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~Jade

Depois daquilo, as amigas de Shirley foram para uma boate e Tori e eu fomos para a praia, na intenção de continuar nosso projeto que envolvia o meu medo do mar.

— Eu não vou passar daqui! — Digo, sentindo a água quase tocando o meu biquíni.

— Jade, não tem golfinhos. — Nego com a cabeça, flexionando meu maxilar para frente em um misto de raiva e medo.

— Os bichos são traiçoeiros, Tori! — Ela suspira e aperto sua mão.

— Traiçoeiros, não invisíveis!

— Eu vou sair daqui. — Digo, me virando para a areia e começando a andar.

— Jade, não... — Suspiro, reviro os olhos e me viro pra ela. — A água desse lugar é transparente, você veria um golfinho se aproximando. Eles não vão chegar perto de você.

— Se eles chegarem, Vega, eu juro que você nunca mais vai ver a luz do sol! — Ela dá risada. — Eu estou falando sério.

— Ok, vamos pensar em um trato melhor. Se você se assustar, eu assisto aquele seu filme favorito de tesouras e assassinatos com você.

— Dois filmes. O meu favorito e outro que vou pensar. — Tori suspira.

— Certo. Trato feito. — Me viro para o mar, respiro fundo e começo a caminhar para dentro da água com Tori ao meu lado.

Tori tinha razão, a água é transparente o suficiente para que eu possa ver os peixes conforme vou mais para o fundo. Acabo me concentrando mais nisso do que no fato de estar dentro do mar, com a água acima de meus ombros. Nesse ponto, não precisamos mergulhar para evitar ondas grandes.

— É só dar um pequeno pulinho quando uma ondulação da água se aproximar. É relaxante, literalmente ir nas ondas, sentindo-as. — Concordo com a cabeça, retirando os olhos dos peixes e voltando a encarar Tori.

Água, que mais para frente formaria uma onda, passa por nós e dou um pequeno salto, assim como Tori. Isso rapidamente fica automático, e estamos apenas de frente uma para outra, acompanhando as ondas do mar. Ela ainda não soltou minha mão, e não quero que solte. Estou me concentrando 100% nela, e isso me acalma. Quase sinto como se ela pudesse realmente me salvar dos golfinhos.

De repente, sinto alguma coisa passar na minha perna. Grito e pulo em cima de Vega, que consegue o feito de não cair (vai ver ela só cai sozinha) e me segurar.

— É só uma raia do mar. — Ela diz. Suspiro aliviada.

— Ah. — Digo.

— Pode me apertar um pouco menos? Das duas uma: ou você me mata sufocada ou prendendo a circulação do meu sangue. — Dou um leve riso e coloco os pés na areia de novo, soltando-a.

— Se você contar isso pra alguém, eu arranco suas cordas vocais com uma tesoura. — Vega dá risada.

— Minha boca é um túmulo.

— Ótimo. — Digo, me recompondo e olhando para o horizonte.

— Como se sente estando no mar?

— Não me parece mais tão aterrorizante sem golfinhos me perturbando. — Faço uma pausa. — Pelo amor de Deus não tente me colocar para nadar com os golfinhos. — Ela dá risada.

— Relaxa, não vou fazer isso com você.

— Bom, pode se preparar psicologicamente pra assistir filmes de terror.

— Quê!? Por quê?

— Eu me assustei.

— Mas era uma raia do mar!

— E? — Tori só revira os olhos.

~^~

Vega grita e se pendura em mim, mostrando que os papéis se inverteram mesmo. Apenas reviro os olhos.

— Como você se não se assustou!? — Tori pergunta, me soltando e voltando a ver o filme.

— Muito previsível. — É a vez dela de revirar os olhos.

Ela então, enterra seu rosto em meu braço, espiando apenas com um olho o que acontece na TV. Estou tentando desde o começo do filme me concentrar nele, mas não consigo. Simplesmente todo e qualquer movimento que Tori faz chama minha atenção.

Mais um grito e um aperto. Dou risada.

— Por favor, eu faço qualquer coisa, só tira isso!

— Qualquer coisa?

— Sim! — Mais um grito e seu rosto em meu ombro.

Pauso o filme.

— Graças a Deus! — Ela diz. — O que você quer? Um copo de água?

— Pipoca.

— Mas a pipoca está com você.

— Não. Quero que pegue essa pipoca. — Aponto para o alimento que deixei cair ao meu lado esquerdo, na cama. Vega, que está do lado direito, me olha confusa e estende a mão. — Nana-nina-não. Com a boca.

— Sério isso? — Dou um sorriso malvado. — Tá. Qualquer coisa pra não ver mais essa obra do demônio.

Ela se inclina, posicionando os braços ao lado das minhas coxas, ficando com o tórax acima de minhas coxas. Ela se abaixa e pega a pipoca com a boca, mostrando-a para mim entre os dentes, antes de colocá-la dentro da boca e mastigá-la, ajoelhando-se do meu lado, ainda muito próxima.

Decidi aceitar o que meu subconsciente me mandava fazer, já que ignorá-lo vinha se tornando difícil, então pego mais uma pipoca do balde, que agora se encontrava ao meu lado, e seguro-o, dizendo para Vega:

— Olhe pra mim. Não faça nada sem eu mandar. — Ela concorda com a cabeça.

Meus pensamentos são confusos, não consigo saber se estou fazendo isso por que gosto de ver Vega envergonhada e "submissa" dessa maneira, ou simplesmente porque eu gosto de observar seus lábios, gosto de tê-la perto de mim. As duas opções são meio egoístas, mas Tori poderia reclamar em qualquer momento, ela faz isso com frequência na escola, e ela não reclamou em momento algum agora.

Levo a pipoca até os lábios de Vega.

— Morda. — Tori concorda e coloca o alimento entre os dentes. — Isso... — Me aproximo dos lábios dela e pego a pipoca, fazendo-a soltá-la. Nossos lábios nem chegam a encostar.

Ela, então, pega uma pipoca e coloca nos meus lábios. Meus olhos estão nos dela, que estão focados nos meus lábios, até que ela nota que estou encarando-a, e nossos olhos se encontram. Nem percebo quando ela retira a pipoca da minha boca, porque só consigo prestar atenção na respiração dela nos meus lábios. Seu hálito está quente e sua boca parece acolhedora. Todo meu autocontrole se resume em não beijá-la nesse momento.

O que surpreende, na verdade, é que quem me beija, é ela.

~^~

pronto, gente KSJDKA o tão esperado beijo.

~Lina

Push Me Back Harder - Uma fanfic JoriOnde histórias criam vida. Descubra agora