Quando nos libertamos

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22 de janeiro de 2018

Voltar a Hogwarts, no fim, não foi o tenebroso monstro que pensei.
Mas estava acostumado a ser exagerado e talvez um tanto dramático.

A maioria dos alunos, ainda muito fechados em suas próprias dores, mal notavam minha presença e quando isso ocorria as reações eram variadas, não positivas nem negativas, talvez penosas e curiosas fosse o mais correto a dizer. Todos pareciam muito cheios de dedos, com medo de me ferir tanto quanto eu estava de feri-los, muitos jovens machucados da guerra e com um retrato bem claro do que a intolerância fazia com os seres humanos.

Ninguém queria fazer novas feridas, ou mexer nas velhas.

Ainda era muito difícil para todos estar ali, e de forma infeliz, eu estava completamente certo sobre uma parte em especial do retorno. A falta que sentia do meu padrinho. Ir às aulas de poções, encarar o novo diretor da sonserina, matar tempo no salão comunal, muitas vezes eu evitava até mesmo olhar a mesa dos professores durante as refeições. Com certeza, não ter Snape por ali era a pior parte.

Mas estava indo bem, nenhuma crise e poucas aulas faltadas, havia até mesmo feito uma poção durante o período de aula e, depois desse dia, pedido para mamãe enviar a caixa que ganhei de meu padrinho, até o final do ano eu conseguiria ler os diários. Sabia que iria demorar, que ia doer, mas eu poderia lidar com isso. Iria continuar os estudos do meu padrinho, e um dia, poderia juntar meus próprios diários de pesquisa com os dele. Era um doce pensamento otimista que eu me permitia ter.

—  Draco! —  Diminuo o passo ao ouvir a voz de Pansy ressoar empolgada pelo corredor.

—  Bom dia. —  Cumprimento.

—  Péssimo dia, aula prática de herbologia no primeiro horário, quem foi o demônio que planejou isso?

—  Realmente se sujar de terra logo cedo não me parece agradável. — Respondo franzindo o rosto, eu nunca iria gostar de Herbologia, as aulas teóricas ainda eram tragáveis, mas as práticas… gostaria que uma mandrágora gritasse em meus ouvidos por horas invés disso.

—  Porque não é. —  Ela fez uma careta de desgosto por alguns segundos antes de lembrar de algo e seu semblante virar malicioso. — Potter está te procurando e pondo Hermione doida.

— Imagino que essa informação tenha vindo diretamente do dormitório feminino da grifinória. — Provoco sorrindo malicioso, Pansy ri pelo nariz sorrindo igualmente.

—  Poderia ter vindo diretamente da boca do cicatriz se você fosse um pouquinho menos bom em se esgueirar pelo castelo e mantivesse um romance discreto como eu.

—  Hilário, Pansy, hilário. — Reviro os olhos tentando manter a postura séria, mas querendo gargalhar do “Romance discreto”, pois suspirar durante todas as aulas conjuntas e falar a todo momento com Hermione não poderia se encaixar nessa categoria.

—  Eu tento. —  Ela sorri antes de dar de ombros. —  Anda logo, Blaise deve estar querendo nos matar.

Concordo com um menear de cabeça, andando mais rápido com ela em meu encalço e praticamente pendurada em meu braço. Recuo um passo quando vejo o trio de ouro a alguns passos da porta do grande salão, na esperança de Pansy não notar e eles entrarem antes de nós, o que obviamente não acontece e invés disso, tenho os três mosqueteiros bruxos parados esperando na entrada.

—  Bom dia, Mione. —  Pansy cantarola antes de largar meu braço e ir avançando alguns passos à minha frente para falar com a mulher. — Dormiu bem, princesa?

— Bom dia! —  Ela direciona um sorriso doce a minha amiga que retribui quase suspirando, e se isso era a ideia de ser discreta de Pansy, nós deveríamos conversar.

Quando Mais Te Amei ✠ DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora