Capítulo 29

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DANIEL

Estávamos parados em frente ao local há uns cinco minutos em silêncio. Nem Camila e nem eu falávamos nada.

Até que tomei a iniciativa. E ela deveria partir de mim mesmo. Já que o assunto era totalmente meu.

Acontece que desde o dia que eu havia me proposto a fazer aquilo – há uma semana – eu desisti umas cinco vezes. Mas Camila sempre me apoiava, encorajando e dando forças. E ali estávamos nós, na entrada do cemitério, indo visitar o túmulo da minha falecida mulher com a atual do meu lado.

Seu apoio era o que estava me impulsionando, tanto que assim que bati a porta do carro, ela bateu a do seu lado também.

— Está pronto? — Camila caminhou até a frente do carro, parando e me estendendo a mão.

— Com você, sempre.

Peguei sua mão e nos encaminhamos para a entrada.

Eu havia estado ali apenas uma vez durante todo aquele tempo. Mas ainda me lembrava muito bem do caminho.

Chegamos ao túmulo que consistia em duas lápides, uma do lado da outra, com diferenças de tamanho apenas.

Camila ficara a uma distância de alguns metros, para nos dar espaço e privacidade. A verdade era que eu não sabia por onde começar. O que falar.

Aliás, falar para o nada? Não existia mais ninguém ali. As pessoas que um dia eu amei, não existiam mais.

Sem tanta força nas pernas, deixei-me cair sobre meus joelhos e levei uma das mãos ao mármore de cima da lápide. No mesmo instante lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto e soluços escaparem de meu peito.

Eu tinha coisas a dizer que estavam me sufocando, mas eu não sabia como começar, por onde começar. O que dizer?

— Desculpa! — soltei em um suspiro de voz. — Eu deveria ter sido melhor para vocês. — Tentei respirar calmamente, buscando o controle sobre meu corpo. — Eu amo vocês. Sempre vou amar. Fazem parte da minha vida, de quem eu sou. — Enxuguei as lágrimas que molhavam meu rosto. — E o que eu sinto por vocês nunca vai mudar. Nunca vou esquecê-los.

Uma brisa bateu em mim, fazendo com que eu respirasse fundo, absorvendo aquela calmaria que começava a me apossar.

— Eu encontrei a maneira de sentir felicidade novamente. E eu quero aproveitar isso. — Olhei para trás, para Camila que passava por entre os túmulos, dispersa. — Estou sentindo novamente, depois de muito tempo, as coisas melhorarem. E não quero fazer isso sentindo como se fosse errado. Eu quero ser para Camila, o mesmo homem que fui para vocês.

Respirei fundo mais uma vez. O vento que havia me tocado há poucos instantes soprou um pouco mais forte desta vez, e eu tomei como um sinal, uma concordância das duas pessoas que eu amei.

No silêncio, sem falar em voz alta, despedi-me de Barbara e Otavio, prometendo nunca esquecê-los.

Assim que meus pensamentos começaram a divagar, Camila me chamou.

— Tudo certo? Precisa de ajuda? — ela perguntou carinhosa e com um tom de preocupação na voz.

Estendi a mão para ela, que me ajudou a levantar.

— Tudo certo. Podemos ir?

— Já acabou? — ela perguntou com uma curiosidade singela.

— Já sim. Estou pronto para voltar para casa.

Com um sorriso ela apertou minha mão e saímos daquele local. Eu estava muito mais leve do que quando entrei, como se estivesse em paz, e resolvido minhas pendências. Como se realmente Barbara e Otavio tivessem me dado a permissão para buscar outras coisas.

Um CEO ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora