncio:

—Eu te acordei.

Assentindo devagar, ele abre a porta um pouco mais. Um convite para entrar.

—Não foi um sonho, então. — Sua voz estava rouca e grave enquanto caminhava até um corredor.

Fecho a porta atrás de mim, torcendo para que meus olhos não desviassem de um modo óbvio para o seu abdômen desnudo.

Griffin aponta fracamente para um sofá escuro e some por um corredor com passos arrastados. Ouço uma porta abrir e fechar.

Ele não era uma pessoa matinal, ao que tudo indicava. Anotado.

Sento-me no confortável sofá e absorvo o apartamento. Parecia ter a mesma planta do meu, mas em uma paleta de cores diferente.

Onde o meu era escuro — cheio de tons de cinza e preto, ocasionalmente, contrastando com um branco ou marfim — e elegante, o dele era...colorido.

A sala era composta por variações de azul, com dois sofás escuros, uma mesa de jantar, do outro lado do cômodo, com cadeiras acolchoadas de tecido turquesa. Uma TV descansava na parede oposta a mim.

Algumas latinhas de uma bebida que eu não conseguia definir enfeitavam a mesinha.

Olhando para trás, via que a cozinha e a sala eram, praticamente, no mesmo cômodo, separadas somente por um balcão e a mudança de tonalidade do papel de parede. A cozinha era verde. Hm.

Caixas de papelão também podiam ser encontradas — restos da mudança, acho.

Passos descalços ecoam do corredor e eu me viro, apertando os meus joelhos. Não havia conseguido dormir de ansiedade.

Griffin retorna, com uma camiseta branca e as mesmas calças de moletom cinzas, mas, quando acho que ele vai sentar no sofá adjacente ao meu, desvia para a cozinha.

Impaciente, mudo-me para o banquinho, cotovelos apoiados no balcão verde-água.

—Bom dia — ele, finalmente, fala, manuseando a máquina de café. — Desculpa, eu não funciono antes das onze em finais de semana. Café?

O estudo por alguns segundos.

—Com leite. Uma colherzinha de açúcar, por favor — respondo, pondo a folha de papel que havia imprimido na mesa — Trouxe a sua cópia das regras. Do contrato, quero dizer.

Griffin olha rapidamente e assente. Mordo meus lábios.

—Já teve a chance de dar uma olhada nos estudos que eu deixei com você? — pergunto.

Griffin não responde por um período enervante de tempo. Ele respira fundo e se encosta no balcão também, por fim, olhando direito para mim. Seus olhos eram de um tom charmoso de castanho, percebo.

—Eu passei a noite inteira pensando em desistir do nosso acordo — Griff confessa e eu congelo completamente.

—Tarde demais. — Aponto para a folha de papel. Para o seu nome, mais especificamente.

—É, eu sei...— Uma pausa. — Essa situação não é exatamente normal. Você sabe disso. — Assinto devagar, confirmando. Seus dedos percorrem os fios de seus cabelos, bagunçando-os ainda mais.

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