Capítulo 28

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Helena Greco

“Ó doçura da vida: Agonizar a toda a hora sob 

a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe.”

_ William Shakespeare



Finalmente depois de inúmeros esforços para fazer um simples gesto, eu consegui abrir os meus olhos. Meu corpo doía em todos os lugares, era como se eu estivesse ficado na mesma posição por muito tempo. Estou olhando fixamente para o teto até que um movimento à minha esquerda me chama atenção.

Ali está ele, Matteo, o homem que busquei incessantemente na minha escuridão, para que pelo menos eu o visse uma última vez. Ele está me encarando com um olhar que nunca vi passar pelo seu rosto.

_ Que bom que você voltou. - ele diz, e não consigo acreditar nas suas palavras.

Ele sentiu minha falta?

_ Senti a sua falta. - ele diz como se tivesse ouvido a minha pergunta e eu desmorono.

Eu nunca imaginei que tais palavras pudessem sair da boca de Matteo algum dia nessa vida. Eu forço as palavras na minha boca mas elas não parecem querer sair. Me desespero e começo a sacudir minha cabeça para todos os lados, e Matteo começa a se preocupar com o meu estado.

_ Se acalme Helena. - ele diz chegando mais perto me abraçando para que eu pare de balançar o corpo. _ Fique calma, já está tudo bem, ninguém vai te atingir aqui.

Ele deveria achar que eu estava com medo sem saber o que estava acontecendo. Eu realmente estava, não tinha noção de que dia era, porque eu não conseguia falar, porque aqueles homens fizeram aquilo comigo e Beatrice.

Ah meu Deus, Beatrice! Como será que ela estava, o que aconteceu com ela? Eu precisava falar, pois tinha tantas coisas para perguntar. Tento me acalmar, parando de balançar o corpo e Matteo parece perceber. Ele se afasta já se levantando e pegando o celular.

_ Tomasi, Helena está acordada. - ele olha para mim com um olhar preocupado. _ Venha logo, ela não está conseguindo falar.

Olho para ele com um olhar de súplica. Não quero que mais nada aconteça comigo. Eu preciso explicar o porquê de Beatrice e eu termos saído na sexta-feira. Ele pode pensar inúmeras besteiras, nos colocando em alguma posição complicada.

Tento falar de novo, já com os olhos marejados pelo desespero de não conseguir dizer nada. O medo me toma por completo.

"O que ele fará conosco?"

Afinal de contas ele descobriu o que aconteceu depois do acidente. Só de pensar nas possibilidades do que Matteo fará conosco, eu já me vejo mortinha e enterrada.

Porque eu fui fazer essa burrice?

Mas no fundo eu sabia. A minha necessidade de chamar a atenção de Matteo, falou mais alto lá no fundo da minha mente. No fundo eu sabia que ao aceitar a proposta de Beatrice eu poderia conseguir algo com isso. Apesar do medo que eu sentia ao mesmo tempo da ira de Matteo, eu tinha a impressão de que tudo poderia ser diferente.

Que eu poderia incomodá-lo quanto aos seus sentimentos conflituosos ao sair sem pedir permissão, pois Matteo possuía um ciúme de outro mundo relacionado a mim, mas tudo estava relacionado ao sentido de posse. Eu era apenas um objeto que lhe foi prometido anos atrás.

Ele nunca me amaria, independentemente do que eu fizesse para chamar a atenção dele. Infelizmente o meu estado de pânico só aumentava e eu não conseguia me acalmar.

_ Helena, você precisa se acalmar. Principalmente pelos nossos bebês, eles precisam que você esteja bem, esse estresse faz mal a eles e a você. - ele diz isso com a maior calma que pode para que eu possa ser capaz de entender tudo.

Bebês? Mas de que bebês Matteo está falando? Ele enlouqueceu de vez agora, só pode. Eu tento perguntar novamente o que ele está querendo dizer com isso, mas não consigo.

A partir daí tudo começa a passar rápido demais, Matteo liga para outra pessoa que não sei quem é. E logo depois o doutor Tomasi e uma outra mulher entram no quarto. Começam a me examinar de todos os lados, checando a minha pressão e temperatura, tateando pela minha barriga e amarrando algo nela que ligava a um monitor portátil que aparecia apenas um borrão na tela.

Até que o doutor Tomasi injeta algo no meu braço que começa a me deixar grogue. De repente, tudo começa a ficar mais lento, e passo a não entender as vozes ao meu redor. E assim caio em um sono profundo.

 E assim caio em um sono profundo

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Matteo Greco

Assim que o doutor Tomasi e a doutora Bacci, a ginecologista de Helena, terminam com ela, eles se aproximam de mim. Chamei a doutora pelo fato de Helena estar muito nervosa, e me lembrar de que ela disse que isso não faria bem aos bebês. Pois até que eles atingissem mais algumas semanas precisaríamos de todo o cuidado.

_ O que foi que aconteceu com ela? - pergunto de maneira despreocupada, como deve ser, e é esperado de mim.

_ Bom Dom, acho que pelo fato de ela estar muito nervosa com os fatos que aconteceram e consequentemente estar confusa para assimilar que ela já está segura em casa e não em um tiroteio. Ela não assimilou muito bem e travou algo em sua mente que a impediu de falar nesse momento, mas não há nada nas tomografias que indicassem alguma lesão na parte do cérebro responsável pela fala.

_ O doutor Tomasi aplicou um sedativo nela assim que eu terminei de examiná-la e aos bebês. Está tudo bem, mas ela não pode continuar com esses episódios até que ela complete pelo menos mais seis semanas. Eu posso até mesmo deixar um monitor para a verificação dos batimentos dos bebês, mas não acho que seja necessário nesse momento.

_ Deixe o monitor, não quero que nada aconteça aos meus bebês.

Ela acena com a cabeça e prepara tudo que é preciso ao lado da cama e liga os fios à Helena. Assim que termina, me indica que tudo está pronto.

_ Tudo bem, vocês já podem ir. - nem sequer olho em seus rostos e já vou me dirigindo em direção a minha esposa.

Me deito ao lado de Helena afagando os seus cabelos assim que eles saem, acho que mais para que eu mesmo me acalmasse e passasse a sentir um pouco da presença dela. Percebo que Helena volta a ficar da mesma maneira que todos os dias anteriores. Nem mesmo parecendo que ela me deu a felicidade de ver os seus olhos abertos novamente me encarando com todo aquele encanto.

Encanto o qual não existia nem mesmo uma unha em mim. Pobre Helena que não sabia o quão quebrado eu era.

A prometida do capo - Livro I     |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora