Griffin
—Está atrasado — Katherine me oferece como saudação ao abrir a porta, antes mesmo de eu tirar os dedos da campainha.Não havia me atrasado. Tanto. Só havia perdido a noção do tempo na leitura de um capítulo sobre proporções e...
Percorro meus olhos, de repente, pela pequena forma da morena com a expressão frustrada em minha frente. Kate estava radiante em um vestido vermelho que dava o devido destaque a sua cada curva — mesmo que irradiasse insatisfação no olhar.
Ela estava certamente mais bem vestida do que eu. Instintivamente, encaro meus chinelos amarelos. Hm.
—Bem...?— Ergo meu olhar e percebo que Kate esperava uma resposta. Ela havia dito alguma coisa? Pisco uma, duas vezes e limpo a garganta. Antes que uma desculpa qualquer deixasse a minha boca, ela me interrompe. — Você vai ficar aí fora a noite inteira sem falar nada?
Balanço a cabeça devagar, ainda incapaz de proferir uma palavra sequer.
Kate revira os olhos e adentra o seu apartamento. Presumo que devo...segui-la.
Suas longas mechas escuras balançam ao caminhar até a cozinha, revelando, em parte, as costas desnudas de seu vestido. Abaixo meu olhar até os seus pés e sorrio. Kate, apesar da elegância de seus trajes, estava descalça.
Fecho a porta atrás de mim e caminho, meio sem jeito, até o centro da sua sala de estar.
—Você quer alguma coisa para beber? — ela pergunta da cozinha, sons de vidro contra vidro ao fundo.
—Hã...uma água?
Logo depois, Kate retorna com duas taças. Uma de vinho. Uma de água. Um meio sorriso curva meus lábios.
Com movimentos precisos, Katherine se senta no sofisticado sofá cinza e eu me junto a ela, uma taça em minhas mãos.
Cruzando as pernas, na outra extremidade do móvel, ela persiste:
—Você está atrasado.
—Mil perdões, querida, pelos cinco preciosos minutos que a privei do prazer da minha companhia.
Percebo que Kate esconde o seu sorriso em um gole de vinho. Tento esconder o meu do mesmo modo. Ao sabor (ou falta de) da água, chego à conclusão de que deveria ter pedido o vinho.
—Perdi a hora com os meus estudos — ofereço, seus olhos aprisionando os meus por completo, como se estivéssemos em algum tipo de competição não dita. Um jogo no qual quem desviasse o olhar primeiro perderia.
E eu estava disposto a jogar esse jogo.
—Não suponho que tenha lido os artigos que eu deixei com você.
—Já disse para não preocupar essa sua cabecinha. Eu sei exatamente o que estou fazendo.
Kate ergue uma sobrancelha, o vinho rodopiando levemente em sua taça. Angulando levemente o rosto e estreitando o olhar, ela pergunta:
—O que você está fazendo?
—Eu pensei que estivesse óbvio. — Olhos contemplativos parecem me estudar por mais um momento. Isso era divertido. — Você disse que era uma escritora — mudo de assunto.
Kate assente devagar.
—De romances, sim.
—Ouso supor que você já publicou alguma coisa?
Seus olhos deixam os meus, focando na bebida escura em movimento na taça.
—Eu tenho dois livros publicados. Claramente, não são o melhor do meu trabalho. Por isso que você está aqui. — Mais um gole.
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Experimento Amor
RomancePara Kate, a vida é como uma fórmula matemática. Uma constante que segue uma simples e certa receita de causa e consequência. Ela, também, nunca teve muito espaço para o amor em sua vida. Isto é, até o seu emprego depender disso. E coube ao brilhan...