25 de dezembro de 2017
No fim, na sala da mansão Parkinson, não havia ninguém, talvez pelo fuso horário ou porque ninguém ali era de confraternização, mas subi a escadaria dando duas batidas no quarto de Pansy, que com a cara amassada atendeu. Mesmo assustada, me abraçou quando comecei a chorar.
Queria perguntar como a casa de Andrômeda tinha conexão com a da tia de Pansy. Queria contar para minha amiga o motivo do meu choro, mas nem eu sabia dizer ao certo. Era pelo beijo entre Ginevra e Harry? Era pelo flagrante entre meu antigo professor e o padrinho de Potter? Era apenas minha ansiedade?
Minha cabeça girava demais para chegar em qualquer resposta, e Pansy não exigiu nenhuma.
Não podia passar a noite ali, os pais de Parkinson nem deveriam sonhar que estive ali, então quando me acalmei, voltei para casa.
Parkinson quis vir junto, mas não deixei, seria um problema colossal depois.
Me arrastei até a cozinha da mansão Malfoy, preparei um chá como se minha vida dependesse daquela água quente com ervas. Fiz meu sinal aos elfos para que me deixassem em paz, havia desenvolvido ele com nove anos, depois da primeira grande bronca que recebi de Lucius, demorou para eles entenderem que eu só precisava de silêncio, fazer pequenas coisas para ocupar a mente e que aquilo não era nenhum código para mandá-los embora, mas funcionou.
O resto da madrugada foi banhada de várias xícaras de chá, uma música baixa vindo da minha vitrola, um item ultrapassado e que Lucius nem desconfiava que possuo, mas era a única com a mínima habilidade para me ajudar, enquanto a pobre da minha psicóloga vivia sua vida.
Um nascer do sol nunca foi visto com tanta melancolia.
O mais triste de tudo isso foi que depois daquele episódio no natal, Potter realmente saiu da frente, em todos os sentidos, tínhamos voltado à estaca zero, era como em seus primeiros dias na mansão. Não. Era pior que aquilo, era como se fôssemos completos estranhos.
Eu quase não o via pelo local, e também fazia meu máximo para evitar.
No início, imaginei que seria a melhor atitude para se tomar, como cortar o mal pela raiz, sem prolongar a dor. Mas percebi da pior forma que talvez eu não fosse tão maduro a esse nível.
Eu não sabia até que ponto estava confortável com aquilo, sentia falta de andar pelo jardim e encontrar ele ali fingindo ser coincidência quando na realidade sempre nos víamos às 16h, naquele mesmo banco enferrujado. Não conseguia dizer com exatidão até quanto doía a saudade de ler com ele, estar com ele, dos seus abraços, de abraçá-lo. Nenhuma roupa minha parecia ser tão efetiva sobre o frio quanto as roupas que Harry me emprestava
Sentia falta de Harry, e minha única certeza era que iria demorar para aquele aperto sumir.
Parecia uma dor física de tão avassaladora.
No primeiro dia, tentei ir jantar normalmente, mas só de olhar para ele, meu estômago vacilava. No segundo, comi no quarto; no terceiro dia, mamãe me falou que ele tinha ido para a Toca então me permiti comer na sala de jantar e andar um pouco pela casa. No quarto dia depois daquele desastre, fui arrastado para a mesa de jantar, Potter também estava ali, mas acompanhado de Ronald, e o silêncio da mesa foi indigesto para todos. Naquele dia, ele avisou simplesmente que veio apenas buscar algumas coisas, iria passar o ano novo na casa dos Weasley. Sabia que mesmo se referindo a Narcissa, ele falava para mim, Harry e sua mania de se justificar.
Sabia também que tudo dito no natal, principalmente quando pedi para ele sair da frente usando seu nome, fez ele entender que não era sobre a lareira, e honestamente, naquele dia, não era mesmo.
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Quando Mais Te Amei ✠ Drarry
FanfictionDraco sabia que a vida depois da guerra não seria fácil, mas ele não contava com tanta dificuldade. Em meio a várias situações que ele nunca esperaria se ver, o Malfoy buscava em si mesmo um abrigo. Buscava um pouco do conforto que as certezas dos s...