Visita inesperada

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Seu novo quadro, se tivesse descoberto isso antes, mas já era tarde demais.

Julie entrou desesperada no seu quarto, parou bem a frente da tela que recentemente terminara de pintar e ficou olhando-a com um imenso ódio pairando no ar.

No quadro estava retratado um pobre garoto moreno chorando e, logo atrás, o corpo de uma velha senhora. 

' Por que eu pintei isso? Será que é verdade? Será que nesse momento Luccas está chorando pela morte da avó? '

Julie estava brava consigo mesma, não conseguia entender porque diabos pintara um menino chorando com o corpo de sua avó. Sem sombras de dúvidas era o quadro mais horripilante que ela já fizera na vida.

Então, sem pensar no que estava fazendo, andou até o quadro e o rasgou no meio. Ela não ia aguentar mais um minuto olhando para aquela aberração que tinha criado a algumas horas atrás. Se deitou na cama realmente atormentada com o que acabará de fazer, seria ela a culpada por uma morte no mundo? Seria ela que causara a morte da avó do garoto de quem ela tanto gostava?

Estava decidida a nunca mais pintar na vida, mesmo que fosse o que ela mais amava fazer não queria machucar mais ninguém.

Adormeceu após horas e horas se culpando de várias coisas, seu sono foi pesado sem nenhum sonho, sua mente estava atolada de pensamentos obscuros de como arruinara a vida de Luccas.

Quando a menina acordou não queria sair da cama, ainda estava de luto pelo que fizera, mas sua paz na cama não durou muito. Se passaram alguns minutos e seu pai bate na porta do quarto dela.

- Pode entrar pai!

- Julie se vista rápido, você tem visita.

Quem seria o ser humano que iria visitar Julie?

Ela colocou o primeiro vestido que viu e apenas colocou uma faixa cor rosa bebê nos cabelos. Desceu as escadas como um zumbie, e não precisou se aproximar da porta para perceber que era Luccas quem forá visitar ela.

' Já era, ele sabe, e veio tirar satisfação '

Julie se aproximou da porta apreensiva, a garota não estava pronta para confessar seus atos, mesmo que sem querer, foram seus atos.

- Oi Julie, tudo bem?

O garoto também não parecia muito feliz.

- Oi Luccas, a quanto tempo, aconteceu alguma coisa?

Julie estava se fazendo de tonga, forçou um sorriso no rosto.

- Ah....na verdade sim, minha....minha avó faleceu.

Ao falar foi visível a tristeza do rapaz, ele deu um passo para trás, parecia que ia cair.

- Ai meu deus.....sinto muito pela sua perda...se eu puder ajudar você em alguma coisa.

- Na verdade por isso que vim atrás de você, será que eu poderia ficar aqui até as coisas se resolverem? Meu pai chega mês que vem para me buscar e me levar a Londres.

- Ah, sim, claro, fique aqui o tempo que precisar, precisa de ajuda com as malas?

- Não precisa, obrigada.

- Ok, vem comigo, vou te mostrar o quarto de visitas.

Ele a acompanhou até o andar de cima a um quartinho do lado do dela, o quarto era bem aconchegante, tinha uma cama de casal no meio, um guarda-roupa na parede e uma cabeceira ao lado direito da cama.

- Bom, você pode ficar aqui..e....e desça assim que puder para almoçarmos.

- Ok e, obrigada Julie, eu realmente não sei o que faria se você não me ajudasse.

Julie retribui com um sorriso e sai do quarto, desce as escadas e se senta no sofá pensando:

Como vou sobreviver na mesma casa com o neto da velha que sem querer mate? Isso é um castigo, só pode ser!

O garoto desceu pouco tempo depois, eles tiveram um almoço agitado, Luccas contava as historias emocionantes de sua vida para o pai e a irmã de Julie.

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