12. Aptos & Fortes

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Kate
Sempre achei impressionante como uma única pessoa conseguia controlar uma sala inteira. Uma característica admirável, realmente.

Eu, particularmente, não a possuo, mas Angela DeRossi parece ter muita experiência no setor.

Era como se todos tivessem congelados — inclusive a mim — sob o seu olhar imparcial.

Bria com um dedo apontado (ameaçadoramente) para a irmã do meio; Brad e Willow cobrindo os lábios com as mãos; até Gavin tirou os olhos de sua esposa — Sienna — pela primeira vez desde a nossa chegada.

O rosto da senhora e as reações da família pareciam me preparar para uma possível bronca. Reconto meus passos, procurando algum erro meu. Não. Não lembrava de nada.

Toda essa cena, todavia, só durou alguns segundos, pois, no instante em que ela aparenta terminar de contar as nossas cabeças e avaliar a sala, Angela extingue toda a tensão com um simples e leve:

—Vocês não começaram a comer sem mim, começaram?

E, assim, todos voltam as suas respectivas conversas. A risada feia de Brad me fazia sorrir novamente. Era realmente muito feia, o que só a tornava mais engraçada.

Quando Angela se senta na cabeceira da mesa mais próxima a Griff, era como se um sinal silencioso tivesse sido acionado. Todos pareciam automaticamente preencher os pratos com alguma coisa.

Haviam dois grandes recipientes com dois tipos de macarrão e um outro maior, e mais disputado, no centro com um molho de tomate que cheirava absolutamente divino.

Era como se eu conseguisse sentir o gosto do manjericão antes mesmo de prová-lo.

—Você é uma pequena cientista — murmura Griffin em meu ouvido. Fico subitamente muito ciente de seu corpo próximo ao meu. — Deve saber sobre a lei do mais forte. Sobre a sobrevivência do mais apto.

—Seleção natural. Charles Darwin.

Viro meu rosto em direção ao dele, meus olhos pousando no sorrisinho perigoso de seus lábios. Não achei que eu estivesse mais respirando.

—Muito bem, aqui, o funcionamento é parecido — ele afirma, olhos predadores em um dos pegadores de massa. — Só o mais apto sobrevive. Por isso, querida, você precisa ser... — Assim que Hannah larga o utensílio, Griffin o tem em mãos num piscar de olhos. — Rápida.

Meu vizinho passa a ocupar a superfície de seu prato com uma generosa porção de macarrão, os olhos de metade da mesa estavam em suas mãos — predando o pegador.

Como animais em uma floresta.

—Ou você fica com fome...e morre? — é o que escapa de meus lábios.

Os largos ombros de Griffin tremem em uma risada silenciosa, a qual eu sinto reverberar e acordar as "borboletas" em meu estômago. Céus, como as odiava!

A própria expressão era ridícula, para começo de conversa. Era tudo uma questão de adrenalina e movimento do sangue pelos vasos.

Mas suponho que...sim, era como se, hipoteticamente, existissem borboletas desenfreadas dando uma festa em minha barriga.

Ao som de uma maldita risada. O que eu estava me tornando?

De repente, Griffin põe o pegador em minha mão, um brilho bobo clareando seu olhar.

—Não, mas, se não se for rápido nessa mesa, você é obrigado a comer almoço frio — ele explica.

Pisco algumas vezes. Processando.

Experimento AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora