CAPÍTULO 2

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Hoje conheceremos um pouco do cowboy atrevido e insolente Benjamim Moreira, 35 anos, mineiro e muito persistente!


Ben


Desde que nasci e me entendo por gente, tenho vivido na Fazenda Olho D'agua, que pertencera a meu avô paterno, em seguida a meu pai e quando este faleceu há quatro anos ficou para mim, porém venho enfrentando alguns problemas com os animais e, até mesmo com a plantação de hortaliças e frutas, que é o que melhor cultivamos de geração para geração, mas agora as coisas estão ficando cada dia mais difíceis. Desde que meu braço direito o Manolo ficou doente e teve que se ausentar do trabalho, tenho me desdobrado para manter a fazenda de pé. Contudo, parece que não tenho feito o suficiente.

A noite fria pedia uma fogueira e uma roda de viola como o habitual, são coisas desse tipo que se torna algo corriqueiro quando se mora num lugar no meio do nada sozinho, se não fossem os poucos e bons amigos que mantenho pela redondeza, viveria enclausurado.

Desta forma, preparo aquele velho e conhecido "quentão", embora não seja uma bebida típica da região, adotamos por aqui nas noites frias, acendo a fogueira, pego o meu violão e começo cantarolar baixinho e no silêncio da noite...

"Já não tenho palavras
Não sei de mais nada, o tempo já levou
Só um grande vazio em mim ficou
E um frio de amor..."

(Silêncio, Marcos & Belluti)

Aos poucos como se tivessem sido notificados pelas labaredas douradas, chegam um a um os donos das fazendas vizinhas e, assim ficamos por quase toda a noite, bebendo quentão e mandando embora a solidão de que se é subjugado quando mora-se sozinho no meio do mato. Claro que tem as moças da cidade que vêm fazer companhia quando queremos, mas, às vezes é melhor está sozinho do que está mal acompanhado, não que eu seja algum cafajeste que troca de mulher como quem troca de roupas, só não quero me meter em apuros com nenhum rabo de saia. E aquelas belezinhas lá da cidade são problemas na certa.

Uma determinada vez, meu amigo Manoel convidou uma para passar a noite em sua casa, quando acordou na manhã seguinte, a mulher havia acordado e se apresentado para os pais do cara como sua nova namorada, sendo que usava apenas uma pequena calcinha de renda e camisa do cara desabotoada. Neste dia que me falou de sua aventura com a gostosona da cidade, eu confesso que gargalhei muito a custa do cara que ficou muito emputecido com toda a desgraça que ela causou na vida dele naquela manhã.

Então, por essas e outras, prefiro não trazer nenhuma para minha casa, não que eu tenha com que me preocupar, afinal, apenas a Florzinha me faz companhia, mesmo assim tenho a garota como se fosse minha irmã. Maria Flor era afilhada de minha mãe, sua mãe faleceu quando Florzinha tinha apenas oito anos, a partir desse dia, ela foi morar conosco e tratada como a um membro da família.

— Aí mano, ficou sabendo do novo bar que vai abrir na cidade?

Questiona Tonico o filho mais novo do senhor Zacarias, o meu vizinho mais próximo.

— Uai, vocês não ficaram sabendo que eu estou trabalhando lá? Sabe como é né? As coisas estão ficando cada dia mais complicadas pra essas bandas, se essa doença continuar matando os bois e cavalos da região, logo não teremos mais como sobreviver, lá não vou ganhar nenhuma fortuna, mas já é alguma coisa.

Responde Tonico todo matreiro, isso chama a atenção de todos os presentes, a verdade é que além de todas as dificuldades que temos enfrentado, a mais devastadora tem sido a que se acometeu de nossos animais. Não temos veterinários pela redondeza, para chamar um da cidade grande, iria cobrar os nossos rins.

Impetuoso Amor/ NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora