Fases do meu eu.

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03 de janeiro de 2018.

Já em meu quarto, estava dando voltas ansiosas ao redor de minha cama; na cômoda, quatro quadrados pequenos, desenhos de meus amigos; Luna e mamãe me olhavam, julgando minhas atitudes. Talvez Pansy estivesse rindo, enquanto mandava eu parar de surtar. Não sei como Luna reagiria a situação, bem provável que nem ligasse. Narcissa, com certeza, iria rir, quase consigo ouvi-la rir e dizer que estou exagerando. Blaise teria me empurrado para fora do quarto.

Eu tinha duas opções. Aproveitava que, muito provavelmente, Harry ainda estava na casa dos Weasleys e devolvia o livro e seu suéter sem mais complicações. Ou, em um surto de coragem, lhe entregava em mãos, me despedindo de forma digna dele.

Cerro o olhar, tendo uma brilhante ideia. Eu faria os dois, entregaria o livro escondido e no dia dele ir embora lhe entregaria o suéter como quem achou a peça só naquele momento!

Óbvio!

Às vezes, minha genialidade me surpreendia.

Busquei o último livro que Potter havia me emprestado. Com ele em mãos segui para seu quarto. Estava nervoso, mordia o lábio inferior, se ele já tivesse voltado seria meu fim.

Respirei fundo pela milésima vez, eu conseguia fazer isso, merda, minha mãe conseguiu mentir na cara do Lorde Das Trevas, eu poderia entregar o livro de Potter. Poderia, facilmente, bater naquela porta e, assim que não houvesse respostas, entraria ali, poria o livro na cama, sairia e deixaria tudo na mais perfeita surdina. Ergui a mão no ar, pela terceira vez na esperança de ser a última, e consegui dar a primeira batida antes de uma voz cortar o som.

— Merda, merda e merda!

Olhei em direção ao corredor, vendo um Harry muito estressado, tanto ao ponto de seu rosto estar levemente vermelho, com um suéter da grifinória em mãos.

— Draco? — Ele tinha uma feição de curiosidade que era quase divertida; baixei a mão do ar, o olhando; ele estava descabelado, usando sua típica jeans com uma blusa grande azul. Seus óculos, como sempre, tortos no rosto, dando um ar arteiro.

— Vim devolver o livro. — Devolvi quase em defensiva.

— Ah, sim. — Ele mordeu o lábio, parecia apreensivo, havíamos perdido a habilidade de dialogar como seres humanos decentes desde o natal.

Quando entrei na lareira, algo se perdeu. Ou tenha se perdido desde que entrei naquela casa.

— Para o que você estava praguejando? — pergunto sem pretensão, trocando o peso da perna. Mordo o lábio, ele abre e fecha a boca antes de engolir em seco e finalmente voltar a falar.

— Rasguei meu suéter da grifinória; na verdade, foi um acidente envolvendo um novo produto dos gêmeos — explicou, olhando a peça com certa pena. — Simplesmente não consigo consertar com feitiço.

— Porque ele tem encantamento anti feitiços — disse óbvio, todos os alunos sabiam disso, ou quase todos, pelo visto.

— Como assim? Por quê? — Sua voz indicava como estava verdadeiramente surpreso e confuso.

— Azarações, Potter. — Revirei os olhos e apertei a ponte do nariz. — Se os uniformes pudessem ser enfeitiçados, o mínimo que iria ver seria o povo da sua casa de verde passeando por Hogwarts.

— Eca. — Ele fez uma cara de verdadeiro nojo. — Mas faz sentido.

— Vai precisar comprar outro… — finalizei simples; dou de ombros.

— Mas esse era especial — soltou um muxoxo; Harry pareceu uma bexiga murchando tamanha frustração.

— Era? — contenho o tino de rir.

Quando Mais Te Amei ✠ DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora