Capítulo 20

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CAMILA

O dia tinha passado tranquilamente. Havia ficado o dia todo em casa com a minha filha, no meu melhor estilo mendiga, assistindo filmes e comendo besteira.

Seria covardia minha dizer que não pensei em Daniel nenhuma vez durante o dia. Porque eu havia pensado sim. Em seu beijo, o jeito carinhoso com a minha filha, sua história do passado.

Na verdade, eu tinha passado uma boa parte do dia com ele em minha mente.

E como dizem, você atrai aquilo em que pensa.

Eu quase não acreditei quando sua chegada havia sido anunciada. Eu estava começando a ficar ansiosa para ir trabalhar no dia anterior, saber como seria vê-lo e como aconteceriam as coisas. Claro que eu não poderia ficar me iludindo e fantasiando um romance com meu chefe.

Um romance entre um CEO e uma secretária era tão clichê nos livros que eu tanto amava ler, que estava sim, começando a imaginar acontecer comigo.

Mas era uma imaginação que eu sabia ser praticamente impossível de se realizar. Pelo menos até antes de vê-lo ali arrumando a mesa com a janta que havia trazido.

Daniel chegara assim, batendo à minha porta dizendo que tinha trazido o jantar, simples como se fosse uma coisa cotidiana, algo corriqueiro em nossas vidas.

A comida estava realmente uma delícia, era uma espécie de massa com molho branco que eu não saberia reproduzir o nome que Daniel havia me dito.

Assim que acabamos de comer, retirei-me para colocar Lara para dormir, já que passava da sua hora.

Quando voltei, pasmem, o CEO da Preferitto, a maior marca de chocolate do Brasil, um homem podre de rico, que tinha tudo o que quisesse na palma das mãos, estava com o umbigo encostado na minha pia, com uma bucha na mão e lavando os pratos que havíamos sujado.

Sim, ele estava lavando louça. Tinha como esse homem ser mais perfeito?

— Não precisa fazer isso, eu posso fazer — disse assim que entrei na cozinha, achando uma graça, ele com todo o seu tamanho e largura, tendo que ficar em uma posição horrível para alcançar a pia.

— Do mesmo jeito que você pode fazer depois, eu posso fazer agora. Na vai me cair a mão — ele falou sem desviar os olhos dos pratos que esfregava.

— Você que manda.

Levantei minhas mãos para o alto como se estivesse em rendição.

— Puxa uma cadeira e me faça companhia, que eu já agradecerei.

Fiz o que ele pediu e sentei-me próxima a ele.

— Mas me conta, foi a falta de uma secretária na empresa que te fez vir aqui. Arrependeu-se de ter me dado o dia de folga, não é? Pode assumir — brinquei.

— Senti a sua falta, sim, mas não como você está querendo insinuar. — Finalmente ele olhou para mim por cima dos ombros enquanto enxaguava os pratos.

Além de estar lavando, também economizava na água, ponto para ele.

Assim ficava cada vez mais complicado não criar uma fanfic na minha cabeça.

— Fico mais aliviada com isso — Dei uma risada, mas que não foi retribuída.

Isso era uma das coisas que faltava ver Daniel fazendo. Já o tinha visto na praia, na água, na empresa de terno e gravata, estava vendo-o até a lavar louça na minha casa, mas ainda não o vira sorrir de verdade, estava começando a achar que era algo impossível de conseguir e eu teria que me contentar com os meios sorrisos forçados.

Assim que ele terminou de lavar toda a louça, secar a pia e deixar tudo organizado – mais pontos para ele – fomos para a sala. Ainda eram dez e meia da noite, então poderíamos jogar conversa fora, eu me iludi mais um pouco, antes que Daniel fosse embora.

Acomodamos-nos no sofá, cada um em uma poltrona, com distâncias seguras um do outro.

— Sabe, Camila — Daniel começou, novamente sem me olhar, o que imaginei que poderia vir uma confissão daí. — Desde que aconteceu o acidente com a minha família, que eu te contei — ele deu um suspiro pesado — passei a gostar muito do meu silêncio, da minha solidão...

Ele deixou a frase solta no ar e esperei que continuasse, mas não foi o que fez.

— Quando passamos por tragédias grandes assim, tendemos a nos isolar mesmo. Isso é normal.

— Faz mais de dois anos que aconteceu. E nesses mais de setecentos e trinta dias, eu não me sentia à vontade para... socializar. Os dias eram cinza e sem vida.

Ele respirou fundo novamente, soltando o ar com força e finalmente levantou a cabeça me encarando, olhos nos olhos.

— E desde... o dia da praia? — ele falou como se perguntasse, mas para si mesmo — eu percebi uma luz vinda de vocês. Uma que fazia tudo brilhar.

— De mim? — questionei com o cenho franzido.

— E da pequena Lara. Como se tirassem uma cortina de fumaça que embaçava minhas vistas.

Ele se ajeitou no sofá, ficando de frente para mim.

— Eu não sei o que está acontecendo, mas quando eu cheguei em casa, pela primeira vez nesses dois anos eu não quis ficar sozinho. E eu poderia ir para qualquer lugar, mas foi em você que eu pensei primeiro. Foi o sorriso da Lara que me animou. — Ele estendeu a mão, pedindo a minha e eu a depositei sobre a sua. — Foi por você que eu saí de casa esta manhã, e por você que eu bati à sua porta à noite.

Ele se arrastou pelo sofá, diminuindo a distância que havia entre nós, ainda segurando minha mão entre as suas.

Olhos nos olhos, Daniel foi se aproximando cada vez mais, sem parar de me encarar.

Quando ficou próximo demais, onde eu podia sentir sua respiração quente tocando meu rosto, fechei meus olhos e comecei a apenas sentir as sensações.

Uma de suas mãos soltou a minha e parou no meu pescoço com o polegar acariciando minha bochecha, a outra atrás da minha nuca, emaranhando os dedos pelos meus cabelos soltos. Ouvi quando inspirou com mais profundidade e logo em seguida minha boca foi arrebatada com a sua.

O beijo desta vez veio feroz, selvagem, como se ele finalmente descobrisse o que queria.

Passei minhas mãos por seus cabelos também, com urgência, querendo mais.

— Camila... — ele tentou falar alguma coisa, ofegando, mas eu o interrompi.

— Eu quero, Daniel, eu quero.

Daniel tirou as mãos da minha nuca e passou pela minha cintura, puxando-me para seu colo, voltando a me beijar.

Enquanto nos beijávamos, ele apertava todo o meu corpo, passando pelas minhas costas, quadris, coxas, bunda. E toda vez que sua mão se fechava na minha carne, um gemido escapava da minha boca.

Sem dizer nada me afastei dele, levantando em um rompante e puxando sua mão para que ficasse em pé também, que atendeu meu pedido prontamente.

Mas ele logo me puxou pela cintura, fazendo com que colidisse com seu peito, e voltou a me beijar.

Enquanto isso, fui nos arrastando para o quarto. Acabamos colidindo com a porta, onde Daniel me imprensou e começou a me beijar com mais intensidade. Uma de minhas pernas subiu pela lateral de seu corpo e ele acabou agarrando-a, apertando minha coxa. Com a outra mão ele ergueu minha perna, fazendo-me entrelaçar sua cintura, ainda me mantendo na parede. Assim que estava segura pelos seus braços, ele se afastou, tomando o rumo do qual já imaginava ser o nosso destino, meu quarto.

Um CEO ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora