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~Jade

No dia seguinte, eu acordei primeiro. Havia muita comida no carrinho dessa vez. Tipo muita mesmo. Me espreguicei e tentei sair do quarto, mas o cartão não funcionava. Liguei para a recepção.

— O meu cartão não funciona. Quarto 244. — Digo.

— Não podemos liberar sua saída. James e Michael West, que estão pagando pela estadia, pediram para que a senhorita ficasse trancada. — Ódio me engole.

— ELES O QUÊ!? — Pergunto. Escuto Vega cair da cama e seguro um sorriso maligno.

— Desculpa, senhorita. — Com isso, o telefone é desligado na minha cara. Bato o objeto na base e me viro para Vega, que se encontra completamente desnorteada.

— O que aconteceu, Jade? — Ela pergunta, sonolenta.

— Aqueles... Aqueles ratos de laboratório nos trancaram aqui! — Bufo irritada. — Eu vou tanto matar eles. Eu vou colocar veneno na comida daquele casamento. Não! Cacos de vidro!

— Jade. — Vega diz.

— Eu vou pular naquele altar e cortar o vestido imbecil de Shirley... — Continuo.

— Jade! Calma! É só um dia. O frigobar ainda está aí, podemos pegar algumas bebidas, e temos até um microondas. — Suspiro.

— Tá. Pelo menos aqui tem ar condicionado, diferente do RV do Beck. — Digo, fazendo Tori rir.

— Realmente. Viu? Não é tão difícil ver o lado bom das coisas. — Ela me lança um sorriso.

— Estou passando muito tempo contigo. Não deve fazer bem pra minha saúde mental. — Vega ri. Ela ri de mim fazendo piada com ela. Que dimensão é essa? Porque não é a minha.

— Vamos ver o que tem pra comer aqui. — Diz, indo até o carrinho e pegando uma maçã.

— Tá explicado porque você é assim magra. — Digo.

— Já te falei que admiro que você sempre fala o que pensa? — Pego bacon para comer de café da manhã. De novo, eu sei, mas bacon é uma delícia!

— Já. E eu já falei que acho isso estúpido. — Mais uma vez, pego o café mais forte dali. — Eca, frio.

— Que nem seu coração. — Me surpreendi com o comentário de Vega. — Eu tinha razão, não é estúpido, é até um pouco satisfatório.

— Não se acostume, Vega. Não combina com você ter má atitude. — Digo.

— Ah, é? E o que combina comigo? — Finjo pensar.

— Ser uma doce pastoreira do campo. Olá, sou Tori Vega! Vou à igreja todo domingo e confesso meus delitos, como pensar coisas ruins de minhas ovelhas, todos os dias! — Faço a clássica voz que uso pra irritar Vega.

— Às vezes me surpreende que do nosso grupo a primeira a ser presa fui eu. — Dou risada, lembrando dos acontecimentos de Yerba.

— Eu tinha esquecido disso. Sorte sua, se não eu não ia te convidar pra essa viagem. — Ela riu e se deitou na cama.

— Honestamente? Eu também não iria. — Ouço um suspiro. — Aquilo foi um desastre.

— Me lembre de nunca mais deixar você planejar uma viagem pra mim. — Seu braço se levanta e ela faz um sinal positivo com os dedos.

— Pode deixar. Mas posso planejar um baile?

— Não começa com a merda do baile. Eu ainda tenho traumas com aquele bebê.

— Quem chamou ele foi você, eu só usei o feitiço contra o feiticeiro.

— Muito esperto, senhorita sutiã-de-camarão.

— Uma pergunta: aquele cara tentou fazer você trocar a fralda dele?

— Vega... — Aviso.

— Ou o carinha que segurava o rádio era quem trocava?

— Chega de falar disso!

— Ele tentou pular no seu colo? Oh! Ele queria que você amamentasse ele? — Me viro pra ela com raiva e a vejo agora sentada na cama, com um olhar brincalhão no rosto.

— Chega!

— Se você pegasse ele, contaria como mommy issues, ou seria baby issues? — Vou pra cima dela e coloco a mão na frente de sua boca com força, fazendo-a ficar "quieta", já que era possível ouvir ela murmurando a quilômetros de distância.

— Não é tão corajosa sem sua preciosa voz, não é, Ariel? — Provoco e sinto uma dor aguda na parte de baixo da minha mão e noto que de alguma forma, Vega conseguiu me morder, e com força! — Ai! Sua... Você me mordeu!?

— Lembra do primeiro dia de aula? Considere esse o come back: cães mordem. — Me levanto e discretamente pego minha tesoura.

— O que foi que aconteceu com você hoje? O corpo da pequena Tori Vega foi invadido por uma onda de coragem? — Pergunto.

— Não. Tomei uma dose de Jade West, a rainha do gelo. — Empunho minha tesoura e vou pra cima dela, vendo ela gritar e subir em cima da cama, fugindo de mim. Consigo alcançá-la quando estou quase caindo, e então levo-a comigo pro chão, puxando-a pelo pijama. Em pouco tempo, nos encontramos caídas no chão. Vega, então desata a dar risada.

— Você estava brincando? Porque eu não estava! — Ela tenta se levantar, mas não deixo, segurando sua cintura. Viro-a e a imobilizo no chão, prendendo suas pernas juntas utilizando as minhas e seguro suas mãos em cima de seu abdômen com uma de minhas mãos. — Ha! — Digo, pegando minha tesoura. Vega me encara respirando fundo, ofegante devido a perseguição. Um doce sorriso descansa em seus lábios, indicando que ela não estava com medo de mim.

Minha mão, que antes se encontrava pronta para atingi-la com minha tesoura, aos poucos se abaixa, e eu não sei dizer por que. Acabo afrouxando meu aperto nela, e ela percebe, soltando suas mãos e pegando meus pulsos rapidamente, fazendo minha tesoura cair para o lado. Seu sorriso se torna de orgulho e ela prende minhas mãos ao lado de meu corpo, prendendo-as ali. Tento me mexer, mas ela não permite.

— Por quê? — Pergunto, mais pra mim mesma do que pra ela.

— Por que eu estou te imobilizando? — Pergunta, um sorriso brincalhão preso em seu rosto.

— Não, besta. — Reviro os olhos. — Por que você não está tremendo de medo? Eu estava prestes a te atingir com a minha tesoura! Um ano atrás você estaria chorando e implorando pela sua vida!

— Jade, eu não tenho medo de você. — Confusão invade seu rosto, mas ela não tira o sorriso do rosto. — Você não é o monstro que pensa que é ou que os outros fazem você parecer. E eu sei disso. — Continuo encarando-a. Eu sei que ela falava dos alunos que me elegeram como um monstro, mas não consigo não pensar nos meus pais. Para eles, tudo que eu fazia ou faço é errado. A pessoa que eu sou é errada. Continuo encarando Vega completamente atônita. — Jade? Tudo bem? — Acordo de meu transe e saio de cima dela bruscamente, fazendo-a soltar meus pulsos.

— Você escapou dessa vez, Vega. Mas só dessa vez. — Ela deu risada.

— Ah, sei.

— Não— Começo, mas Vega interrompe.

— ... força a barra, eu sei. — Dou um leve sorriso.

Passamos o resto do dia conversando sobre coisas bobas enquanto bebíamos qualquer coisa que conseguimos encontrar no frigobar e ficávamos sentadas na varanda assistindo a praia.

Vega até que era uma boa companhia às vezes.

~^~

Desculpa a demora. :)

Push Me Back Harder - Uma fanfic JoriOnde histórias criam vida. Descubra agora