Capítulo 19

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CAMILA

Uau...

Eu havia perguntado, não era? Eu tinha procurado, e ele escolheu desabafar, agora eu tinha que ouvir. Mas o que eu diria para acalentá-lo?

Ele não olhara para mim nem uma vez enquanto relatava tudo. Seu olhar estava fixo na estrada á frente. Eu tinha a sensação de que se olhasse para mim, perderia a coragem de falar.

Realmente era tudo muito chocante. O cara perdera a mulher e o filho de uma única vez. E estava se abrindo para mim. Eu deveria ter uma palavra de consolo.

Mas consolo ele já deveria estar cansado de ouvir. Eu não poderia agir como outra pessoa, e fazê-lo se sentir mal.

— Como era o nome do seu filho? — Foi a única coisa menos idiota que surgiu na minha cabeça para dizer. — Sua esposa você disse que era Barbara.

Finalmente ele desviou os olhos para mim. Parecia... surpreso, talvez. Mas pelo menos não tinha uma expressão de indignação em seu rosto.

— Otavio. — Uma pequena sombra de sorriso surgiu em seu rosto, e ele desviou os olhos para a estrada.

Daniel sempre teve um olhar triste, melancólico, mas eu sempre associava a um homem frio de negócios, um CEO que tinha tudo o que queria e era arrogante demais para perceber a sorte que tinha por ter o que quisesse no momento em que queria.

E eu não poderia estar mais enganada. Não que eu ainda pensasse nele como um homem arrogante, porque Daniel já vinha me provando o contrário nesses dois meses que vínhamos trabalhando juntos, mas ainda mais nesses últimos dois dias, mas ainda assim, toda aquela carranca de homem fechado, eu imaginava ser uma coisa de pessoas ricas. Mas ele era assim por já ter perdido as coisas mais preciosas que tivera. E todo o dinheiro que possuía não poderia suprir a necessidade que ele sentia de amar novamente, de ter as pessoas por quem tinha sentimentos ao seu lado.

— É um lindo nome.

— Eu também acho.

Uma lágrima escorreu pelo olho de Daniel, recebendo o brilho do pôr do sol, mas ele rapidamente tirou a mão do volante, secando-a.

Rapidamente ele mudou de assunto, conversando sobre coisas aleatórias pelas quais passávamos pelo caminho. O resto da viagem foi tranquila e sem mais detalhes do passado.

Quando chegamos ao meu prédio, ele me ajudou a subir com Lara e nossa bolsa. Mas não permaneceu, anunciando logo quando entrou que iria embora.

Acompanhei-o até a porta, deixando Lara que já estava desperta, em seu berço.

— Eu queria agradecer pelo dia de hoje. Fazia um bom tempo que não me divertia tanto — agradeci, encostando um ombro no batente da porta e cruzando os braços.

— Eu que deveria te agradecer, Camila — ele falou em um tom sério. Parecia não saber onde colocar as mãos, mas acabou enfiando-as no bolso da bermuda que vestia.

— Acho que estamos quites. Nos vemos amanhã, então?

— Ah, claro, sobre isso. Entrei em contato com Renata e comuniquei que tiraria mais um dia. Você ainda esta sem carro, não é? Aproveite para pegá-lo e tire mais um dia.

— Não há necessidade, Daniel, eu posso trabalhar...

— Já está feito — ele me interrompeu.

— Então, obrigada, mais uma vez. — Ele apenas fez um meneio de cabeça. Tirando as mãos do bolso, ele parecia nervoso, esfregando-as uma na outra. — Bom, até depois de amanhã, então.

Um CEO ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora