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~Jade

Acordo e me deparo com mais um carrinho do serviço de quarto e mais uma cartinha lazarenta. Pego meu café (meu dia só começa depois de um delicioso café) e leio o bilhete.

Aproveite o café-da-manhã. Não se meta em encrencas até amanhã, você é madrinha do casamento do seu irmão e precisa ir com Shirley para experimentar o vestido. Pode levar sua amiga e comprar algo pra ela. Por favor, não apareça na degustação de alimentos e fique o mais longe do hotel possível.

PS: Se possível, considere as músicas que seu irmão sugeriu e ensaie com a outra cantora. O resto é com vocês.

- Pai.

— É um e-mail empresarial ou um bilhete pra filha? — Vega pergunta, espiando o bilhete por cima de meu ombro. Me assusto, mas não transpareço.

— Pra ele eu mal sou família. — Minha voz possui mais raiva que tristeza. — No bilhete do meu irmão devem ter corações e estrelas. — Digo, imitando a voz de Vega.

— Eu não falo assim! — Diz.

— Ah, você fala. — Não dou tempo para que ela continue essa discussão. — Por que você não vai nadar com seus golfinhos ou sei lá?

— E você vai fazer o quê? — Ela pergunta, mais por curiosidade mesmo.

— Não te interessa, te vejo na hora do jantar. — Vega continua me olhando. — Que é?

— Você vai ficar ocupada o dia inteiro e não vai me dizer com o quê? — Dou de ombros.

— É. — Seus olhos não saem dos meus. Suspiro aborrecida. — Tudo bem, almoçamos no restaurante beira-mar ao lado do hotel?

— Acho que é o melhor que vou conseguir, então sim. — Ela sorri e procura entre a comida, encontrando outra maldita fruta, dessa vez um potinho com morangos. Dou um gole no meu café e assisto ela tomar seu café-da-manhã cuidadosamente. Suas mãos e movimentos são delicados, o que me intriga, afinal Vega é extremamente desastrada.

Então, ela derruba um morango no chão.

— Aí está. — Penso.

— O quê? — Ela pergunta. Percebo que falei isso em voz alta.

— Você estava a tempo demais sem causar nenhum desastre. — Vega revira os olhos, mas dá risada.

— Bom, eu preciso ir, tenho que descobrir como faço pra nadar com os golfinhos ainda. — O pote vazio de morangos é deixado no carrinho e eu me aproveito do resto da comida, enquanto minha companheira de quarto escova os dentes e se troca, se preparando.

Na verdade, eu não tinha nada de interessante pra fazer aqui. O meu plano seria esperar uma mensagem de Beck (nunca que eu enviaria a mensagem) e provavelmente atualizar algumas de minhas peças. Considero a possibilidade. Seria o que eu faria se estivesse em Los Angeles, mas tudo ao meu redor me lembrava constantemente que aqui não era Los Angeles, e sim o Havaí.

— Vega, espera. — Ela pára, na porta, se virando curiosa pra me olhar. — Eu vou contigo. — Não era uma pergunta, era uma afirmação. Eu iria, ela quisesse ou não.

— Perfeito. Não seria o mesmo sem você me irritando. — Encaro ela, confusa. Ela queria que eu fosse irritá-la em seu momento de lazer no Havaí? Apenas irritá-la em Los Angeles não era o suficiente?

Desisto de meus questionamentos e me arrumo rapidamente.

~^~

Vamos até a recepção do hotel e depois de algumas ameaças e olhares ameaçadores, conseguimos um horário. Depois de colocar tudo na conta do meu pai, pegamos um táxi e nos dirigimos para o parque onde os malditos golfinhos estavam.

— Ótimo, pode ir mergulhar com os desgraçados que eu vou procurar algo pra fazer nesse... safari aquático. — Digo, indo me afastar do tanque dos golfinhos, mas Vega segura meu braço.

— É um aquário.

— E quem disse que eu ligo?

— Jade, qual é... os golfinhos não vão te machucar. Você pode ficar do lado de fora assistindo, só me acompanha, por favor. — Ela pede com seus olhinhos de bambi.

— Não.

— Por favor! Eu não te peço mais nada pelo resto da viagem. — Eu sei que é mentira, mas pelo menos vai impedi-la de me pedir coisas por algum tempo.

— Tá. — Ela comemora.

Ainda agarrada ao meu braço, ela me arrasta até o tanque, onde apresenta nossa reserva. Rapidamente Vega está na água com o inimigo. Tento me distrair de qualquer maneira, olhando para meu telefone, mas o maldito barulho do diabrete me persegue. Tapo os ouvidos e fecho os olhos. Quando abro os olhos, vejo Vega ser arrastada por um dos animais para debaixo da água. Arregalo os olhos e corro até a borda da piscina ou tanque, ou... sei lá!

— Vega! — Grito. — Vega! — Pânico me engole. Assim que ela passa por onde estou, tento alcançá-la e puxá-la. Consigo agarrar-lhe o braço, mas caio na água.

Água.

Cheia de golfinhos.

Minha garganta se fecha e não tenho forças para nadar, mas não preciso, sou arrastada para fora da água. Começo a tossir, sentindo meu nariz e garganta arderem como o inferno.

— Jade, ai meu Deus! O que você estava pensando!? Você entrou em pânico lá embaixo! Poderia ter se afogado! — Apenas tapo os ouvidos e fecho os olhos. O barulho dos golfinhos, os gritos...

Sinto mãos agarrarem as minhas. Abro os olhos e encontro os olhos de Vega cheios de preocupação. Quero chorar, mas não consigo, continuo encarando-a, hiperventilando. Ela retira minhas mãos de minhas orelhas lentamente.

— Você está segura agora. Está fora da água. Nada vai te acontecer, prometo. Respira fundo. — Nego com a cabeça, o ar não entra. — Respira comigo, bem forte. — Ela começa a inspirar fundo, como se forçasse seus pulmões a absorverem mais ar do que o normal. Imito-a e sinto meu cérebro oxigenar depois de um tempo. — Pronto, pronto. Tudo bem.

— Eu pensei que você — Paro pra respirar. — , estivesse sendo afogada pelo golfinho.

— Tudo bem, não é isso que importa agora. Nós duas estamos bem agora, não estamos? — Concordo com a cabeça. — Desculpa por ter te trazido aqui.

— Fui eu quem quis vir. — Digo.

— Eu deveria ter ficado com você no lugar de decidir que seria legal nadar com os golfinhos. — Suas mãos soltam as minhas, e sinto saudade do sentimento de conforto que elas passam.

— Você parecia estar se divertindo.

— Mas você não. Vamos sair daqui e achar um lugar de que ambas gostamos, que tal?

— Acho difícil.

— Tudo bem, temos o dia inteiro pra procurar.

Acabo deixando um sorriso escapar e Vega sorri de volta.

— Tudo bem? — Uma das supervisoras perguntou.

— Ah, sim. Minha amiga tem medo de golfinhos. Acho melhor procurarmos outro lugar pra ir, não é? — Pergunta, olhando pra mim.

— Bom, se estiver interessada, posso te levar para um lugarzinho bem interessante nessa ilha. — A moça diz, olhando pra Vega de forma sedutora.

— Não, obriga— Tori começa, mas não a deixo terminar. Me levanto, arrastando-a comigo e grito para a moça.

— Não estamos interessadas, não é, Tori? — E com isso nos vamos. — Inconveniente.

— Ela só estava tentando ser amigável.

— Com aquele olhar 43*?

— É, ela não estava sendo amigável.

— Olha só! Nós finalmente concordamos em algo. — A conversa acaba com uma risada de Vega.

~^~

*Olhar 43: Desde os anos 1980, o olhar 43 virou sinônimo de charme, uma atitude típica das pessoas que tentam seduzir ou sensualizar de modo discreto.

oq acharam?? 

Push Me Back Harder - Uma fanfic JoriOnde histórias criam vida. Descubra agora