Existe dois tipos de pessoas no mundo, as que desistem de tudo porque simplesmente cansaram de fingir que está tudo bem na sua vida, e existe as outras que tentam lutar mesmo quando tudo parece perdido.
Eu sempre escolhi a segunda opção, sempre lutei pela minha vida e da minha família mesmo que isso fosse por a minha vida em risco, sempre achei que a segunda opção é a mais sensata a se seguir quando se está vivo.
Mas e quando a sua esperança acaba? Quando as suas forças e seus medos são maiores do que tudo que você já idealizou para si mesmo e em uma fração de segundo tudo desaba em um liquido negro chamado morte, minha mãe sempre disse que a morte não é uma pessoa, e sim como um grande lago, silencioso, sem ondas, sem noção de profundidade, apenas um lago aonde você entra e não volta mais.
Era nesse lago que eu tomava banho agora, estava sentada na proa, olhando para a floresta ao redor, estava um dia simples, sem pássaros cantando, sem qualquer movimento na água, apenas eu ali olhando o meu reflexo naquele espelho.
Passei as mãos em meus cabelos, sem cor, sem vida, apenas um borrão de sanidade, se é que eu estava ali com a sanidade intacta, eu havia perdido a minha cabeça, a minha consciência, o meu propósito.
Coloquei meus pés na água, morna, não estava gelada e nem muito quente, havia uma temperatura agradável ali, um cheiro de lírios silvestres veio em meu nariz, casa, minha antiga casa aonde a neve não tinha piedade de ninguém, nem mesmo dos lírios.
Por isso, começou a nevar aonde eu estava, um frio absoluto, um desejo de sair daquela floresta a procura de uma casa para me esconder perto de uma lareira, mas só tinha eu ali, eu não tinha uma casa, eu não tinha ninguém.
Estava triste, mas não o suficiente para querer derramar lagrimas, acho que as lagrimas não queriam cair por algo idiota, olhei em minha volta de novo, aquilo era realmente real? Seria eu uma pessoa de verdade? Retirei meus pés da água, uma fina camada de gelo se aposso de todo o lago, aquilo me impedia que eu entrasse nele.
Chutei o gelo, gritei, deixei sangue escorrer de meus dedos que socavam aquela coisa gelada, eu queria entrar, havia me cansado, queria sair dali e ir para dentro daquele lago.
— Por favor, me deixe entrar. — Gritei.
Meu grito era a vontade de que algum lampejo de vida viesse por entre as arvores me chamando e me dizendo para sair dali.
Mas ninguém apareceu, a não ser a mim, eu estava ali, ninguém iria aparecer, ninguém ia querer me ajudar, porque eu simplesmente não precisava de ajuda, eu estava bem, eu não ia morrer ali.
Desisti, por um instante havia tido certeza de que minha força conseguiria quebrar aquele gelo, mas me enganei, eu não ia conseguir fazer isso, eu não ia fazer nada a não ser me machucar ali.
Vi então do outro lado do lago o lírio, branco e forte aguentando a friagem, mas nenhum lírio aguentaria aquele frio, mas aquela flor era diferente, era especial, ela a minha mãe.
Ouvi a canção que ele sempre cantava quando eu estava prestes a dormir, era ela, eu queria ir com ela, decidi que poderia andar em cima do gelo, com os dedos do pé enrugados por conta do frio, mesmo assim eu fui:
Deseje o mundo minha pequena flor
E eu te darei meu amor
Ele fara você suportar
Toda a dor desse mundo
Sonhe até que o dia volte
Não tem problema se demore
Aqui eu vou estar
Nunca irei te abandonar
Caminhei, era ela, eu estava indo ao encontro da minha mãe, olhei para o céu e respirei fundo, não havia mais neve, apenas as estrelas ali, grandes estrelas brilhando sobre o lago como se fossem o próprio sol.
Lindas, fortes e imponentes, fazendo com que o medo fosse algo banal naquele momento, olhei em volta e o lírio havia sumido, mas bestas ferozes apareceram em todos os lugares, desejando sangue.
Estremeci, elas conseguiam andar sobre o gelo, tentei fazer com que a minha mente fosse rápida o suficiente para entender aquilo, eu era o gelo? A coisa mais fraca, a morte, o lírio era a minha mãe, as bestas eram... e as estrelas?
Corri, mas eu agora já deslizava sobre o gelo, não conseguia parar de pé, seis bestas vinham atrás de mim com seus olhos marcantes como se desejassem me ver exposta, com a minha carne pronta para eles devorarem.
— Socorro. — Gritei ainda com a voz fanha, o desespero veio de novo dentro de mim.
Meu pé escorregou no gelo e torceu, gritei, meu osso estava exposto, as bestas até babavam para me pegar, todas querendo um pedaço de mim, uma das bestas carregava uma flor, uma exposto mascara, outra trazia uma corrente, outra um livro, a quinta vinha com um corte perto do olho e a última com um caldeirão em suas costas, iriam me cozinhar.
Mas não foi o que aconteceu, levitei, as bestas ficaram lá embaixo enquanto eu via todo aquele cenário sendo reduzido a pequenos pontos em um mapa vasto, a luz das estrelas quase me cegava, senti que poderia ficar cega quando escuto.
— Feyre, graças a Deus, você está acordada.
Me esforcei para abrir o olho um pouco mais, a luz forte vinha de uma lâmpada de um quarto de hospital, onde do meu lado havia um vaso cheio de lírios, ao redor várias pessoas que eu não sabia muito bem ver por causa da minha visão embaçada, e bem em cima de mim, a pessoa que eu havia escutado a voz.
Rhys, ele era as estrelas, as estrelas que iluminavam o lago cheio de dor.
Eu.
Capítulo que particularmente para mim é o mais bonito até agora, se alguém pegou as referências me fala aí, porque teve muitas kskakak, amei escrever ele e em 30 minutos já estava feito.
E decidi que eu não podia escrever e não postar hoje mesmo, então aqui está meus lindos❤️
Não se esqueçam de curtir, comentar as partes que vocês mas gostaram do capítulo, isso ajuda no engajamento da história aqui na plataforma e fora dela também e me incentiva a continuar esse livro.
Um beijo no coração de vocês.
Kaique Araujo
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betrayal - degustação
RomansaFeyre vive nas mãos de Tamlin dentro de uma casa de striptease em Los Angeles para pagar uma dívida de sua família. Mascarada toda a noite sendo o troféu de Tamlin enquanto dança para todos os homens, porém nenhum pode toca-la, ela não pode olhar pa...