safety net

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Eu estava cada vez mais a vontade com Diego, eu achava encantadora a forma que ele me tratava. A sua preocupação diária, ele sempre perguntava se eu já havia chegado em casa ou se eu havia dormido bem.

Eram coisas pequenas como essas que me deixavam confiante, Diego me causava isso. Ele tinha a capacidade de trazer à tona uma nova Mariana e eu estava adorando descobrir isso.

Eu não sou dessas que conta datas, mas já fazia mais de um mês desde que decidimos nos colocar nessa situação. E eu estava admirada como progredimos rápido. Diego me fazia esquecer o passado e eu estava voltando a me sentir bem, de uma forma que eu imaginava não conseguir.

Essa semana encontrei Gabriel e Amanda no campus da faculdade, foi rápido e bem menos cínico que da última vez. Troquei um sorriso amigável com eles no momento que passamos um pelo outro e foi só.

Eu não senti nada a mais que isso.

Não senti medo, insegurança, raiva ou qualquer coisa do tipo e eu me senti livre. Parecia que eu estava voltando a ter o controle das minha emoções. Foi um alívio perceber que ao menos esse laço estava desfeito.

- Vamos para o bar depois do expediente, você vem também? - Daniela, minha companheira de trabalho, me convidou no momento que passei por ela para pegar uma xícara de café na copa.

- Acho que sim Dani - não dei muita certeza.

- Ok, qualquer coisa me chama - ela avisou e voltou sua atenção para a maquete a sua frente.

Era um belo projeto e eu tinha orgulho de saber que estou fazendo parte, me sinto realizada ao ver que estávamos progredindo tão bem. 

Voltei até a minha mesa e mandei uma mensagem para o Diego, falando do happy hour e se ele queria ir. Ele demorou para responder, o que era normal, estava no horário do treino.

"Hoje os meninos querem fazer uma noite de fifa, foi mal Mari" ele respondeu.

Sabe aquele discurso inteiro sobre eu me sentir segura, bom, ele foi por água a baixo.

Ok, eu estou exagerando, mas essa situação se assemelha ao dia que fui traída e isso me deixa com um pé atrás. Claro, eu sei que isso é paranóia da minha cabeça. O Diego não é o Gabriel e não é nem um pouco justo que eu os compare.

Além disso, a coisa mais normal é os amigos sairem juntos, assim como aconteceria comigo, essa noite eu iria me descontrair com a galera do trabalho.

Apesar dos impulsos racionais, a insegurança.

...

Eu estava no bar e já havíamos utilizado as mais diversas brincadeiras que envolvem álcool, eu nunca, bicho bebe e por aí vai. Eu estava levemente tonta, mas tudo sob controle.

O bar escolhido era um karaokê e eu já havia pagado vários micos, mas isso era normal por aqui. Eu havia cantado algumas músicas com alguns dos meus parceiros de trabalho e até meu chefe estava no meio disso.

Minha mãe já perguntava por mim, queria saber se eu dormiria em casa ou se passaria a noite fora. Apenas olhei a barra de notificação, depois eu respondia ela.

Confesso que minha mente nada santa pensava em algumas perversões que poderiam ser feitas na casa de Diego, mas ele não dava nenhum sinalzinho de vida.

Resolvi ligar para ele, apesar de não querer ser invasiva, mas a essa altura o álcool não me fazia pensar tão minuciosamente nas minhas ações.

- Alô - a voz de uma mulher soou pelo telefone.

E eu congelei.

No mesmo instante eu me sentei na cadeira que tinha atrás de mim, não sei se desliguei a ligação, só sei que eu me sentia sem chão. Chão esse que havia acabado de ser reconstruído por ele.

Eu não estava bem e eu não sabia explicar o que sentia, era como um vazio no peito e uma dor no fundo do estômago. Não me senti assim com Gabriel, mas me sinto com Diego, apesar de fazer bem menos tempo.

Me lembrei rapidamente de várias das nossas conversas, ele dizia que eu era o suficiente, que me queria e que não faria algo desse tipo comigo. Ele garantiu que eu não seria a número 2.

Eu estava machucada, ele sabia disso e ainda assim...

- Amiga?? - Daniela chamava minha atenção, me tirando dos meus devaneios - o que houve?

- Eu... Eu preciso ir embora - falei limpando abaixo dos meus olhos, uma lágrima ou outra havia escorrido.

- Vem, eu chamo um Uber para você - ela me ajudou, eu não conseguia pensar direito, mas consegui agradecer a Dani pelo auxílio.

Cheguei em casa e eu estava arrasada, o peso no peito era refletido na minha dor de cabeça. Fui até o banheiro e liguei o chuveiro em uma temperatura bem quente.

Deixei toda a água escorrer por mim, como se ela fosse levar consigo as minhas frustrações e dúvidas. A água caía forte contra as minhas costas. Era reconfortante, ao menos isso.

Eu nunca tive tanto medo quanto eu tinha agora, os sentimentos que me arrebatavam eram impossíveis de ignorar, o que mais se passava na minha cabeça eram as duas opções que eu tinha.

Eu deveria fugir? Esquecer Diego e tentar me consertar sozinha, até finalmente conseguir me envolver com alguém. Ou eu deveria lutar?

Coloquei uma roupa qualquer e deitei na minha cama, ao meu lado, um moletom dele estava em cima da cadeira, quis jogar ele pela janela, colocar fogo, ou qualquer outra coisa.

Mas só consegui o pegar e o abraçar, seu cheiro estava ali, empregando. Varias memórias nossas vieram para a minha mente, todas extremamente boas. Me lembrei de como ele me fazia bem. Entretanto, na minha mente repercutia a voz daquela mulher, o que ele deixou acontecer?

Eu me perguntava se isso tudo era real, eu estava passando novamente pela mesma situação? Talvez eu estivesse certa lá no início, eu sempre serei a segunda opção, com certeza há algo de errado comigo. Foi nesse momento que eu percebi que nutria sentimentos por Diego, eu desejava, do fundo da minha alma, que isso tudo não passasse de um mal entendido.

Porém, é muito difícil colocar isso na cabeça de uma pessoa que foi destruída recentemente. Os impulsos racionais são mais fracos, somos movidos pela emoção e isso apenas piora as coisas.

Eu me sentia caindo, gradativamente, como em um precipício, ou por uma janela sem rede de proteção.

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Chegamos na metade.

positions - Diego Costa [short]Onde histórias criam vida. Descubra agora