Griffin
Kate estava comicamente quieta do outro lado de seu enorme sofá, como se eu tivesse algum grave tipo de doença infecciosa.Estava precisando de tudo que tinha para suprimir o riso. Essa mulher...
Minha vizinha leva a xícara de café aos lábios — bebida que ela decidiu fazer enquanto eu tomava um banho — e eu finjo ignorar a maneira que seus olhos perambulavam por cada centímetro da sala na direção oposta a minha.
Me pergunto o que Kate faria quando seu café acabasse, como ela ocuparia o seu tempo, como ela adiaria a conversa que vim para termos.
Confesso que parte de mim deseja desesperadamente pousar minha mão ao redor da delicada curva de sua nuca e tomar seus lábios novamente com os meus, explorando-a lânguido e intensamente.
Afasto meus pensamentos lúdicros — momentaneamente — e descanso minha xícara na superfície espelhada da mesinha de centro.
—Kate.
Seu corpo quase pula do sofá ao som da minha voz.
—Hm? — Ela encarava atentamente o líquido escuro em suas mãos. Luto contra um sorriso.
—Como está o seu café?
Após alguns segundos e duas tentativas falhas de comunicação, Kate consegue finalmente responder:
—Bom.
Agora, eu sorrio. Não havia forças fortes o bastante para impedir-me. Kate só era muito adorável quando estava ruborizada.
Ficamos em silêncio por mais uns instantes. Tempo o suficiente para que ela secasse a sua xícara.
Ouço-a suspirar resignadamente.
—Quando estiver pronta, querida — encorajo-a, nem tentando esconder o divertimento de meu tom.
Kate meramente morde o seu lábio inferior — decido ignorar o efeito que o simples gesto provoca por toda a extensão do meu corpo — e lança um olhar tentativo em minha direção.
Mas ela não diz nada.
—Sabe, eu ia ser um cavalheiro e não comentar nada, querida, mas as suas bochechas estão significativamente rosadas.
Ela leva as pontas dos dedos até o rosto, como se por instinto, e eu não resisto uma risada afetuosa.
— Kate — tento de novo, aproximando-me dela no sofá. Seus olhos crescem uma fração ao reparar nisso. — Querida, se essa for a sua reação típica toda vez que beija alguém, eu acho que estou começando a entender a causa do nosso pequeno experimento.
Kate geme em derrota e afunda o rosto em
uma das almofadas escuras.— Mas eu praticamente te ataquei. — Suas palavras saíam abafadas. — Meu Deus, eu acordei na sua cama! E-Eu... — Outro gemido. — Eu tive que apanhar as minhas roupas por todo o seu apartamento!
Ergo uma sobrancelha.
— Tem certeza de que está lembrando corretamente da sequência de eventos?
Com isso, Kate ergue a cabeça, um brilho confuso tomando conta de sua visão.
— Você me beijou. E o que eu fiz? — pergunto, tentando esclarecer o meu argumento.
Minha vizinha fecha os olhos e volta à almofada, aparentemente, envergonhada.
— Você foi educado e me beijou de volta.
O quê— Um riso surpreso quase me engasga. Balanço a minha cabeça leve e repetidamente.
— Espera, espera, espera. Você acha que eu te beijei...por educação?
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Experimento Amor
RomancePara Kate, a vida é como uma fórmula matemática. Uma constante que segue uma simples e certa receita de causa e consequência. Ela, também, nunca teve muito espaço para o amor em sua vida. Isto é, até o seu emprego depender disso. E coube ao brilhan...