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~Jade

Esse era o segundo dia que estávamos confinadas no quarto. De manhã, um carrinho do serviço de quarto entrava no quarto e cada prato servia como uma de nossas refeições, graças a Deus havia um microondas nesse hotel, pois me recuso a tomar café frio.

— Ficar de castigo no Havaí é outro nível. — Vega deu risada, passando as pernas pelos vãos das grades da varanda. — Isso realmente é um "problema de gente rica".

— Amanhã ele vai me liberar, se não liberar eu dou um jeito de quebrar essa porta, é meu pai quem vai pagar mesmo. — Ela deu risada. Sorri minimamente assistindo-a rir de algo que eu havia dito.

— Não pensei que seu irmão fosse realmente te castigar. — Vega diz.

— Meu irmão é um insuportável.

— Olha! Golfinhos! — Vega aponta.

— Onde?

— Ali! — Olho exatamente onde ela aponta e avisto três animais ou mais saltitando pela água. — Eu queria nadar com golfinhos.

— Bicho do demônio... — Murmuro. — Amanhã a gente vai sair daqui e você vai nadar com os golfinhos, criancinha. — Digo, realmente querendo sair daqui. — Mas me mantenha bem longe dos diabretes. — Ela revira os olhos.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Não. — Digo, sabendo que ela iria fazer do mesmo jeito.

— Por que você era tão ciumenta no relacionamento com o Beck? — De repente, me sinto mal, porque sequer pensei nele ontem. Sequer chequei se ele havia respondido minhas mensagens.

— Uh... — Respondo. Me viro para olhar Vega e seu rosto possuía carinho, ternura e compreensão. Isso acaba me passando conforto. — Ele me traiu uma vez.

— Quando!? — Ela pergunta incrédula.

Respiro fundo e nado contra as memórias ruins. Luto comigo mesma, decidindo se deveria ou não contar. Talvez fosse bom pra mim, talvez fosse bom me abrir. E Vega, nos últimos anos, havia me provado que era de confiança.

— No primeiro ano do ensino médio, estávamos a alguns meses namorando. — Respiro fundo. — Não sei direito o que aconteceu. Sei que ele me contou que estava muito bêbado e não pensou nas consequências, mas eu... eu sempre fui...

— Você sempre foi insegura. — Vega completa, me fazendo revirar os olhos.

— É. E aquilo ficou comigo. Nunca mais confiei totalmente nele. — Digo.

— Uau. Você não parece mais tão louca. Ainda parece louca, mas não muito. — Dou uma risada triste.

— Não abusa, Vega. — Me viro pra ela, e ela me dá um sorriso.

— Desculpa. — Tori faz uma pausa. — Ei, escuta. Eu sei que provavelmente o que eu vou falar é a última coisa que você quer ouvir, mas já parou pra pensar que talvez seja melhor assim? Quer dizer, você nunca mais confiou completamente nele, ele perdeu sua confiança e isso é uma coisa bem difícil de se ganhar. Eu passei os dois últimos anos tentando. — Olho pro chão e dou um gole em seja lá o que eu esteja bebendo nesse momento. — Pense nisso, tá?

Concordo com a cabeça e me ponho a pensar nisso. E se ela estiver certa? Eu perdi a confiança nele e talvez não importasse o quanto eu tentasse, nunca mais iria confiar 100% nele e isso doía. Saber que haviam tantas garotas por aí que ele poderia escolher para tomar o meu lugar e saber que ele havia feito isso havia me detonado.

— Acha que eu sou uma má pessoa? — Pergunto.

— Não. Cruel, talvez. Grossa. Ignorante. Bruta, até. Assustadora pra alguns. Mas não má. — Olho pra ela irritada. Que grande ajuda, ela havia acabado de me xingar de 5 formas diferentes! Ela ri ao notar meu olhar e continua. — Jade, escuta. Sua família não é composta pelas pessoas mais gentis, você foi traída pelo namorado e teve que deixar a namorada.

— E tem os meus pais. Meu pai prefere ficar saracoteando com a nova esposa a ficar com a filha. E a minha mãe é um caso à parte. — Amargura envolve minha voz.

— Que exemplos você teve de gentileza? Pelo que pude observar dos seus familiares, você é a mais gentil. — Reviro os olhos.

— Você sabe que isso não é lá bom exemplo, não é? Quer dizer, qualquer um é mais gentil que os membros da minha família. — Digo.

— E você é um membro da sua família, mas já fez muitas gentilezas. Você não é como um deles. Isso não te consola? — Permaneço em silêncio. — Lembra do Platinum Music Awards? — Dou um pequeno sorriso. — Isso foi muito gentil. Não sei como te agradecer. Ah! Você também me ajudou a me livrar do castigo de limpar o teatro. Quer saber a verdade?

— Se eu disser que não você vai falar do mesmo jeito. — Aponto os fatos e Tori dá risada. Ela ri de mim sendo grossa com ela, de novo! Que bicho havaiano a picou!?

— Você é uma pessoa grata. Sua gentileza é como uma negociação. Se alguém faz algo gentil pra você, você retribui, você não sai distribuindo gentilezas por aí. E acho que tudo bem. Acho que você não precisa ser madre Teresa para ser uma boa pessoa. — Eu sabia que ela ainda não havia terminado de falar, mas tive que comentar.

— Graças a Deus. — Ela deu risada. DE NOVO!

— Você é uma pessoa boa da sua maneira, Jade. — Fico em silêncio por um tempo, notando a tensão de carinho que recaiu sobre nós, então decido quebrá-la.

— Você deveria ter dito isso no encontro que o Sikowitz nos mandou, talvez eu começasse a gostar de você mais cedo. — Digo.

— Pelo menos você gosta de mim.

— Quem disse?

— Você disse!

— Quando?

— Agora!

— Você lê muitas entrelinhas inexistentes.

— O quê!? Você literalmente acabou de dizer que se eu tivesse dito aquilo a mais tempo você começaria a gostar de mim mais cedo!

— Está colocando palavras na minha boca.

— Mas você acabou de dizer isso!

— Tem provas?

— Óbvio que não!

— Então eu nunca disse que gosto de você, caso encerrado. Vou ligar para o meu pai e convencer ele a nos tirar daqui. — Vega revirou os olhos.

— Que seja. — Diz ela.

Merda, eu não acredito que admiti que gosto de Vega sem querer, que ridículo.

Push Me Back Harder - Uma fanfic JoriOnde histórias criam vida. Descubra agora