Capítulo 1

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CAMILA

Eu estava exausta. Cansada de correr atrás, mandar currículos e... de fracassar. Mas eu sabia que no momento em que chegasse em casa e visse aquele pequeno ser abrindo um sorriso para mim, minhas esperanças seriam renovadas e eu teria forças novamente para lutar no dia seguinte.

É, eu sabia. E graças a Deus eu a tinha em minha vida para repor minhas energias.

Depois de mais um dia exaustante de entregas de currículos, estava finalmente na garagem do prédio estacionando Abigail.

Não, Abigail não era um cavalo, ou um animal no qual eu andava montada, estávamos no século vinte e um, e no meio de uma metrópole como o Rio de Janeiro não se viam mais pessoas andando em animais. Abigail era uma caranga velha, um carro Gol G3 quatro portas, aquele famoso Gol Bolinha, que ganhei de herança da minha avó. Eu não podia reclamar de forma alguma, ele era o que me socorria em momentos mais urgentes. Ah, e o nome, foi minha própria avó que havia sugerido, não me julguem. Segundo ela, era o nome da sua melhor amiga de infância.

Assim que coloquei Abigail na vaga, subi para o apartamento, que também era herança da minha avó. Na verdade, eu estava vivendo à custa dela até aquele momento, com os dois apartamentos que havia herdado – um que havia vendido e que sustentara a mim e à minha pequena até então – e o que eu morava.

Quando entrei no elevador, apertei o número do meu andar, encostei minhas costas na parede, ajeitei a bolsa no ombro e apertei a pasta que estava com alguns currículos ainda sobre o peito. Aqueles dias não estavam sendo fáceis. Nem um pouco.

Após a porta se abrir, saí e caminhei até a porta de entrada. Eu estava derrotada emocionalmente e fisicamente, mas aquele sentimento ficaria para fora da minha casa, sempre.

Respirei fundo, enchendo meu pulmão de ar e soltando-o calmamente, abri um sorriso. Era apenas isso que ela merecia, a minha felicidade, e nada além disso. Abri a porta, procurando por elas, e no meio da sala, Melissa estava com a minha pequena sobre os braços mamando, com os pezinhos para cima.

Assim que ouviu o barulho da porta, eu a vi empurrar a mamadeira e se esforçar para se erguer, curiosa em ver quem estava ali.

— Oi, meu amor, que saudade a mamãe estava de você. — Estendi meus braços para ela, que esticou os seus deseperada pelo meu colo. — Oi, Mel, como ela se comportou hoje? — cumprimentei.

Melissa era uma mulher jovem que conheci através do meu ex-namorado, e acabei contratando como babá, pelo menos por aquele período de tempo, até achar uma vaga em uma creche. Ela morava por perto, vinha para o meu apartamento de bicicleta, e ficava até a hora em que eu chegava, o que variava muito. Aquele dia, por exemplo, estava em casa um pouco depois das seis da tarde.

— Como um anjo. Ela é muito quietinha e não dá trabalho nenhum, você sabe disso.

Sim, eu sabia. Lara era uma criança calma e fácil de lidar, e eu agradecia por isso.

— Essa é a minha menina. — Dei um beijo no pescocinho dela, o que a fez gargalhar em meus braços.

— Já que você chegou, eu vou indo. Amanhã, mesmo horário? — Olhei para Mel que ajeitava a bolsa nos ombros, preparando-se para ir embora.

— Claro, por favor.

Coloquei Lara sobre o bebê-conforto que estava em frente ao sofá e acompanhei Mel até a porta.

— Você não quer que eu te leve, querida? — perguntei preocupada com o horário.

— Não precisa se preocupar, a distância não é tão grande e sabe que eu estou acostumada. Mas me conta, como foi o dia hoje? Conseguiu alguma coisa?

Um CEO ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora